Cientistas detectam explosão cósmica rara e ultrabrilhante ‘próxima’ a Terra


A explosão de rádio “RBFLOAT”, originada nas proximidades da constelação da Ursa Maior
Danielle Futselaar
Um clarão cósmico extremamente raro e poderoso foi registrado por cientistas internacionais, incluindo físicos do MIT (Instituto de Tecnologia de Massachusetts). Trata-se de uma fast radio burst (FRB) — explosão rápida de rádio — detectada a cerca de 130 milhões de anos-luz, uma distância considerada ‘próxima’ a Terra, na constelação da Ursa Maior.
O fenômeno é tão luminoso que ganhou o apelido de RBFLOAT (radio brightest flash of all time, ou “clarão de rádio mais brilhante de todos os tempos”).
FRBs são emissões intensas de ondas de rádio que duram apenas milésimos de segundo, mas que podem brilhar mais do que todas as estrelas de uma galáxia juntas nesse breve instante. Apesar de estudadas desde 2007, sua origem ainda é um mistério.
A explosão mais próxima e detalhada já registrada
Segundo o professor Kiyoshi Masui, do MIT, essa é uma chance única para a ciência:
“Cosmicamente falando, essa explosão aconteceu em nosso ‘bairro’. Isso nos permite estudar em detalhes um fenômeno considerado normal no universo.”
O clarão foi detectado pelo CHIME, um conjunto de antenas localizadas no Canadá. O telescópio ganhou recentemente reforço de estações menores, chamadas CHIME Outriggers, espalhadas pela América do Norte. Juntos, formam um sistema de escala continental capaz de localizar com grande precisão a origem das explosões cósmicas.
Foi a primeira vez que a combinação entre CHIME e Outriggers conseguiu identificar não apenas a galáxia de origem, mas também a região exata dentro dela. O sinal partiu da borda da galáxia NGC 4141, em uma área próxima, mas não central, de formação de estrelas.
O que pode estar por trás
Os cientistas acreditam que magnetars — estrelas de nêutrons jovens e com campos magnéticos extremamente fortes — estejam entre os candidatos a explicar esses eventos. Como geralmente são encontrados em regiões ativas de nascimento estelar, a localização do FRB fora do núcleo desse processo sugere que a explosão pode ter vindo de um magnetar um pouco mais antigo.
“São pistas importantes. Estar na borda de uma região de formação estelar pode indicar que a fonte teve mais tempo para envelhecer”, explica Masui.
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Um evento único
Para entender melhor o fenômeno, a equipe revisou os últimos seis anos de registros do CHIME em busca de sinais repetidos na mesma região. O resultado foi negativo: o clarão parece ser um evento único.
A descoberta reacende um debate central na astronomia: alguns FRBs se repetem, enquanto a maioria ocorre apenas uma vez. Há indícios de que esses dois tipos possam ter origens diferentes.
Shion Andrew, doutorando do MIT, destaca a importância do achado:
“Estamos caminhando para localizar centenas de FRBs por ano. Quanto mais amostras tivermos, mais perto estaremos de entender toda a diversidade desses fenômenos.”
O estudo foi publicado nesta semana na revista Astrophysical Journal Letters e marca um dos avanços mais importantes na investigação de explosões rápidas de rádio desde que foram identificadas pela primeira vez.
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