Como nova montadora chinesa de carros elétricos pode reconfigurar mercado no interior de SP


Presidente Lula participa de inauguração de fábrica de carros elétricos em Iracemápolis
A montadora chinesa de veículos elétricos GWM (Great Wall Motor) inaugurou nova unidade em Iracemápolis (SP), nesta sexta-feira (15), com meta de produzir 30 mil veículos por ano e gerar 1 mil empregos até o fim de 2025. Até agosto deste ano, a instalação da montadora chinesa gerou 700 novos empregos diretos na cidade. A expectativa, segundo a empresa, é abrir mais 300 vagas.
A movimentação no interior da fábrica provoca reflexos positivos no comércio e serviços. De imediato, empresários de Iracemápolis demonstram expectativas positivas.
Os impactos da chegada da fábrica se estendem para outros setores da economia da cidade, que tem pouco mais de 20 mil habitantes atualmente, e se prepara para atender as demandas previstas.
Nesse processo, representantes de restaurante e escola de idioma ouvidos pela EPTV, afiliada da TV Globo, informaram que investem em ampliação e novos postos de trabalho.
✅ Clique aqui para seguir o canal do g1 Piracicaba no WhatsApp
Lula inaugura montadora chinesa de carros elétricos em Iracemápolis
Consultado pelo g1, o economista Igor Vasconcelos Nogueira, professor de Gestão do Instituto Federal de São Paulo (IF-SP), afirma que a chegada da GWM a Iracemápolis, mesmo sendo uma indústria que ocupará o espaço deixado pela antiga fábrica da Mercedes-Benz, “tende a reconfigurar o mercado de trabalho e a base produtiva local”.
O especialista listou os possíveis reflexos positivos e negativos. Veja análise detalhada, na reportagem.
Impactos positivos
De acordo com Nogueira, entre os impactos positivos, destacam-se:
maior renda e ocupação, com efeitos multiplicadores (cada posto direto pode induzir de 1 a 2 empregos indiretos na cadeia e no consumo);
dinamização do comércio e dos serviços;
ampliação da base tributária municipal;
investimentos em infraestrutura e logística;
qualificação profissional via parcerias com instituições de ensino profissionalizante;
difusão tecnológica para fornecedores regionais.
Trabalhadores na fábrica da GWM em Iracemápolis
GWM
Riscos e possíveis impactos negativos
Entre os impactos negativos e possíveis riscos, segundo o economista, são previstos:
pressão sobre moradia e aluguéis, trânsito e serviços públicos;
aumento do custo de vida;
possível “crowding-out” (efeito deslocamento) de pequenos negócios pela competição salarial;
dependência setorial mais alta, expondo a cidade aos ciclos da indústria automotiva;
externalidades ambientais (uso de água, emissões, resíduos), que exigem mitigação;
fiscalização.
Segundo ele, o saldo tende a ser positivo, se houver contrapartidas e governança, metas de emprego e incentivos vinculados ao planejamento urbano, além de qualificação contínua e padrões ambientais rigorosos.
Fábrica da GWM em Iracemápolis, interior de São Paulo
GWM
Restaurante amplia e abre vagas
Claudinei Cesar Gross é dono de uma churrascaria em Iracemápolis (SP). Ele lembra da época em que a montadora alemã Mercedes-Benz ocupava a área onde a GWM se estabeleceu.
“A tendência é cada vez melhorar. Antes, quando estava a Mercedes, tinha um movimento ótimo. Agora, esperamos mais ainda. A população está bem confiante. Com certeza, sempre ajuda para vários setores, principalmente na parte da alimentação. O povo sempre procura. A alimentação, uma vez por dia, tem que fazer”, celebrou.
O otimismo com a inauguração da fábrica impulsionou o dono da churrascaria a investir no restaurante.
“Optamos por ampliar o espaço para fazermos o máximo que podemos para os nossos clientes […] Eu tenho até vagas e estou seis pessoas no momento”, comenta.
Vista aérea da GWM em Iracemápolis
GWM
Demanda para escola de idiomas
Vinícius Cunha é dono aqui da escola de idiomas há quase oito anos na cidade. A instituição já existia quando a fábrica da Mercedes chegou.
O empresário lembra que o anúncio da instalação da montadora alemã influenciou na decisão da abertura da escola na cidade, especialmente pela oportunidade de oferecer cursos de inglês tradicionais, para aquisição da fluência no idioma, mas também as qualificações especializadas, voltadas ao uso da língua para comunicação nos negócios.
“Vemos uma preocupação de adultos, adolescentes e até de crianças, surpreendentemente, de buscarem um curso de idioma. Temos o curso básico, que ensina desde o momento inicial do inglês até o avançado. Mas customizamos também, dependendo da demanda de cada aluno, de cada empresa. Inclusive alunos que trabalham GWM já nos buscaram com esse tipo de demanda”, detalha.
Cunha ressalta a importância do domínio da língua inglesa para os profissionais que trabalham ou buscam posição em empresas internacionais, como é o caso das montadoras de veículos que se instalaram na região.
“A expectativa é a melhor possível. A gente se prepara e oferece os cursos para atender essa demanda, cursos de inglês voltado para negócio. A gente sabe da importância do inglês, mesmo sendo uma empresa chinesa, a gente atende também o pessoal que vem da Hyundai, empresa coreana, empresa americana, empresa alemã, independente do idioma, é uma ferramenta. Então, a gente sempre tenta atender essa demanda”, explica.
Entrada da GWM em Iracemápolis
GWM
Investimentos nacionais
A GWM estima investimento de R$ 4 bilhões até 2026 no país, o que já engloba a abertura da nova fábrica. De 2027 a 2032, são previstos mais R$ 6 bilhões.
A empresa é a primeira habilitada no programa de mobilidade verde (Mover), do governo federal, para produção de modelos híbridos plug-in (phev) no Brasil. Há meta de produção com 60% de conteúdo nacional até 2026.
30 mil carros por ano
A meta da montadora chinesa é produzir 30 mil carros por ano até o final de 2026, com foco em modelos híbridos e elétricos. As atividades em Iracemápolis começaram no ano passado, com a contratação de funcionários, treinamento e adaptações na fábrica que antes era da Mercedes.
A GWM vai oferecer tecnologia tanto com plataformas eletrificadas (híbridos, híbridos plug-in e veículos elétricos), como também plataformas inteligentes de conectividade.
Maior empresa automotiva chinesa de capital 100% privado, a GWM é a quarta maior fabricante mundial de picapes médias, segmento que ela lidera na China há 24 anos, onde tem uma participação acima de 50%.
A empresa tem uma atuação global que envolve mais de 60 países, 70 mil funcionários e oito centros de P&D (pesquisa e desenvolvimento) ao redor do mundo.
Espaço foi sede da Mercedes-Benz
O espaço onde funciona a planta da GWM já foi sede da Mercedes-Benz, que encerrou a produção de na planta em dezembro de 2020, após quatro anos de operação.
Na época, a Mercedes-Benz informou que a situação do mercado brasileiro naquele momento e o agravamento com a pandemia de Covid-19 foram os principais motivos para decidir pelo fechamento.
Com isso, a GWM comprou a planta. A venda incluiu o terreno de 1,2 milhão de metros quadrados, com todos os prédios e os equipamentos de produção.
VÍDEOS: tudo sobre Piracicaba e Região
Veja mais notícias da região no g1 Piracicaba
Adicionar aos favoritos o Link permanente.