Apreensão de 103 kg de ouro pela PRF em Roraima supera últimos dois anos somados no Brasil


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A apreensão de 103 kg de ouro feita pela Polícia Rodoviária Federal em Roraima ultrapassa todo o volume de ouro apreendido pela corporação nos últimos dois anos no Brasil. Os dados, obtidos com exclusividade pelo g1 nesta quarta-feira (6), mostram que a apreensão é quase o dobro da soma do total registrado nos anos de 2024 e 2023.
O ouro foi apreendido com o empresário Bruno Mendes de Jesus, de 30 anos, e é avaliado em R$ 61 milhões. Ele dirigia a caminhonete Hilux quando foi parado por policiais na ponte dos Macuxis, na BR-401. No veículo também estavam a esposa dele e o filho do casal, um bebê de 9 meses.
Segundo a PRF, essa foi a maior apreensão de ouro da história da corporação em uma única ação.
Os dados são do Setor de Estatística Operacional da PRF. Veja os números:
2023 foram apreendidos apenas 23,1 kg de ouro no país.
Em 2024, o total foi de 48,1 kg.
Ou seja, os 103 kg apreendidos em Roraima são quase o dobro da soma dos dois anos anteriores, que juntos totalizaram 71,2 kg.
Roraima tem apreensões de ouro pela PRF todos os anos desde 2021, apontam os dados. Em 2024, foram apreendidos 22,3 kg ao todo no estado — em uma única ação, foram 21 kg, que figura como a segunda maior apreensão no país de todo o período.
Nesse mesmo ano, Roraima ficou em primeiro lugar entre os estados com maior apreensão. Pará ficou em segundo lugar com 14,2 kg e Mato Grosso em terceiro, 3,7 kg.
Em 2023, Goiás foi o estado com mais quilos de ouro apreendido: 4,0 kg. Nesse ano, a PRF apreendeu 1,3 kg em Roraima. Nenhum estado teve grande volume esse ano.
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Roraima tem apreensões pela PRF todos os anos
Roraima tem se destacado nas estatísticas da PRF por registrar apreensões de ouro e outros minérios todos os anos. Segundo Isaías Magalhães Santos, agente da PRF em Roraima, isso ocorre devido à forte presença de garimpos ilegais no estado e à atuação intensificada da corporação na região.
“A Amazônia é muito rica em minérios como ouro e diamantes. Em Roraima, essa exploração, mesmo que ilegal, é mais intensa do que em outras partes do país, onde há menos reservas minerais”, afirmou Isaías.
Boa parte dessa extração acontece em áreas indígenas, o que é proibido por lei. A PRF tem reforçado a fiscalização em rotas utilizadas para o transporte ilegal de minérios, principalmente após o início da operação de desintrusão na Terra Indígena Yanomami, em 2023.
A presença recorrente de ouro ilegal em circulação em Roraima também está diretamente ligada à realidade de duas das maiores terras indígenas do estado: Yanomami e Raposa Serra do Sol.
🔎 A Terra Indígena Yanomami, que ocupa mais de 9 milhões de hectares entre Roraima e o Amazonas, sofre há décadas com a invasão de garimpeiros ilegais, que exploram ouro em áreas protegidas, provocando graves impactos ambientais e humanitários, como contaminação por mercúrio e desnutrição entre indígenas.
🔎 A Raposa Serra do Sol, demarcada em 2005, também enfrenta pressões sobre seu território, embora em menor intensidade nos últimos anos. Ambas as terras ficam em regiões estratégicas próximas à fronteira e, segundo as autoridades, são constantemente usadas como rota ou origem do ouro ilegal que entra em circulação no estado — inclusive nas apreensões feitas em rodovias federais.
Ele também destacou que as rotas de escoamento ilegal mudam com frequência para burlar a fiscalização e que o que é interceptado nas rodovias representa apenas uma parte do volume extraído ilegalmente, já que há também saídas por rios e vias aéreas.
“É importante destacar que o que é apreendido nas rodovias é apenas uma fração do total extraído ilegalmente. Boa parte sai por vias aéreas, embarcações ou pelos rios e a malha fluvial da Amazônia é muito extensa, o que dificulta uma fiscalização completa, inclusive do espaço aéreo”, completou Isaías.
Além do ouro, Roraima também concentra as maiores apreensões de cassiterita — também conhecida como “ouro negro” — feitas pela PRF. “Já apreendemos mais de 200 toneladas dessa substância nos últimos anos”, informou.
Maior apreensão da PRF no Brasil
Bruno Mendes dirigia uma Hilux ano 2024, quando foi parado pela PRF na altura da ponte dos Macuxis, na BR-401, por volta de meio-dia. No veículo também estavam a esposa e o filho do casal, um bebê de 9 meses.
Agentes suspeitaram de inconsistências na documentação apresentada por Bruno e decidiram fazer uma busca mais detalhada. Foi então que localizaram as barras de ouro escondidas parte no painel e em outros compartimentos do carro. Ele trabalha com construção civil e “grandes obras”, segundo a PRF.
Bruno Mendes de Jesus, de 30 anos, foi levado à Penitenciária Agrícola de Monte Cristo, o maior presídio de Roraima
Reprodução e Caíque Rodrigues/g1 RR
Levado à Polícia Federal, Bruno ficou calado. Natural de Rondônia, ele tem uma empresa varejista de artigos de vestuário e acessórios.
Quando foi abordado pela PRF, disse ser fiscal de obras e afirmou que havia saído de Manaus para verificar uma construção, mas não soube informar o nome ou o endereço da obra que seria fiscalizada. Ao chegar à PF, não disse mais nada. Ele foi acompanhado por dois advogados desde o momento da abordagem até o procedimento na polícia.
A defesa de Bruno informou em nota que ele é um “trabalhador que, como milhares de brasileiros, atua em atividades relacionadas ao setor mineral, que embora possam se desenvolver em áreas de tensão regulatória, são, para muitos, meio de subsistência e única alternativa de sobrevivência”.
Na audiência de custódia, nesta terça-feira (5), o juiz autorizou a quebra de sigilo telefônico de Bruno. Com isso, a PF terá acesso aos dados do celular e deve aprofundar as investigações. Além disso, o ouro deve passar por perícia e análises que determinarão a origem. O caso tramita na 4ª Vara Federal Criminal em Roraima.
Apreensão de barras de ouro soma 104 kg em Boa Vista
Caíque Rodrigues/g1 RR
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