
Enfermeira desenvolve creme que ajuda na prevenção de rachaduras da diabetes
Uma pesquisa iniciada em 2022 por professores e pesquisadores da área da saúde em Pouso Alegre (MG) resultou na criação de um creme específico para pessoas com diabetes. A fórmula, feita com produtos naturais e óleos essenciais, foi testada em humanos e apresentou eficácia no combate ao ressecamento da pele, um problema comum entre os pacientes que convivem com a doença. O produto aguarda agora liberação da Anvisa para ser comercializado.
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A diabetes é uma condição crônica que afeta milhões de pessoas no Brasil e no mundo. E um dos sintomas que mais incomodam quem convive com a doença é a pele seca, que pode evoluir para rachaduras e feridas de difícil cicatrização.
“Agora no inverno, nem se fala. E a gente não tem um creme específico. Tem que saber até o conteúdo do creme, porque muitos contêm açúcar. O pé principalmente resseca, racha, e essas rachaduras é que criam as feridas. E a ferida é muito perigosa pela cicatrização. Quem tem diabetes não tem uma boa cicatrização”, contou a autônoma Márcia Regina da Silva, que convive com a doença há sete anos.
Pesquisadores de MG desenvolvem creme específico para pele de diabéticos e aguardam liberação da Anvisa
Reprodução EPTV
Foi pensando nesses desafios que a enfermeira e professora pesquisadora Daniela Seni, mestra em Ciências Aplicadas à Saúde, desenvolveu uma fórmula com o objetivo de hidratar e proteger a pele dos diabéticos antes que feridas se formem.
“Essa ideia surgiu a partir da convivência com os pacientes que tinham essa queixa de ressecamento dos pés. Vendo os produtos disponíveis no mercado, percebemos que eles são muito focados no tratamento de feridas já instaladas. Para prevenção, a gente não encontrava opções que fossem voltadas especificamente para a pele do paciente diabético”, explicou a pesquisadora.
Ao todo, 38 pessoas testaram o creme desenvolvido pela equipe. Todas apresentaram resultados positivos.
“Houve equilíbrio do pH da pele do calcâneo dessas pessoas, mas o que foi mais eficaz foi o aumento da umidade e da oleosidade do calcanhar”, disse a professora e orientadora do projeto, Diba Maria Sebba de Souza.
Pesquisadores de MG desenvolvem creme específico para pele de diabéticos e aguardam liberação da Anvisa
Reprodução EPTV
O creme já foi submetido ao Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI), onde aguarda a concessão de patente. O próximo passo é a análise da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), que deve definir se o produto será classificado como cosmético ou farmacêutico.
“Vai depender se ele vai ser passado para a área cosmética ou farmacêutica. Ele tem alguns testes, tanto de segurança como de eficácia. Depois disso, vamos buscar uma parceria para viabilizar a comercialização: seja com uma empresa já existente ou criando uma nova empresa com esse foco”, afirmou o professor e pesquisador Valter Santos.
Enquanto o creme ainda não chega ao mercado, quem convive com a doença já demonstra expectativa. É o caso do motorista Sidnei Jesus Brito, que tem diabetes há oito anos.
“A gente tá ali com a tensão no trânsito e começa a dar umas coceirinhas chatas no braço, nas pernas, na barriga. A gente tenta amenizar com creme ou até com água, quando não tem outra opção. Esse novo creme vai ser bem-vindo. Pode melhorar muito a qualidade de vida da gente”, disse.
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