Em carta a brasileiros, governador indónesio lamenta morte de Juliana Marins e admite limitações


“Com essa consciência, estou totalmente comprometido, como governador, a iniciar uma revisão abrangente com todos os envolvidos na região do Rinjani”, disse Lalu Muhamad Iqbal. Família aguarda resposta de companhia aérea sobre translado do corpo
Pela primeira vez desde que foi constatada a morte da brasileira Juliana Marins, uma autoridade política da Indonésia se posicionou sobre o episódio. No sábado (28), Lalu Muhamad Iqbal, que comanda a província de Sonda Ocidental, onde fica o vulcão Rinjani, publicou um vídeo e admitiu falta de estrutura durante a tentativa de resgate da jovem e informou que vai rever os procedimentos de salvamentos em novos incidentes.
Desde a última semana as equipes do g1 e da TV Globo tentam contato com alguma autoridade da Indonésia.
A reportagem tentou contato com a polícia, os diretores do parque, com a prefeitura da ilha de Lombok, com o Ministério do Turismo, com o Ministério das Florestas, responsável pelo parque, com o Ministério do Exterior e até com a Presidência da Indonésia, mas ninguém respondeu.
Nenhuma autoridade da Indonésia se manifestou sobre o acidente
Reprodução/TV Globo
Na gravação de Lalu Muhamad Iqbal, que tem pouco mais de 3 minutos e é narrado por um homem, e é intitulada “carta aberta para meus irmãos e irmãs brasileiros”, o governador afirma que chuvas persistentes e uma névoa densa atrasaram os esforços de resgate, mas admite também não existir suporte adequado para situações desse tipo na região.
“Quero assegurar que, desde o primeiro momento em que fomos informados do acidente, nossa equipe de resgate agiu com urgência e dedicação. Eles arriscaram a própria segurança para cumprir sua missão”, destacou o governador.
“O terreno arenoso próximo ao local criou riscos extremos para os dois helicópteros que mobilizamos, pois a entrada de areia nos motores tornava as operações de resgate aéreo inseguras. Reconhecemos que o número de profissionais certificados em resgate vertical ainda é insuficiente e que nossas equipes ainda carecem de equipamentos avançados para esse tipo de missão”.
Por fim, o político destacou que a infraestrutura de segurança ao longo da trilha de Rinjani “precisa ser aprimorada, já que essa montanha deixou de ser apenas um destino de trilha para se tornar uma atração turística internacional”.
“Com essa consciência, estou totalmente comprometido, como governador, a iniciar uma revisão abrangente com todos os envolvidos na região do Rinjani.”
Novas imagens mostram tentativa de resgate
Imagens inéditas exibidas pelo Fantástico neste domingo (29) mostram as primeiras tentativas de resgate da publicitária. Um registro feito pelo próprio guia mostra a lanterna do capacete de Juliana ainda acesa após a queda (veja no vídeo abaixo).
“Ela caiu em um penhasco”, diz o guia na gravação.
Imagens inéditas revelam primeiras tentativas de resgate de Juliana Marins
Os pais de Juliana expressaram revolta e indignação com a condução do caso.
“Juliana falou para o guia que estava cansada e o guia falou: ‘senta aqui, fica sentada’. E o guia nos disse que ele se afastou por 5 a 10 minutos para fumar. Para fumar! Quando voltou, não avistou mais Juliana. Isso foi por volta de 4h. Ele só a avistou novamente às 6h08, quando gravou o vídeo e o enviou ao chefe dele”, relata Manoel Marins, pai de Juliana.
Tentativa de repatriar corpo
A família de Juliana Marins afirma que está com dificuldades para repatriar o corpo da jovem para o Brasil. Neste domingo (29), eles fizeram um apelo à companhia aérea Emirates, em Bali, para confirmar o voo e o horário do avião que levará o corpo da vítima de volta ao Rio de Janeiro.
Segundo o perfil criado para mobilização do caso, a empresa não estaria liberando o voo que trará o corpo, com chegada prevista no Aeroporto do Galeão, no Rio.
“Estamos tentando confirmar o voo que trará Juliana para o Brasil, para o aeroporto do Galeão (Rio de Janeiro). Porém, a Emirates não quer confirmar o voo! É descaso do início ao fim. Precisamos da confirmação do voo da Juliana urgente. Precisamos que a Emirates se mexa e traga Juliana pra casa!”.
Em mensagem enviada neste domingo à tarde, Mariana Marins, irmã de Juliana, disse que o voo estava confirmado para sair às 19h45 de domingo no horário de Bali (8h45 no horário do Brasil). No entanto, houve mudanças repentinas.
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“Misteriosamente, a parte do porão de carga ficou ‘lotado’ e a Emirates disse que só traria Juliana em outro voo se fosse até São Paulo. Que não se responsabilizaria pela chegada dela no Rio”, afirmou Mariana.
“Parece proposital, já que o embalsamamento tem apenas alguns dias de validade. O medo é que em nova autopsia descubramos mais coisas? Está muito difícil”, desabafou.
A assessoria de imprensa da Emirates não respondeu aos contatos da reportagem.
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