
A ONU pediu nesta sexta-feira (22) que o Brasil arque com parte dos custos exorbitantes de hospedagem em Belém. A 80 dias da Conferência do Clima, menos de 30% das nações confirmaram presença no evento.
O governo brasileiro participou de uma videoconferência fechada com a ONU e confirmou que até agora apenas 47 países têm hospedagem garantida para participar da COP em novembro. 196 países fazem parte da conferência.
A última COP, em Baku, no Azerbaijão, no ano passado, reuniu 195 países. De acordo com o comitê brasileiro, dos confirmados, 39 conseguiram hospedagem pela plataforma fornecida pelo governo federal — a maior parte formada por países em desenvolvimento. O governo não informou quais.
Na plataforma, há quartos disponíveis a partir de US$ 184, mas a maioria custa bem mais que isso. Oito países não usaram o site do governo e fecharam acordo diretamente com hotéis em Belém.
Nas plataformas de hospedagem, há casas e apartamentos cobrando mais de R$ 1 milhão pelos 11 dias de conferência.
Nas plataformas de hospedagem, há casas e apartamentos cobrando mais de R$ 1 milhão pelos 11 dias de conferência.
Jornal Nacional
O ministro do Meio Ambiente do Panamá, que é representante da ONU, afirmou em uma rede social que é: “inaceitável fingir que está tudo bem enquanto as delegações enfrentam condições impossíveis” e que os problemas de hospedagem são uma “insanidade e um insulto”.
Segundo o governo brasileiro, delegações já pediram para a Organização das Nações Unidas aumentar o subsídio, a ajuda, para que países mais pobres participem da conferência. Já a ONU quer que o Brasil pague, banque parte da hospedagem.
Após a reunião, a secretária executiva da Casa Civil descartou essa possibilidade. Miriam Belchior afirmou que a ONU fixou o valor do subsídio em US$ 144, bem abaixo do praticado em eventos similares no Brasil — US$ 229 no Rio de Janeiro e US$ 234 em São Paulo, por exemplo.
A secretária disse que o Brasil pediu que a ONU aumente a ajuda financeira às delegações que enfrentam dificuldades.
“O governo brasileiro já está arcando com custos significativos para a realização da COP e, por isso, não há como subsidiar delegações de países. Nós falamos claramente que o Brasil não tem condição, mas que essa proposta de a ONU subir um pouquinho a contribuição — que é o auxílio que ela dá aos países — em qualquer outra cidade do mundo eles pagariam. Então, por que não pagar em Belém?”, disse Miriam Belchior, secretária-executiva da Casa Civil.
O governo informou que criou uma força-tarefa para enfrentar as principais dificuldades de hospedagem em Belém e tentar ampliar o número de confirmações para a COP 30. O secretário-executivo do Observatório do Clima, Marcio Astrini, disse que o Brasil atrasou a organização.
“O Brasil precisa fazer o seu dever de casa. Não é possível que agora o Brasil esteja respondendo a questionamentos sobre hospedagens dos outros países. Não temos mais o luxo do tempo quando a gente fala em clima. Os eventos extremos não esperam as negociações dentro das salas de ar-condicionado. Isso vai avançando. O clima extremo vai fazendo vítimas ao redor do planeta. Então, não é uma opção falhar. Não é uma opção a gente não ter ambição, não tirar as coisas do papel e não entregar para a população ao redor do mundo o que precisa ser negociado e, principalmente, o que precisa ser feito”, disse Marcio Astrini, secretário-executivo do Observatório do Clima.