Parnaíba 181 anos: lagoas representam potencial econômico, turístico e sustentabilidade na segunda maior cidade do Piauí


Aniversário de Parnaíba: programação tem humor, música, cinema e gastronomia
Banhada pelo mar aberto, que embeleza a praia da Pedra do Sal, e pelo Rio Igaraçu, braço do Rio Parnaíba que inicia o maior Delta das Américas: a cidade de Parnaíba, que completa aniversário nesta quinta (14), também tem nas águas doces de suas lagoas importante fonte de renda, histórias e preservação.
Nessa reportagem, o g1 conta um pouco da importância das lagoas que banham o segundo município piauiense de maior população — que completa 181 anos de emancipação política — e de onde centenas de famílias vivem da pesca, da agricultura e do turismo originados por elas.
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O turismo na Lagoa do Portinho
Considerado um dos principais cartões postais não só de Parnaíba, mas do Piauí, a Lagoa do Portinho é um verdadeiro cenário paradisíaco. Entre as dunas de areia branca e o verde da vegetação nativa, as águas da lagoa atraem parnaibanos, turistas e gente que vem de fora.
Um desses visitantes que se encantaram com as belezas da Lagoa do Portinho há mais de 20 anos foi o empresário Luís Aragão. Dono de um restaurante no local, ele conta que passou por muitos desafios no local — como ver a lagoa praticamente secar, até uma grande cheia, e hoje, com a retomada do turismo.
“Eu sou considerado o herói da resistência porque passei por quase tudo aqui. Teve a duna que invadiu a pista, e o pessoal que vinha da praia não tinha acesso, na época fiz um desvio, depois que a prefeitura fez outro, e depois veio a pandemia, a seca, a cheia, veio tudo”, destacou.
Vindo do Ceará e devoto de Padre Cícero, ele diz que hoje agradece por ter visto a lagoa praticamente ressurgir, o que considera um milagre. “Todo mundo dizia que a lagoa estava morrendo, secando, que não ia mais pra frente. E eu falei: ‘vou falar com Padim Cícero’, e ele ajudou e a lagoa voltou. Para mim, foi tipo um milagre, ressurgiu a água da lagoa”, destacou.
Criação de tilápias na Lagoa da Prata
Piscicultor mostra criação de tilápias na Lagoa da Prata, em Parnaíba
Em uma lagoa que fica do outro lado da cidade, moradores vivem da piscicultura. É o caso do Osvaldo Nunes, que cria tilápias desde 2016 na Lagoa da Prata, na zona rural de Parnaíba, próximo à Zona de Processamento de Exportação (ZPE). A lagoa é abastecida pelas águas tanto do Rio Parnaíba quanto por nascentes naturais.
Osvaldo conta que, quando começou a criar os peixes, a lagoa estava bastante degradada, com resíduos como pedaços de geladeira e bicicletas. Ele liderou ações conscientização ambiental, instalando placas informativas e ajudando na limpeza do lugar.
“Antes eu pescava manjuba, comprei até uma canoa para isso, mas quis sair da subordinação e formei um grupo de piscicultores. Para fazer o cultivo tem que prestar atenção às condições do tempo e da lagoa, exige aprender um pouco”, relata.
A associação de piscicultores formada por Osvaldo conta com cerca de dez famílias, embora nem todos estejam diretamente envolvidos na atividade.
As tilápias são compradas de um fornecedor e alimentadas com ração específica, de acordo com o tamanho delas. Após cerca de dois meses, elas são levadas para gaiolas de engorda, onde são abatidas e, depois, vendidas.
“A comunidade ribeirinha é forte, mas a gente tem que lidar com os tanques velhos e a ração cara. Como não recebemos muito incentivo, os jovens têm preferido se envolver com outras atividades”, aponta Osvaldo.
Conservação e revitalização
De acordo com a Secretaria de Meio Ambiente e Recursos Hídricos de Parnaíba, as lagoas da cidade receberam mutirões de limpeza e ações de conscientização para os moradores no primeiro semestre de 2025.
O secretário Rubens Ferreira afirma que houve o plantio de ipês e outras árvores nativas na Lagoa do Bebedouro, que agora conta com uma orla revitalizada.
“A gente limpou o entorno com mutirões para catar plástico, vidro e outros materiais. Também fizemos palestras em escolas da rede municipal para conscientizar os alunos e treinamos as equipes de poda para não prejudicarem a vegetação”, elenca.
A limpeza do entorno também aconteceu na Lagoa da Prata, cujos pescadores e piscicultores foram orientados sobre o descarte correto do lixo produzido durante suas atividades.
Em relação à Lagoa do Portinho, a Secretaria de Meio Ambiente e Recursos Hídricos do Piauí recuperou a vegetação nativa e construiu um píer, áreas de lazer e salas de artesanato em dezembro de 2024.
“Quando as dunas invadem as pistas, a prefeitura autoriza a retirada da areia. Verificamos também onde o lixo é descartado e como o esgoto é tratado”, completa Rubens.
Luís Aragão vive há 20 anos da Lagoa do Portinho
Arquivo Pessoal
Dunas na Lagoa do Portinho, em Parnaíba
Arquivo Pessoal/ Érico Rodrigues
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