SuperVia: relatório aponta 17 estações sem acessibilidade, 11 sem segurança e 13 sem banheiros


Intitulado “Caos nos Trilhos: um retrato dos caminhos esquecidos”, o relatório feito pela equipe do vereador Pedro Duarte (Novo) identificou um cenário de abandono em estações de trem da Região Metropolitana. Trem da Supervia
Divulgação/Supervia
Um relatório elaborado pela equipe do vereador Pedro Duarte (Novo), batizado de “Caos nos Trilhos: um retrato dos caminhos esquecidos”, aponta para um cenário de abandono nas estações da SuperVia, concessionária responsável pelos trens urbanos da Região Metropolitana do Rio.
Segundo o levantamento, realizado entre março e maio de 2025, ao menos 17 estações não possuem acessibilidade para cadeirantes, 11 não contavam com agentes de segurança nem câmeras de monitoramento funcionando no momento da vistoria, e 13 não oferecem banheiros aos passageiros.
Relatório aponta abandono, criminalidade e favelização nas estações da Supervia no Rio
Muros abertos e falta de fiscalização: vistoria encontra 16 estações da SuperVia com falhas no controle de acesso
Presidente da Comissão de Assuntos Urbanos da Câmara Municipal do Rio (CAU), Pedro Duarte espera levar seu relatório ao Ministério Público Estadual, à Agetransp e à Secretaria Estadual de Transportes para cobrar providências.
“É enorme o impacto na vida dos cariocas e de moradores de outras cidades que se locomovem todos os dias para o Rio, e, diante da inércia do Poder Público estadual, a comissão continuará fiscalizando e pautando a opinião pública”, disse Pedro.
A favelização crescente nos arredores dos trilhos dos trens do Rio de Janeiro.
Divulgação
A fiscalização percorreu 38 estações em sete ramais e extensões da malha ferroviária. O objetivo foi avaliar as condições estruturais, operacionais e de segurança do sistema, que transporta milhares de passageiros diariamente.
O resultado, segundo o relatório, expõe uma rede marcada por desigualdade, precariedade e ausência de itens básicos para o atendimento digno à população.
Acessibilidade precária
Entre as estações sem qualquer estrutura de acessibilidade estão terminais importantes como Japeri, Paracambi, Jacarezinho e Senador Camará.
Em muitos casos, não há rampas, elevadores ou plataformas adaptadas, o que impede o acesso de cadeirantes e pessoas com mobilidade reduzida.
Estações sem acessibilidade para cadeirantes:
Ricardo de Albuquerque
Presidente Juscelino
Japeri
Paracambi
Jacarezinho
Del Castilho
Tomás Coelho
Costa Barros
Pavuna
Penha
Parada de Lucas
Jardim Primavera
Guapimirim
Vila Inhomirim
Realengo
Senador Camará
Paciência
Cresce o número de roubos e furtos em trens e estações da Supervia
Falta segurança
A insegurança também é um ponto crítico, de acordo com o relatório. Estações como Penha, Parada de Lucas, Guapimirim e Vila Inhomirim operavam sem qualquer vigilância presencial quando os fiscais fizeram a vitoria. Também não havia sistema de monitoramento por câmeras.
Em algumas delas, o relatório apontou a sensação constante de insegurança e abandono. As 17 estações foram descritas como locais com “ausência de policiamento ou vigilância privada; ausência ou inoperância de câmeras; presença de comércio irregular, evasão tarifária e, em alguns casos, tráfico de drogas”.
Estações sem agentes de segurança e sem câmeras de monitoramento:
Ricardo de Albuquerque
Olinda
Jacarezinho
Del Castilho
Tomás Coelho
Costa Barros
Penha
Parada de Lucas
Duque de Caxias
Guapimirim
Vila Inhomirim
Sem banheiros
O levantamento da equipe do vereador Pedro Duarte também concluiu que a ausência de banheiros é outro problema recorrente. Em 13 das 38 estações visitadas, não há sanitários disponíveis para os usuários.
Em locais como Realengo, Paciência e Costa Barros, a falta de estrutura leva passageiros a improvisarem, utilizando áreas da estação como mictórios a céu aberto.
O relatório conclui que “o sistema ferroviário metropolitano do Rio de Janeiro está em colapso e exige uma reestruturação urgente”.
Como o g1 mostrou durante a última semana, o relatório também reforçou a existência de outros problemas já denunciados anteriormente, como a favelização ao longo da malha ferroviária, com construções irregulares próximas aos trilhos, e a evasão de tarifas, facilitada por falhas na estrutura das estações e ausência de controle de acesso.
De acordo com o documento, esses fatores contribuem para o colapso do sistema ferroviário, que atende diariamente milhares de passageiros na Região Metropolitana do Rio.
Transição do serviço de trens
A SuperVia Concessionária de Transportes Ferroviários S.A iniciou oficialmente suas operações no Rio de Janeiro em 1º de novembro de 1998. Quase 30 anos depois, a empresa vem enfrentando uma crise crescente, agravada por dificuldades financeiras e problemas de infraestrutura.
Homem pula muro da estação de trem da Supervia para dar calote na frente de policial militar
Em 2021, a concessionária entrou com pedido de Recuperação Judicial, pressionada por dívidas e a incapacidade de manter investimentos. Em 2024, a situação se agravou com a execução judicial de uma dívida de R$ 1,3 bilhão pelo BNDES.
Em resposta à iminente paralisação, um acordo emergencial foi firmado em novembro de 2024 entre o Governo do Estado e a SuperVia, estabelecendo um aporte de R$ 300 milhões do estado e um compromisso de R$ 150 milhões da GUMI, com um prazo de transição de até 270 dias para definir um novo modelo de concessão.
Passageiros denunciam agressões e roubos dentro dos trens da Supervia
Reprodução/TV Globo
Na ocasião, a empresa e o poder público se comprometeram a reorganizar o transporte antes da realização de uma nova licitação.
A malha ferroviária urbana do Rio de Janeiro tem 270 quilômetros, cinco ramais, três extensões e 104 estações. Ao todo, os trens do estado transportam cerca de 300 mil pessoas por dia útil.
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Exposição retrata abandono
A partir desta segunda-feira (30), a Câmara Municipal do Rio inaugura a exposição “Caos nos Trilhos”, que reúne imagens e vídeos sobre a precariedade da infraestrutura ferroviária da Região Metropolitana.
A Câmara Municipal do Rio inaugura a exposição “Caos nos Trilhos”, que reúne imagens e vídeos sobre a precariedade da infraestrutura da Supervia
Divulgação
A mostra, organizada pela Comissão de Assuntos Urbanos, traz 16 fotografias feitas pela equipe do vereador Pedro Duarte durante o período de fiscalização em 38 estações da SuperVia.
A exposição é gratuita e ficará aberta ao público até o dia 8 de julho no Saguão José do Patrocínio, no Palácio Pedro Ernesto, sede da Câmara, na Cinelândia.
“As fotos revelam muito mais do que falhas operacionais; mostram a ausência do Estado, a insegurança cotidiana e a desumanidade”, afirmou o vereador, que fará a abertura oficial nesta segunda-feira (30), às 9h30.
O que dizem os citados
Em nota, a Supervia infomrou que “disponibiliza 26 banheiros em diferentes estações, sendo um dos modais de transporte do Rio com mais banheiros espalhados pelo sistema”.
“Os últimos foram inaugurados nas estações Bangu, Campo Grande, Santa Cruz, Nova Iguaçu e Queimados. Os clientes podem conferir a lista completa no site e redes sociais da concessionária”.
“Além de capacitar os colaboradores que atuam diretamente com os clientes para dar o suporte necessário às pessoas com deficiência, tendo em vista que as estações do sistema ferroviário do Rio de Janeiro, que são antigas, foram construídas sem acessibilidade, a SuperVia vinha fazendo um trabalho de obras para adaptar as estações e levar mais acessibilidade”.
“O Termo de Ajustamento de Conduta assinado com o Ministério Público, e que previa essas obras, no entanto, foi suspenso em agosto de 2024, em decorrência da atual situação financeira da concessionária”.
A Supervia informou ainda que “o ordenamento urbano e a informalidade são desafios para os municípios da Região Metropolitana do Rio”.
“A SuperVia vem auxiliando e realizando parcerias com as prefeituras das cidades ao redor da linha férrea para coibir o comércio irregular. A concessionária informa ainda que cabe ao Poder Público, através das forças de segurança pública estatais, o combate à comercialização de produtos ilegais ou fora do prazo de validade e que, de acordo com o artigo 40 do Regulamento de Transporte Ferroviário, é “proibida a negociação ou comercialização de produtos e serviços no interior dos trens, nas estações e instalações, exceto aqueles devidamente autorizados pela Administração Ferroviária””.
Já a Polícia Militar se posicionou sobre a questão da falta de segurança nas estações e em outros trechos da Supervia.
Segundo a Secretaria de Estado de Polícia Militar, além das ações realizadas pelo Grupamento de Policiamento Ferroviário (GPFer) nas plataformas de embarque e desembarque de maior movimento, a Corporação emprega efetivo das unidades operacionais da região metropolitana para exercer o patrulhamento na área externas das 105 estações da SuperVia distribuídas ao longo dos 270 quilômetros de via férrea na capital e Baixada Fluminense.”
“O policiamento é realizado pelo Patrulhamento Tático Móvel (Patamo), além de setores de radiopatrulhamento e motopatrulhamento em pontos estratégicos na região, atuando em apoio à concessionária sempre que solicitada.”
“Vale lembrar que a SuperVia integra o Grupo de Trabalho com as Concessionárias de Serviços Públicos, criado pelo comando da SEPM para compartilhar informações e atuar de forma coordenada no combate a ações criminosas ocorridas no âmbito das empresas.”
“Reforçamos ainda a importância do acionamento de nossas equipes diante de situações flagrantes via App 190 RJ e Central 190, assim como dos registros em delegacia, que são de extrema importância para a condução dos procedimentos investigativos.”
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