
Concepção artística do exoplaneta Gl 410b
UFRN/Divulgação
Um pesquisador da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) participa do grupo internacional de astrônomos que anunciou esta semana a descoberta de um exoplaneta, semelhante a Netuno.
O planeta, batizado Gl 410b, é classificado como um sub-Netuno — maior que a Terra, mas menor que Netuno —, possui cerca de 8,4 vezes a massa do nosso planeta, e orbita a estrela Gliese 410 (DS Leo), localizada a 39 anos-luz do Sistema Solar, na constelação de Leão.
As informações foram divulgadas à imprensa pela UFRN.
📳 Clique aqui para seguir o canal do g1 RN no WhatsApp
Entre os autores da descoberta, estão acadêmicos da França, Canadá, Estados Unidos e Brasil, e o astrofísico José Dias do Nascimento, docente do Departamento de Física da UFRN e pesquisador visitante do Harvard–Smithsonian Center for Astrophysics (CfA).
O professor também participou, em 2022, da descoberta do TOI-1452b, um exoplaneta coberto por água.
“A descoberta de exoplanetas, como o TOI-1452b, apresentado em 2022 por nosso time e este agora o Gl 410b, revelam a impressionante diversidade cósmica dos mundos lá fora do Sistema Solar — alguns quentes e dinâmicos, outros possivelmente cobertos por vastos oceanos. Esses sistemas reforçam a idéia de quão singular e único é o nosso planeta Terra”, disse José Dias.
Características
O exoplaneta Gl 410b completa uma órbita em apenas seis dias e se encontra a uma distância equivalente a 0,05 vezes a distância da Terra ao Sol. Graças à proximidade de sua estrela e ao período orbital muito curto, ele recebe cerca de 20 vezes mais energia que a Terra, apresentando uma temperatura de equilíbrio em torno de 300 °C.
Embora não seja um candidato à habitabilidade, esse mundo extremo representa um laboratório natural para entender a formação e a dinâmica de sistemas planetários em anãs vermelhas.
As observações revelaram que Gl 410 possui um campo magnético 100 vezes mais intenso que o solar. Isso significa que seus planetas provavelmente enfrentam tempestades estelares frequentes, capazes de produzir auroras colossais e até provocar erosão atmosférica.
Além desse planeta confirmado, os dados sugerem a existência de outros dois candidatos, com períodos orbitais de três e 18,7 dias. Caso confirmados, o sistema formaria um conjunto compacto e ressonante de pequenos planetas, oferecendo um laboratório natural para o estudo da formação e da dinâmica planetária.
A descoberta foi realizada com o espectrógrafo SPIRou – um instrumento que dispersa a luz de um objeto para que este possa ser analisado posteriormente –, instalado no Telescópio Canadá–França–Havaí (CFHT), no topo da montanha sagrada Maunakea, e confirmada com apoio do espectrógrafo SOPHIE.
A pesquisa integra o SPIRou Legacy Survey, um programa franco-canadense que totaliza 310 noites de observações ao longo de três anos, combinadas com dados obtidos pelo SOPHIE entre 2021 e 2023. O estudo foi publicado na revista Astronomy & Astrophysics em agosto deste ano.
Astrônomos detectam planeta recém-nascido ‘esculpindo’ poeira no espaço