
Prefeito de Igarapé Grande (MA), João Vitor Xavier, é suspeito de matar a tiros o policial militar Geidson Thiago da Silva
Arquivo pessoal
A Justiça do Maranhão decidiu manter a prisão preventiva do prefeito de Igarapé Grande, João Vitor Xavier (PDT), acusado de assassinar o policial militar Geidson Thiago da Silva, no município de Trizidela do Vale, no Maranhão, em julho deste ano.
A decisão foi divulgada nesta quarta-feira (26) e é do juiz Luiz Emilio Braúna Bittencourt Júnior, titular da 2ª Vara da Comarca de Pedreiras. João Vitor está preso preventivamente desde 15 de julho, quando se entregou à polícia.
A defesa havia pedido a revogação da prisão, alegando João Vitor era réu primário, possui residência fixa, bons antecedentes, além de estar licenciado do cargo de prefeito por 120 dias, reforçando que nessas circunstâncias, não haveria risco à ordem pública.
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Entretanto, o pedido foi negado pelo juiz. No documento, ele relatou que as circunstâncias do crime revelam a gravidade e que os bons antecedentes do prefeito, não afastam os demais elementos que justifiquem a prisão preventiva de João Vitor. O Ministério Público do Maranhão (MP-MA) havia se manifestado contra a soltura dele.
O juiz determinou ainda a retirada de postagens em redes sociais, apresentadas pela defesa, por entender que elas não tem relação com o fato apurado e que poderiam ofender a dignidade da vítima, de acordo com a Lei 14.245/2021, conhecida como Lei Mariana Ferrer.
Após a decisão, as partes foram intimadas e o MP deverá se pronunciar sobre o pedido de habilitação de assistente de acusação no prazo de cinco dias.
Prefeito foi indiciado
Prefeito é indiciado por morte de policial em vaquejada
A Polícia Civil do Maranhão concluiu o inquérito sobre o assassinato do policial militar Geidson Thiago da Silva, no município de Trizidela do Vale. As investigações concluíram que o prefeito de Igarapé Grande, João Vitor Xavier (PDT), disparou todos os tiros pelas costas da vítima.
Com a conclusão do inquérito policial, o prefeito foi indiciado por homicídio. Segundo a Secretaria de Estado de Administração Penitenciária (Seap), João Vitor está em uma cela individual com cama e banheiro.
Segundo testemunhas, João Vitor matou o PM durante uma confusão causada pelo fato de o policial ter pedido para o prefeito reduzir a luz dos faróis do carro, porque a luz forte estaria incomodando as pessoas no local.
A defesa do prefeito alega que João agiu em legítima defesa, pois o policial militar teria sacado uma arma durante a discussão. No entanto, a investigação da Polícia Civil concluiu que a vítima foi morta pelas costas.
Prisão aconteceu por força de mandado judicial
Prefeito João Vitor Xavier entra em viatura durante prisão em São Luís
O prefeito se entregou na sede da Polícia Civil, em São Luís, um dia após a Justiça aceitar o pedido de busca e apreensão e prisão preventiva realizado pela Delegacia de Pedreiras, que investiga o caso. No dia 14 de julho, o prefeito havia sido procurado na prefeitura e na casa onde mora em Igarapé Grande, mas não tinha sido encontrado.
João Vitor foi encaminhado a uma unidade prisional, em São Luís, após audiência de custódia. O g1 questionou a SEAP sobre qual penitenciária o prefeito foi encaminhado, mas a secretaria não respondeu.
O juiz Luiz Emilio Braúna Bittencourt Júnior determinou a prisão do prefeito com o objetivo de garantir a ordem pública e também para apreender a arma do crime, que ainda não foi localizada.
Prefeito João Vitor Xavier se entregando à polícia
Reprodução/Redes Sociais
Homicídio por causa de luz de farol do carro
Segundo testemunhas, João Vitor matou o policial durante uma vaquejada em Trizidela do Vale (MA), quando o PM Geidson Thiago, conhecido como ‘Dos Santos’, pediu ao prefeito para reduzir a intensidade dos faróis do carro, pois a luz estaria incomodando as pessoas presentes no local.
Relatos de testemunhas apontaram que houve uma confusão entre o prefeito e o PM, e João Vitor Xavier teria sacado uma arma e efetuado disparos contra o policial, que estava de folga. Os tiros teriam sido pelas costas.
O PM ainda chegou a ser socorrido e levado a um hospital em Pedreiras, mas devido à gravidade dos ferimentos, foi transferido para uma unidade com mais estrutura. No entanto, ele não resistiu e morreu durante o atendimento. O policial era lotado no 19º Batalhão de Polícia Militar. Ele foi sepultado no dia 8 de julho.
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Prefeito havia se apresentado à polícia, mas foi solto
Um dia após o crime, o próprio prefeito se apresentou, na Delegacia de Presidente Dutra, onde prestou depoimento, mas foi liberado. Segundo o delegado Ricardo Aragão, superintendente de Polícia Civil do Interior, ele não ficou preso, na época, porque ‘não havia flagrante’.
Prefeito de Igarapé Grande, João Vitor Xavier, de 27 anos.
Divulgação/Redes sociais
Prefeito pediu licença remunerada do cargo
Antes de ser preso, o prefeito João Vitor pediu a licença médica alegando que iria cuidar de sua defesa e para ‘tratamentos psiquiátricos’. O afastamento é pelo período de 125 dias (pouco mais de quatro meses), podendo ser interrompido com seu retorno a qualquer momento. Durante a licença, João Vitor vai continuar recebendo mensalmente o salário como prefeito, de R$ 13.256,08 (líquido).
No documento, o prefeito alegou que está “profundamente abalado (…), circunstância que demanda cuidados médicos específicos, sobretudo por ser um paciente bariátrico”, disse.
No dia 9 de julho, a Câmara Municipal de Vereadores de Igarapé Grande aceitou o pedido de licença, por unanimidade, e empossou a vice, Maria Etelvina.
O que diz a defesa
A defesa do prefeito alega que João agiu em legítima defesa, pois o policial militar teria sacado uma arma durante uma discussão relacionada ao farol ligado do carro do prefeito. No entanto, a investigação da Polícia Civil concluiu que a vítima foi morta pelas costas.
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No depoimento prestado à Polícia Civil, João afirmou que jogou a arma no local do crime, mas o armamento ainda não foi encontrado. Imagens de uma câmera de segurança (veja abaixo), registradas no dia do crime, também não mostram o prefeito descartando a arma em nenhum ponto da cena.
Prefeito de Igarapé Grande é suspeito de matar PM em vaquejada
Em relação à posse da arma, João afirmou que o revólver calibre .38, utilizado no crime, havia sido adquirido há dois anos, como um presente de um eleitor. O prefeito também declarou que a arma não possuía registro nem autorização para posse.
Uma das imagens coletadas pela polícia mostra um homem, que seria o prefeito João Vitor, se dirigindo até um carro preto, de onde parece pegar um objeto. Em seguida, ele caminha em direção a um grupo de pessoas, onde há uma aglomeração e, por fim, corre de volta ao veículo e vai embora.
De acordo com o delegado de Pedreiras, Diego Maciel, as imagens foram registradas no local da vaquejada onde estavam o policial militar e o prefeito.