
Jonathan Guilherme, 32 anos, de Araçatuba (SP), interpreta Guilherme no filme ‘O Riso e a Faca’. Longa conta a história de um português que viaja para uma metrópole na África Ocidental para trabalhar em um projeto rodoviário entre o deserto e a selva. Cleo Diára (à esquerda), Jonathan Guilherme (no meio) e Sérgio Coragem (à direita)
@laurentkoffel/Arquivo pessoal
Do interior de São Paulo, mais especificamente de Araçatuba, para o papel em um filme que foi exibido no Festival de Cannes, um dos principais eventos de cinema do mundo. O ator Jonathan Guilherme, de 32 anos, dá vida a Guilherme, um dos principais personagens do longa “O Riso e a Faca”, que foi exibido (e aplaudido) no sábado (17) na 78ª edição do festival.
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A obra, exibida no Un Certain Regard, foi aplaudida por sete minutos. A reação do público costuma funcionar como um “termômetro” para identificar o impacto dos filmes exibidos no festival.
O longa conta a história do engenheiro ambiental Sérgio, português que viaja para uma metrópole na África Ocidental para trabalhar em um projeto rodoviário entre o deserto e a selva.
Ao g1, Jonathan conta que sempre foi apaixonado por artes. Seus primeiros passos na vida artística foram no Programa de Erradicação do Trabalho Infantil (PETI), projeto social no qual ele interpretou os seus primeiros papéis.
Apesar da vivência no projeto, foi apenas em 2019 que o ator viu sua carreira deslanchar. Jonathan se mudou para a Espanha, passou a atuar como modelo e voltou a fazer performances e experimentações cênicas.
No domingo (18), ele ficou conhecido ao ter sua foto estampada em um renomado jornal internacional: o britânico The Guardian.
Início de um sonho
Aquilo que era visto nas mídias como um sonho distante foi realizado por Jonathan ao ser escolhido para atuar na obra e participar de um dos maiores festivais do mundo.
“Eu duvidei muito de mim para poder chegar aqui. Foi um longo processo. Acredito que meu crescimento está ligado à minha dúvida, e sigo duvidando, mesmo estando onde eu cheguei. É algo que nunca vai parar de fazer parte da cabeça de um homem preto do interior de São Paulo, vindo de onde eu vim, tendo vivido e passado por tantas questões. Então, apesar de sonhar, eu não imaginava, mas cheguei”, revela.
Segundo Jonathan, a seleção para dar vida ao papel de Guilherme foi feita pelo diretor da obra, Pedro Pinho.
“Ele me achou pelas redes sociais e me mandou uma mensagem para eu fazer o casting para o filme, que, naquele momento, ainda tinha outro título. Depois de uns meses, eles me ligaram e deram a confirmação de que eu tinha ganhado o papel”, conta.
Elenco do filme ‘O Riso e a Faca’ no Festival de Cannes em 2025
l@laurentkoffel/Arquivo pessoal
O filme tem parcerias com Portugal, Romênia e França, sendo uma obra “plural” e carregada com culturas diversas. Jonathan contracena com Cleo Diára, atriz de “Cabo Verde” e “Sérgio Coragem”, que também é brasileiro. O ator diz que isso foi essencial para a atmosfera do filme.
“Tem algumas cenas com a Marcelina, uma mulher trans da Guiné Bissau, que eu falo português do Brasil com ela e, mesmo assim, a gente se entende, nós criamos aquele universo para a obra”, explica.
Ainda sobre o clima no set de filmagens, Jonathan destaca o sentimento de pertencimento à produção. “É gratificante. Foi lindo e muito emocional. Nós estávamos vivendo partes das nossas vidas naquele momento, que acabou se mesclando de alguma forma com as cenas que a gente estava fazendo”, explica.
Elenco do filme ‘O Riso e a Faca’ durante a exibição da obra no Festival de Cannes
@laurentkoffel/Arquivo pessoal
“Nunca tinha experimentado tal luxúria que é ser indicado a uma mostra em Cannes, uma das principais ainda… Então, é tudo muito surreal. Eu vou cumprimentar as pessoas e elas já me cumprimentam, já sabem quem eu sou, da minha história, via filme, então isso mexe comigo”, conta o artista sobre participar do tapete vermelho do Festival de Cannes.
Sobre a produção, Tatiana Leite, que faz parte da parceria brasileira da obra, diz que o processo foi duro, mas único.
“Sinto que fizemos algo raro e precioso com ‘O Riso e a Faca’. Amo ouvir cada personagem, onde eles estão emergidos, ao mesmo tempo que buscam completar suas próprias jornadas enquanto indivíduos. Após a estreia em Cannes, mal posso esperar para mostrar o filme ao público brasileiro”, revela.
Elenco do filme ‘O Riso e a Faca’ na rede social do Festival de Cannes em 2025
Reprodução/Rede social
*Colaborou sob supervisão de Gabriela Almeida
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