
Samira Mendes Khouri tem três tatuagens em homenagem a Pedro Camilo
Reprodução/TV Globo
A médica Samira Mendes Khouri, espancada pelo namorado fisiculturista Pedro Camilo Garcia, tem três tatuagens em homenagem ao agressor. Ela pretende remover os desenhos. Ao g1, a jovem contou que as tattoos foram feitas a pedido de Pedro como espécie de prova de amor. Ele também tem uma tatuagem para a médica.
As agressões ocorreram na madrugada de 14 de julho, em um apartamento alugado pelo casal em Moema, na capital paulista. A vítima foi socorrida por policiais militares e internada na cidade até o dia 16, sendo posteriormente transferida para Santos, onde mora. Ela recebeu alta em 27 de julho.
Durante o ataque, Pedro Camilo fraturou um osso da mão. Ele fugiu para Santos, mas acabou detido pela Polícia Militar. Em audiência de custódia, ele teve a prisão em flagrante convertida para preventiva. Pedro Camilo foi denunciado pelo Ministério Público de São Paulo (MP-SP) por tentativa de feminicídio, com emprego de meio cruel e por motivo fútil.
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Ao g1, Samira contou que conheceu o fisiculturista em uma festa. “Tínhamos nos seguido no Instagram, depois nos encontramos na mesma academia e começamos a conversar”, relembrou a médica.
O casal começou o relacionamento em outubro de 2023 e, durante o namoro, Pedro sugeriu que a médica fizesse tatuagens em homenagem a ele.
“Ele disse que se eu não fizesse, não o amava o suficiente. Ele queria que todo mundo que me olhasse visse que tinha o nome dele, que aí, iriam saber que tinha namorado”, disse Samira.
Em contrapartida, a médica contou que o fisiculturista tem apenas uma tatuagem sobre ela: o desenho do beijo da médica, feito no pescoço. Depois das agressões, ela deseja remover as tatuagens. “Ainda não sei se vou cobrir com algum desenho com a minha mãe, ou se eu vou fazer a remoção, mas eu pretendo fazer isso logo. Estou primeiro me estabilizando, me recuperando e depois vou tirar”, disse.
Samira Mendes Khouri tem três tatuagens em homenagem a Pedro Camilo
Arquivo Pessoal
Confira as tatuagens de Samira:
O nome Pedro no antebraço;
O desenho do beijo dele debaixo do nome, também no antebraço;
A inicial dele, ou seja, letra P, no ombro.
Vídeo mostra fisiculturista com mão quebrada em fuga após 6 minutos espancando namorada
Relato da vítima
A médica disse que o então namorado chegou nervoso no apartamento após ter sido expulso de uma balada LGBTQIA+. Ele teria arrumado uma confusão no evento porque sentiu ciúmes de um homem que, segundo Samira, era homossexual.
Já dentro do apartamento, segundo o relato, Pedro deu o primeiro soco e a vítima caiu no chão, onde continuou a ser espancada após perder os sentidos. Ela alega que, em determinado momento, retomou a consciência e percebeu que ainda estava sendo agredida.
A médica decidiu fingir estar desmaiada por medo de ser morta por Pedro. Samira pensou que se o fisiculturista a estava agredindo daquela forma achando que ela estava desacordada, poderia fazer pior ao perceber que estava consciente.
As agressões duraram aproximadamente seis minutos e a vítima lembra de Pedro ter dado mais de dez socos após a médica acordar. Em seguida, ele fugiu com o celular e o carro de Samira, que disse acreditar que o fisiculturista provavelmente não gostaria que ela fosse socorrida.
Samira Mendes Khouri, de 27 anos, foi espancada pelo ex-namorado Pedro Camilo, de 24, em São Paulo (SP)
g1
Pedro foi preso na Avenida Presidente Wilson, no bairro José Menino, em Santos, no dia 14 de julho. Ele deixou a capital paulista após cometer o crime.
O g1 obteve as imagens do Controle Operacional (CCO) da Prefeitura de Santos, que auxiliaram na prisão do fisiculturista, e registraram a detenção (assista abaixo).
Defesa
Ao g1, o advogado Eugênio Malavasi, que representa o acusado, informou que a defesa somente irá se manifestar “no momento processual oportuno”.
Vídeo flagra prisão de fisiculturista durante fuga após espancar a namorada médica
Recuperação
A médica de 27 anos ainda sofre com sequelas físicas e deverá passar por novas cirurgias reparadoras. De acordo com a advogada dela, Gabriela Manssur, Samira começou a retomar a memória sobre as agressões e se movimentar com mais segurança.
A vítima, que já foi submetida a diversas cirurgias no nariz, olhos, arcada dentária e seios da face, está sob os cuidados da família em casa.
De acordo com Gabriela, a médica deverá passar por outras intervenções cirúrgicas futuramente. “Ainda apresenta intenso abalo emocional, intensas sequelas físicas e, obviamente, passará ainda por algumas outras cirurgias reparadoras que serão avaliadas no decorrer do seu desenvolvimento”.
Justiça
Pedro Camilo teve o pedido de habeas corpus negado pela Justiça e segue preso no Centro de Detenção Provisória (CDP) de São Vicente, no litoral de São Paulo.
Ao g1, o advogado Eugênio Malavasi informou que a defesa impetrará uma nova ordem de habeas corpus perante o Superior Tribunal de Justiça (STJ), alegando a possibilidade da conversão da prisão preventiva por medidas cautelares diversas.
Por outro lado, a advogada da vítima celebrou a decisão da 7ª Câmara do TJ-SP. “É a segurança da própria vítima e de sua família e também a resposta do poder judiciário para a sociedade que vê diariamente mulheres sendo agredidas, espancadas e, infelizmente, sendo mortas nas mãos dos seus parceiros ou ex-parceiros”, disse Gabriela em entrevista ao g1.
O que é feminicídio?
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