
Globo Repórter – Brasil do Meio – 18/07/2025
O Globo Repórter percorreu 2.300 quilômetros pelo chamado “Brasil do Meio”, longe das fronteiras. A expedição começou em Minas Gerais, onde o barro vira arte nas mãos de ceramistas e o solo guarda um dos minérios mais valiosos do futuro. Veja a íntegra do programa no vídeo acima.
Cerâmica como resistência
Antes conhecido como “vale da miséria”, o Vale do Jequitinhonha, em Santana do Araçuaí, no município de Ponto dos Volantes (MG), hoje é chamado por seus moradores de “vale das possibilidades”. Ainda enfrenta desafios — como a seca e os baixos índices de desenvolvimento humano —, mas pulsa com arte, minerais, cultura e fé.
O que antes era uma plantação de arroz, hoje é solo seco. A seca transformou a paisagem e inviabilizou a agricultura em muitas áreas do Vale do Jequitinhonha. Mas foi justamente nesse cenário de escassez que surgiu uma nova forma de sustento: a cerâmica artesanal.
O ceramista Augusto Ribeiro faz parte de uma geração que encontrou no artesanato uma alternativa econômica e cultural para enfrentar as dificuldades da região.
“Agora não dá mais pra plantar, por causa da seca. Mas o barro ainda dá”, explica.
A produção de peças em barro, como bonecas e esculturas, se tornou símbolo de resistência e criatividade no sertão mineiro.
“Costumo dizer brincar que eu nasci num berço de barro e imaginação”, afirma Augusto.
Expedição em Minas Gerais revela como o barro vira arte nas mãos de ceramistas
Reprodução/TV Globo
O lítio que move o futuro
Araçuaí é a porta de entrada para o chamado Vale do Lítio. A região abriga uma das maiores reservas do planeta. Essencial para baterias de celulares, carros elétricos e satélites, o mineral é extraído na Mina da Cachoeira, operada pela Companhia Brasileira do Lítio. A região, antes marcada pela pobreza, agora atrai investimentos e gera empregos.
“Cada ponto da mina marca um momento da minha vida”, conta Audrey Elioterio, que trabalha no local há 31 anos.
Adler Alves, filho do Audrey, voltou à cidade para atuar no beneficiamento do minério.
“Desde pequeno, eu tive essa inspiração, uma facisnação para conhecer cada vez mais sobre esses minerais”, afirma o analista de processos.
Araçuaí é a porta de entrada para o chamado Vale do Lítio
Reprodução/TV Globo
Diamantes, história e tradição
Diamantina, a cidade que surgiu em 1713, guarda a memória da exploração diamantífera que marcou o Brasil colonial.
“A gente vai encontrar ali a presença de diamantes, a partir do século 18. Foi muito importante para Minas Gerais, tanto que a Coroa Portuguesa vai cuidar dessa região de forma muito restrita”, explica Álvaro de Araújo Antunes, historiador – UFOP.
A joalheria Pádua, em funcionamento desde 1888, mantém viva a tradição da lapidação artesanal. Antônio Oliveira Neto, de 87 anos, trabalha no local desde os 11.
“Joia para mim é a vida”, resume.
Globo Repórter mostra a tradição das joias em Diamantina (MG)
Reprodução/TV Globo
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