
Presidente dos EUA voltou a fazer ameaças contra o regime iraniano, e garantiu que o país não vai querer mais mexer com energia nuclear. Israel e Irã travaram conflito direto de 12 dias neste mês, e estão em cessar-fogo desde terça (24). Presidente dos EUA, Donald Trump.
Reuters/Kevin Lamarque
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou nesta sexta-feira (27) que “sem dúvida nenhuma” voltaria a bombardear o Irã caso haja indícios de que o país do Oriente Médio continue enriquecendo urânio.
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Em coletiva na Casa Branca, Trump voltou a dizer que os EUA tiveram uma grande vitória na guerra, travada entre o Israel e Irã durante 12 dias e que teve bombardeio americano a instalações nucleares iranianas, e insistiu que os iranianos não vão mais ter programa nuclear. Quando perguntado sobre a possibilidade de voltar a atacar o Irã caso Teerã continue enriquecendo urânio, ele disse “sem dúvidas, com certeza”.
“A guerra foi uma tremenda vitória. Vínhamos falando por 30 anos que o Irã se tornaria um país [com arma] nuclear, e finalmente atacamos. Assim que as bombas foram lançadas, a guerra acabou”, afirmou Trump.
O presidente americano também disse que o líder supremo do Irã, o aiatolá Ali Khamenei, mentiu a seu povo por ter reivindicado vitória no conflito, e que “responderá” à fala de Khamenei, mas não deu mais detalhes sobre o que quis dizer. “Você tem que dizer a verdade, você foi batido. Israel também ficou abatida [com o conflito], mas você sofreu um forte golpe, e última coisa que está pensando agora é sobre armas nucleares”, afirmou.
Trump também insistiu que o Irã “quer se encontrar” para negociar sobre seu programa nuclear de Teerã, algo que autoridades iranianas repetidamente negaram nesta semana. O Irã também nega encerrar seu programa nuclear, que afirma ter fins exclusivamente pacíficos.
Durante a coletiva, Trump disse que gostaria de ver inspetores da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), órgão da ONU de supervisão nuclear, ou de outra fonte confiável inspecionando as instalações nucleares iranianas atingidas pelos bombardeios americanos no fim de semana passado —Natanz, Fordow e Isfahan, as três principais do Irã.
Ataques foram ‘apenas uma prévia’, diz Israel
Israel Katz, ministro da Defesa israelense.
REUTERS/Ronen Zvulun
O ministro da Defesa israelense, Israel Katz, afirmou nesta sexta-feira (27) que os ataques ao Irã durante a guerra de 12 dias foram “apenas uma prévia”, e que pediu ao Exército a criação de um “plano de dissuasão contínuo” contra o regime iraniano de Ali Khamenei.
“Instruí as Forças de Defesa de Israel a preparar um plano de dissuasão contra o Irã (…) e atuaremos continuamente para neutralizar ameaças iranianas. Sugiro que o chefe [Khamenei] da serpente, já sem dentes, em Teerã, entenda e tome cuidado: a ‘Operação Leão em Ascensão’ [nome dado ao conflito contra Irã] foi apenas a prévia de uma nova política israelense — após o 7 de outubro, a imunidade acabou”, afirmou Katz em publicação na rede social X.
Katz disse ainda que o plano inclui ações como manter a superioridade aérea israelense no Oriente Médio, impedir o avanço dos programas nuclear e de mísseis iranianos, e reagir contra o rival pelo que chamou de “apoio a atividades terroristas contra” Israel, mas não deu mais detalhes.
Apesar das ameaças, um cessar-fogo está em vigor entre Israel e Irã desde a madrugada de terça-feira. A trégua é considerada frágil, mas está sendo mantida após primeiras horas turbulentas, o que gerou uma “bronca” do presidente dos EUA, Donald Trump, aos dois países.
O Irã não reagiu à fala de Katz até a última atualização desta reportagem. No entanto, o governo iraniano tem dito desde o início do cessar-fogo que qualquer novo ataque de Israel ao país será respondido.
A imprensa israelense afirmou que o Mossad, a agência secreta de Israel, emitiu nesta sexta-feira uma mensagem direcionada à população iraniana. No texto, escrito em Farsi, a agência pediu que as pessoas fiquem longe de instalações e membros da Guarda Revolucionária do Irã —especialmente se ouvirem “som parecido com o de um cortador de grama vindo do céu”, em alusão a um ataque de míssil.
O comandante das Forças Aéreas israelenses, o general Tomer Bar, afirmou que o país tem atualmente a habilidade de “ter aeronaves sobre Teerã (capital iraniana) sempre que escolhermos”, algo que considerou ser um “fator decisivo”. Durante o conflito, os bombardeios israelenses também destruíram defesas aéreas do rival, o que fez o premiê Benjamin Netanyahu e Trump reivindicarem “total controle” sobre o espaço aéreo do Irã.
Em primeiro pronunciamento após ataque americano, líder do Irã canta vitória sobre Israel