
Ilana Gritzewsky, à esquerda, ex-refém do Hamas, segura uma foto dela e de seu parceiro em protesto enquanto o embaixador argelino nas Nações Unidas, Amar Bendjama, fala sobre Maryam Abu Daqqa, uma das jornalistas mortas em Gaza, ao discursar no Conselho de Segurança das Nações Unidas
REUTERS/Angelina Katsanis
Todos os membros do Conselho de Segurança da ONU, exceto os Estados Unidos, afirmaram nesta quarta-feira (27) que a fome em Gaza é uma “crise provocada pelo homem”.
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Em uma declaração conjunta, 14 dos 15 países membros do conselho pediram um cessar-fogo imediato, incondicional e permanente, a libertação de todos os reféns mantidos pelo Hamas e outros grupos terroristas, um aumento substancial de ajuda em Gaza e que Israel suspenda imediata e incondicionalmente todas as restrições à entrega de ajuda.
Eles também alertaram que o uso da fome como arma de guerra é proibido pelo direito internacional humanitário.
China, França, Rússia, Reino Unido e Estados Unidos são membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU. Os outros dez membros são eleitos para mandatos de dois anos pela Assembleia Geral e no momento são: Argélia, Dinamarca, Grécia, Guiana, Paquistão, Panamá, República da Coreia, Serra Leoa, Eslovênia e Somália.
Ramiz Alakbarov, coordenador especial da ONU para o processo de paz no Oriente Médio, afirmou na reunião desta quarta que o horror o território palestino “continua a se deteriorar a níveis nunca vistos na história recente”. Ele condenou a ofensiva israelense que avança pela capital da Faixa de Gaza:
“Inimaginavelmente, a população de Gaza está agora enfrentando outra escalada mortal. Para uma população que já luta para sobreviver, os palestinos em Gaza estão vendo seus piores medos se tornarem realidade diante de seus olhos. A expansão das operações militares na Cidade de Gaza terá consequências catastróficas, incluindo o deslocamento de centenas de milhares”.
Ofensiva de Israel continua
Fumaça é vista na Cidade de Gaza após bombardeio de Israel, em 13 de agosto de 2025.
Dawoud Abu Alkas/ Reuters
Um porta-voz do Exército de Israel afirmou nesta quarta-feira (27) que a evacuação da Cidade de Gaza, a mais populosa do território palestino, é “inevitável”, enquanto tanques avançaram mais sobre a cidade, segundo a agência de notícias Reuters.
“A evacuação da Cidade de Gaza é inevitável, e, portanto, cada família que se mudar para o sul receberá a maior assistência humanitária possível, que está sendo organizada nestes dias. O Exército de Defesa começou a introduzir tendas, preparar áreas para a criação de complexos de distribuição de ajuda humanitária, instalar rede de água, entre outros”, afirmou o porta-voz Avichay Adraee em comunicado.
A ONU afirma que o deslocamento forçado em massa de palestinos, como o que pode ocorrer na Cidade de Gaza, pode configurar um crime de guerra. Milhares de palestinos já fugiram da cidade, mas líderes religiosos disseram nesta quarta-feira que permaneceriam no local, pois deixar Gaza e tentar fugir para o sul seria “nada menos que uma sentença de morte”.
Na madrugada desta quarta, tanques israelenses entraram no bairro Ebad-Alrahman, uma nova região da periferia da Cidade de Gaza, e bombardearam casas, o que deixou feridos e causou a fuga de moradores do local, afirmaram testemunhas à Reuters. Moradores do bairro de Zeitoun relataram à agência AFP bombardeios noturnos intensos de aviões e drones.
Israel busca tomar a Cidade de Gaza como próximo grande passo na guerra contra o grupo terrorista Hamas —posteriormente, o objetivo é controlar todo o território palestino, segundo o governo do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu. O Exército israelense disse na semana passada que já iniciou os “primeiros estágios” da tomada da cidade. (Leia mais abaixo)
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, fará uma reunião nesta quarta com membros de seu governo para discutir um plano “muito abrangente, robusto e bem-intencionado” para o pós-guerra em Gaza, segundo o enviado especial para o Oriente Médio, Steve Witkoff. Ele disse à TV americana Fox News que os EUA esperam que o conflito entre Israel e Hamas termine até o final do ano.
Tanques israelenses se concentram na fronteira com a Faixa de Gaza em 26 de agosto de 2025.
REUTERS/Amir Cohen
A Cidade de Gaza, que abriga mais de um milhão de palestinos, incluindo muitos deslocados pela guerra, enfrenta um aumento de bombardeios israelenses desde o dia 8 de agosto, quando o governo Netanyahu aprovou os planos para tomar a cidade.
Diversos países da comunidade internacional e o papa Leão XIV fizeram apelos nos últimos dias para Israel parar com a guerra e aceitar uma proposta de cessar-fogo com libertação de alguns reféns em poder do Hamas, aceita pelo grupo terrorista em meados de agosto. Netanyahu, no entanto, afirmou que tomará a Faixa de Gaza de qualquer maneira e seu objetivo agora é obter a libertação de todos os reféns de uma vez.
O ministro da Defesa israelense, Israel Katz, prometeu na semana passada destruir a Cidade de Gaza caso o Hamas não aceite o fim da guerra sob as condições do país.
Tomada da Cidade de Gaza
Fumaça é vista após uma explosão durante uma operação israelense, na Cidade de Gaza nesta segunda (25)
REUTERS/Dawoud Abu Alkas
A tomada da cidade, que prevê uma ampla operação terrestre com tanques, soldados e intensos bombardeios, integra plano para captura total do território palestino aprovado pelo gabinete do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, no início de agosto, e vem sendo preparado pelas Forças Armadas desde então.
Também nesta quarta-feira, o gabinete do Netanyahu ordenou ao Exército a “redução dos prazos” para assumir o controle de redutos do Hamas e derrotar o grupo terrorista palestino. O comunicado do governo, no entanto, não especificou quais são as novas datas.
Segundo Defrin, a nova ofensiva entrou em seus “primeiros estágios” após um confronto com o grupo terrorista Hamas, porém não deu mais detalhes. Israel ainda se prepara para lançar a ofensiva com força total, e para isso convocou outros 60 mil reservistas nesta quarta.
A operação militar na Cidade de Gaza e seus arredores será “progressiva, precisa e seletiva”, explicou um comandante militar israelense nesta quarta. “Alguns destes locais são zonas nas quais não operamos anteriormente, onde o Hamas ainda mantém capacidade militar”, detalhou. A operação “vai continuar até 2026”, antecipou a rádio militar.
Algumas horas depois do anúncio israelense, o Hamas se pronunciou e afirmou que o plano de conquista de Gaza mostra o “desrespeito flagrante” de Israel pelos esforços de mediação. Há dois dias, o grupo terrorista concordou com a proposta de cessar-fogo proposta pelo Egito e pelo Catar.
Há alguns dias, a Cidade de Gaza vem sendo alvo de intensos bombardeios, a exemplo dos bairros de Zeitun e Al Sabra, atingidos nas últimas horas, segundo relatos os moradores a agências de notícias.
A tomada total e gradual de Gaza ocorre após o comandante do Estado-Maior das Forças Armadas israelenses, o tenente-general Eyal Zamir, ter discordado de Netanyahu sobre qual seria o próximo passo para buscar a vitória total contra o Hamas.
Zamir tinha receios de que uma investida expandida contra a Cidade de Gaza colocaria em perigo as vidas dos reféns que ainda estão sob poder do Hamas, porém, disse na semana passada que governo e Exército estão unidos em prol do objetivo.
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