Tarifaço do Trump pode impactar mais da metade dos produtos exportados pela RMC aos EUA, diz estudo


Tarifaço afeta setores como aço inoxidável, partes de máquinas e produtos químicos.
Leandro Vicari/EPTV
Mais da metade das exportações da Região Metropolitana de Campinas para os Estados Unidos está integralmente sujeita à tarifa de 50%, segundo levantamento do Observatório da PUC-Campinas. Entre os setores mais expostos estão os que são altamente dependentes dos EUA, como aço inoxidável, partes de máquinas e produtos químicos. Confira abaixo.
O tarifaço imposto pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, entrou em vigor no dia 6 de agosto e eleva a alíquota de importação para 50% a quase dois mil produtos brasileiros. No dia 13, o governo federal anunciou um pacote para atenuar o impacto para as empresas exportadoras, com linha de crédito de R$ 30 bilhões destinada a incrementar as vendas externas.
No 1º semestre de 2025, Campinas (SP) foi responsável por 34,33% do total exportado pela região para os EUA, de acordo com estudo da Secretaria de Finanças de Campinas (SP), apresentado nesta quarta-feira (20) em reunião do Conselho da RMC. Em seguida, as cidades com mais exportações são Indaiatuba e Santo Antônio de Posse, com 13,93% e 13,66% do total, respectivamente.
Na reunião, o Conselho apontou maior preocupação em relação aos impactos que podem ser sofridos por Santo Antônio de Posse: 82% das exportações do município foram feitas aos EUA, entre 2020 e 2024.
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A RMC reúne 20 municípios e mais de 3 milhões de habitantes e é uma das maiores exportadoras do Estado de São Paulo.
Para o economista do Observatório da PUC-Campinas, Paulo Oliveira, a situação exige negociações e o desenvolvimento de novos mercados.
Setores mais impactados
A análise indica que, do total de aproximadamente US$ 837 milhões exportados entre agosto de 2024 e julho de 2025, ao menos 59% corresponde a produtos que não estão isentos à tarifa imposta pelos EUA.
Apenas US$ 277,39 milhões, equivalentes a 33,13% do total exportado, correspondem a grupos com isenções vinculadas exclusivamente ao setor aeronáutico, cujo alcance efetivo é restrito.
Outros US$ 85,83 milhões, 10,25% do total, referem-se a grupos com isenções parciais, sem exclusividade para aviação. Por outro lado, US$ 493,93 milhões, que correspondem a 59% das exportações da RMC para aos EUA, não possuem qualquer produto isento.
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Oliveira ressalta que, apesar de ao menos 59% dos produtos exportados não possuírem isenção da tarifa, não é possível determinar o percentual dos que podem ser afetados, porque a Secretaria de Comércio Exterior (Secex) não divulga o detalhamento dos produtos exportados de forma específica, como na lista das exceções.
“Potencialmente um percentual maior não está isento”, pondera o economista.
O impacto é mais intenso quando se observa a alta dependência de alguns setores em relação ao mercado norte-americano. O setor de pneus recauchutados, por exemplo, destinou 81,87% de suas exportações aos EUA, segundo o estudo.

O estudo conclui que, embora a lista de exceções inclua setores importantes, a capacidade de reduzir os impactos da tarifa é limitada e insuficiente.
“A pauta exportadora da RMC revela forte vulnerabilidade, tanto pela concentração de valor em produtos sujeitos integralmente à tarifa quanto pela dependência estrutural de setores altamente especializados nos Estados Unidos, o que amplia os riscos de impactos importantes para setores específicos”, diz a nota técnica do Observatório PUC-Campinas.
Para Oliveira, “não há saída no curto prazo para além das negociações. No longo prazo, é desenvolver novos mercados”.
Participação da RMC
De acordo com estudos realizados pela Secretaria de Finanças de Campinas e apresentados em reunião do Conselho da RMC nesta quarta-feira, 17% dos produtos que a região exporta vão para os Estados Unidos. Entre 2020 e 2024, a região exportou cerca de R$ 1 bilhão para os norte-americanos.
No 1º semestre de 2025, a pesquisa aponta que Campinas foi responsável por 34,33% do total exportado pela região para os EUA. Em seguida, as cidades com mais exportações são Indaiatuba e Santo Antônio de Posse, com 13,93% e 13,66% do total, respectivamente.
Na reunião, o Conselho apontou maior preocupação em relação aos impactos que podem ser sofridos por Santo Antônio de Posse, já que 82% das exportações do município foram feitas aos Estados Unidos, entre 2020 e 2024. O produto mais exportado é a carne, que está entre os itens com taxação de 50%.
Entre as estratégias que serão adotadas está a discussão “sobre medidas compensatórias para amenizar uma possível queda de arrecadação”, segundo o prefeito de Campinas e presidente da RMC, Dário Saadi.
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