Tutores são culpados por ataques de cães: ‘100% leigos em criação’, avalia adestrador


Principal problema, segundo especialista, é querer humanizar a criação do animal, ao invés de ser líder. “Criam mais no colo do que no solo”, diz. Lutador de Muay Thai é atacado e imobiliza dois pitbulls em MS
Com ataques de cães frequentes, a dúvida que fica é de quem é a culpa e o que fazer?. Recentemente o professor de Muay Thai Ernesto Chaves, de 33 anos, viralizou após imobilizar dois pitbulls durante ataque em Ponta Porã (MS). Especialista culpa os tutores pelos ataques.
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Trabalhando no comportamento dos animais há mais de 29 anos, o adestrador Aldemir Jerônimo garante que a culpa é dos tutores que não sabem criar animais domésticos: “100% culpa dos tutores leigos em criação”.
Segundo Juca, como é conhecido, o grande problema está na criação dos animais, principalmente para a raça do American Pit bull Terrier. Ele adverte sobre os tutores que querem ‘humanizar’ o cão. O de grande porte, por exemplo, tem ainda mais vantagens em um ataque futuro.
“O que quer dizer humanização? Criar o cão aleatoriamente como se fosse o membro da família ser humano, não tem controle saído do portão, entre outros. O manejo do cão também faz parte desses fatos de cão fugir. O pitbull, por exemplo, tem gente que cria errado, mesmo assim, o cachorro fica tranquilo, mas não são todos”.
O especialista afirma que a caça a um brinquedo estimula o animal. Há ainda quem cria a pitbull para estimular a atacar gatos, rinha ou brigar com outros cães.
“Às vezes a criação descadeia esse tipo de ataque. O treinador estava fazendo caminhada e simplesmente os cães entenderam que ele era uma caça. O problema são sempre os tutores. Não só raça pitbull, como os demais cães e outras raças, desde pequeno, médio ou grande, o ser humano, ele tem que estar apto a realmente entender se precisa ter um cão”.
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O animal não deve ser humanizado, pois a tendência é desenvolver agressão. O tutor, segundo Juca, tem que ser um líder para o cão, cuidar da alimentação, dar comandos e providenciar espaço adequado.
“Agora, se você pega uma raça pitbull e cria desde filhotinho mais no colo do que no solo, a tendência são acontecer esses acidentes. Não é só essa raça, um pinscher, por exemplo, não tem tamanho, é pequeno, é mini, porém é um cachorro agressivo. O cão não pensa da forma que o ser humano, ele pensa em disputar território”.
Mesmo sendo criado com regras, esses cães têm que passar por educação, por isso o ideal é que seja adestrado, ao menos com os ensinamentos básicos para se tornar um cão de companhia e obediência.
Antes de adquirir o cão, o adestrador recomenda conhecer a genética do animal, principalmente se for da raça pitbull. Saber qual temperamento dos pais do animal para função futura de obediência, companhia, guarda ou proteção.
Os pitbulls que atacaram o lutador de Muay Thai estavam cuidando um galpão na cidade. “Estavam em um lugar que quase não vê gente, um galpão, para cuidar. Esses cães estão sempre ligados, com o temperamento sempre aceso. Às vezes passa cães, gatos no portão, estimula o cão, ou passa uma pessoa mexendo. A gente não sabe como é a criação deles, e no primeiro momento que teve, fugiu. Ainda bem que o cara tem experiência e conseguiu imobilizar, mas ele se machucou bem”.
Dois pitbulls foram amarrados após atacarem lutador em Ponta Porã (MS)
Reprodução
Como se defender de ataques
Uma das dicas mais prática é se fingir de morto. O adestrador Alexandre Kawano explica que a pessoa deve manter a calma em situações como a que o lutador de Ponta Porã enfrentou. Os ataques de cães são momentos onde o lado predatório dos bichos são estimulados.
Caso a pessoa não consiga encontrar um local alto para subir e fugir do ataque, a orientação é se jogar no chão, fingir-se de morto e proteger os órgãos vitais.
“A melhor forma de você se defender, é se jogar no chão, tampar as orelhas, o seu rosto com as mãos, com a barriga para baixo, com o ventre colado no chão. Dessa forma protege as suas orelhas porque a cartilagem ser muito fácil de arrancar. Além disso, protege o rosto e suas vísceras, sendo órgãos vitais para a vida”, detalha.
Kawano explicou ainda que ficar quieto, imóvel no chão, faz com que o cão desista mais facilmente do ataque. Se o cão for muito agressivo, ele ainda vai morder, porém, vai soltar e ir embora porque percebe que a pessoa não ofereceu resistência, de acordo com o especialista.
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Foi mordido e agora?
O médico veterinário Bruno de Sá explica que, em casos de ataques, é importante verificar se o animal tem tutor ou se vive nas ruas. Após um ataque, órgãos como o Centro de Controle de Zoonoses (CCZ) avaliam a saúde do animal, verificando se ele está vacinado contra a raiva e outras doenças.
“Normalmente esse animal fica em quarentena, em observação, mesmo tendo tomado todas as vacinas, para ver se o animal, por algum motivo, apresenta algum sintoma clínico que deva ser considerado”.
A pessoa atacada deve procurar uma unidade de saúde, onde o ferimento será limpo, a gravidade avaliada e, se necessário, aplicada a vacina contra a raiva. O veterinário orienta que os tutores mantenham os animais dentro de casa ou do quintal, mas ressalta que é importante levá-los para passear.
“Se a pessoa tem um animal de porte grande, de repente, pode ter o comportamento pouco mais agressivo, a primeira conduta que você deveria ter é retornar para casa. Não tem como saber exatamente o que o animal vai responder no seu comportamento. É como se fosse da direção defensiva. Tem que prevenir. Já animais de médio ou grande, mas com temperamento que o dono já conhece, o correto é andar de focinheira”.
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