Facções criminosas passam a atirar em pessoas sem nenhuma ligação com o crime no ES

No ES, facções criminosas agora atiraram a esmo contra moradores de áreas sob disputa
Na região metropolitana de Vitória, integrantes de facções criminosas passaram a atirar em pessoas que não têm nenhuma ligação com o tráfico de drogas.
Os tiros que acertam um carro mataram a adolescente Sophia Vial da Silva, de 15 anos. Ela estava com os pais a caminho da casa do avô. A mãe de Sophia se manifestou nas redes sociais:
“Minha filha era inocente, morreu inocente, na minha frente”, desabafou Alini Vial, mãe de Sophia Vial.
Os tiros também atingiram a manicure Andrezza Conceição, de 31 anos. Vizinhos avisaram a mãe dela.
“A amiga dela falou quem é a mãe da Andreza, eu falei sou eu, ela falou é porque Andreza foi baleada. Mas eu sabia que minha filha estava morta, porque Deus já tinha me avisado que a minha filha estava morta”, conta Luiza da Silva.
Além de Sophia e Andrezza, duas crianças, de 6 e 9 anos, foram baleadas. Nenhuma das vítimas tinha ligação com o crime.
As pessoas baleadas não estavam no meio de um fogo cruzado. Não havia um grupo de bandidos atirando de um lado e outro grupo revidando. Não era um confronto. Testemunhas e a polícia afirmam que homens chegaram em uma moto, atirando. Disparavam sem se preocupar com quem iriam acertar.
“Apareceram uns indivíduos na esquina dando disparo, dando tiro para tudo quanto é lado, não tem alvo”, conta uma testemunha.
Um vídeo mostra os moradores tentando socorrer as vítimas.
O governo do Espírito Santo afirma que ataques, como este do bairro Santa Rita, em Vila Velha, estão se repetindo. Para impor o medo e conquistar novos territórios, facções criminosas atiram em moradores.
“É efetivamente um ataque terrorista. É simplesmente um grupo tentando dominar um espaço territorial e matar gente a ermo, ou seja, poderia ser qualquer um de nós que estivesse andando ali. As forças de segurança estão nas ruas, acionamos um plano de contingência muito forte, muito enérgico. Nós vamos combater o crime ali de forma muto enérgica”, afirma o secretário Estadual de Segurança, Leonardo Damasceno.
A polícia ainda procura dois menores que seriam autores dos assassinatos. Duas facções disputam o controle do tráfico de drogas no estado. Até junho de 2025, a polícia prendeu 3.786 suspeitos de ligação com o tráfico, 34% a mais que no mesmo período de 2024.
Depois do ataque de sábado, o governo anunciou reforço no policiamento.
“A polícia atua, mas eles ficam vigiando através de radinho, através de drone, a presença da Polícia Militar, aonde nós estamos. Eles são pessoas inconsequentes, menores de idade que saem atirando aleatoriamente”, Douglas Caus, comandante da Polícia Militar do ES.
Nesta segunda-feira, no começo da manhã, alegando falta de segurança, a linha de ônibus que atende à região não circulou.
“Nós somos reféns dessa guerra de tráfico, isso tem que acabar”, diz Augusto Vial, avô de Sophia.
“Até quando mais Sophias, mais Andrezas para as autoridades olharem com um olhar verdadeiro para o nosso bairro? Porque aqui não mora só bandido, aqui não tem só traficante, aqui tem muita gente de bem, muita gente de família, temente ao Senhor e que clama por justiça”, ressalta Juliet Vial, tia de Sophia.
No início da noite, a polícia apreendeu um adolescente de dezessete anos, suspeito de participação no ataque.
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