‘Quem vai inaugurar o cemitério?’ Conheça o engenheiro que ‘brincou com a morte’ e foi o primeiro a ser enterrado em Brasília


Corpo do engenheiro Bernardo Sayão chega a Brasília, em 1959
O engenheiro Bernardo Sayão presenciou quando topógrafos mapeavam o 1º cemitério de Brasília, em 1957 – três anos antes da inauguração da cidade.
Brincando, Sayão comentou com os topógrafos: quem é que vai inaugurar o cemitério? Curiosamente, dois anos depois, ele foi o primeiro a ser enterrado no local.
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Mais curioso ainda é que a segunda pessoa a ser enterrada no cemitério foi o motorista do gipe de Sayão, Benedito Segundo. Quando soube da morte do engenheiro, teve um “ataque do coração”, morreu e foi enterrado no mesmo dia que o chefe.
Segundo o historiador Elias Manoel, do Arquivo Público do Distrito Federal, essa história está registrada na obra Diário de Brasília. Ela revela que Sayão atuou pela construção da capital antes mesmo da eleição de Juscelino Kubitschek – presidente que inaugurou a cidade em 1960.
Veja mais abaixo:
quem foi Bernardo Sayão;
qual a relação dele com Brasília;
como foi a sua morte e enterro.
Quem foi Bernardo Sayão
Bernardo Sayão em imagem de arquivo
Novacap
Sayão nasceu no Rio de Janeiro, em 18 de junho de 1901. Formado como engenheiro-agrônomo em Belo Horizonte (MG), ele se dedicou ao trabalho de construção de estradas.
O engenheiro veio para a região central do país em 1939. A pedido do então presidente Getúlio Vargas, ele assumiu o papel de coordenador da “marcha para o Oeste”, que implementou uma Colônia Agrícola na área.
Ele chegou a ser vice-governador de Goiás nos anos 50 e, com o governador Juca Ludovico, apoiou o processo de desapropriação das fazendas na região que atualmente representa o DF.
👉 O historiador Elias Manoel fala que o Diário de Brasília aponta que Sayão foi quem fez pista onde JK, já como novo presidente do país, pousou na região da construção da capital pela primeira vez, em 1956.
👉 Também foi Sayão quem colocou a primeira cruz na Praça do Cruzeiro, para receber JK.
Sayão e Brasília
A história de Sayão com a capital foi fortalecida em 1956, quando a Novacap foi inaugurada e Juscelino Kubitschek convidou o engenheiro para ser um dos diretores.
🔎 Novacap: Companhia Urbanizadora da Nova Capital do Brasil. Foi criada para gerenciar e coordenar a construção de Brasília.
Bernardo Sayão trabalhou junto com o chefe da equipe de topografia, Jofre Mozart Parada, que era seu amigo.
Em 1957, o engenheiro estava no cemitério de Brasília, junto com a equipe de topografia, quando brincou sobre quem seria o primeiro a ser enterrado no local.
Como foi a morte e enterro de Sayão
Bernardo Sayão durante a construção da Rodovia Belém-Brasília
EBC/reprodução
Em 15 de janeiro de 1959, Bernardo Sayão, aos 57 anos, trabalhava em uma estrada no Pará. Era a construção da rodovia Belém-Brasília.
Ele estava em uma barraca, quando um enorme galho de árvore cai sobre ele. Gravemente ferido, o engenheiro foi colocado em um helicóptero, que partiu em busca de socorro médico. No entanto, Sayão morreu durante o trajeto.
Seu corpo chegou ao Aeroporto de Brasília na noite de 16 de janeiro. O cemitério não estava pronto, não tinha construções nem túmulos, apenas estacas e vegetação.
O historiador Elias Manoel conta que o chefe de topografia, Jofre Mozart Parada, foi até o cemitério e usou máquinas para abrir o caminho pelo qual o caixão de Sayão passaria.
Túmulo de Bernardo Sayão no Campo da Esperança
Histórias de Brasília/reprodução
Sayão foi velado na capela Dom Bosco. Uma multidão participou da homenagem. Depois ele foi enterrado no cemitério da capital (veja foto acima).
Em sua homenagem, a estrada onde o acidente aconteceu recebeu o nome de Rodovia Bernardo Sayão.
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