
Ex-presidente da Cohab de Bauru é condenado por viagem paga com verba pública
A Justiça condenou em primeira instância o ex-presidente da Companhia de Habitação de Bauru (SP) (Cohab), Edison Gasparini Júnior, por improbidade administrativa. De acordo com a sentença, Gasparini e mais duas pessoas teriam ido para a Europa com o dinheiro da companhia de habitação para uma viagem pessoal.
Eles viajaram em maio de 2012 para Bruxelas, supostamente para o Fórum Nacional de Habitação e Interesse Social, mas durante as investigações da Operação João de Barro, que apurou um esquema de desvios na companhia municipal, confirmou que esse fórum nunca existiu.
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O Ministério Público, por meio do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), descobriu que o evento foi um pretexto para eles viajarem a lazer. Edison Gasparini Júnior e mais duas ex-funcionárias foram então condenados em primeira instância.
Em 2012, eles viajaram para Bruxelas, dizendo que receberam um convite por e-mail para participar de um fórum de habitação. Convite que teria partido da Casa Civil da Presidência da República do Brasil.
Porém, a investigação do Ministério Público comprovou que, primeiro, esse evento nunca existiu e, segundo, o e-mail com o convite foi forjado por uma das ex-funcionária. De acordo com as investigações, ela mandou do e-mail pessoal dela para o corporativo o convite, que era falso, o que depois o Ministério Público conseguiu identificar. O trio ficou seis dias na Europa.
Edison Bastos Gasparini Júnior foi presidente da Cohab de Bauru entre 2017 e 2019
Arquivo Pessoal
Na decisão do juiz José Renato da Silva Ribeiro, os três foram condenados a devolver o dinheiro que eles receberam enquanto estavam viajando, além de uma multa no valor referente a 10 vezes a última remuneração recebida por eles.
A decisão destaca que não é possível comprovar que o dinheiro da passagem foi usado com recurso público, mas, mesmo assim, o juiz pediu a devolução do salário que foi utilizado. Uma das investigadas já morreu, portanto, o juiz diz que o dinheiro deve ser retirado do espólio desta mulher.
A investigação ainda aponta que antes desse falso evento em Bruxelas, eles teriam comprado passeios em Paris e também Londres, ou seja, fizeram uma pequena viagem por países e cidades europeias antes de ir para a Bélgica.
Antes disso a investigação aponta que eles sacaram mais de R$ 64 mil, que deveria ser usado para o caixa geral da Cohab, saques esses que eram feitos há muitos anos, e só pararam em 2019, quando foi deflagrada a Operação João de Barro.
Na manhã desta quinta-feira (21), a reportagem da TV TEM entrou em contato com o advogado de Edson Gasparini Júnior para comentar sobre essa mais recente condenação do caso da viagem para a Europa, mas até o momento não obteve retorno da defesa.
Desvios milionários
Ex-presidente da Cohab de Bauru é condenado por viagem paga com verba pública
TV TEM/Reprodução
Entre os desdobramentos dessa investigação, Edison Gasparini Júnior, também já foi condenado anteriormente, inclusive, em segunda instância, por desvios milionários na companhia.
O Tribunal de Justiça de São Paulo confirmou a condenação em segunda instância do ex-presidente por ter desviado quase R$ 55 milhões. Nesse processo, ele responde pelos crimes de peculato e organização criminosa.
A pena prevista pode ultrapassar os 18 anos. Além do ex-presidente, o ex-diretor administrativo da Cohab, Paulo Sérgio Gobim, também foi condenado nesse processo.
A decisão nos dois casos cabe recurso, por isso ninguém foi preso até agora. O suposto esquema de corrupção na CoHab foi revelado em 2019 pelo Gaeco.
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