MP apura nova denúncia de negligência em maternidade no AC onde bebê sofreu queimaduras durante o banho; Saúde nega


Atendimento na maternidade virou alvo novamente de denúncias de supostas negligências
Adelcimar Carvalho/g1
O Ministério Público do Acre (MP-AC) instaurou um procedimento para apurar a morte de uma recém-nascida no Hospital da Mulher e da Criança Irmã Maria Inete, em Cruzeiro do Sul, interior do Acre, no último dia 14. A mãe acusa a equipe médica de negligência.
A unidade de saúde é a mesma onde a bebê Aurora Maria sofreu queimaduras de 2º e 3º graus durante o banho no dia 22 de junho. (Veja mais abaixo)
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Em nota, a Secretaria de Saúde do Acre (Sesacre) negou negligência e informou ainda que a bebê precisou de cuidados intensivos após o nascimento.
A Sesacre disse ainda que, durante a internação, a recém-nascida passou por exame de ultrassonografia, que não detectou lesões ou fraturas na cabeça. “A Sesacre está à disposição para prestar todos os esclarecimentos necessários aos familiares e aos órgãos de controle”, concluiu a nota.
Ainda conforme o MP-AC, a mãe diz que o parto ocorreu no dia 1º de julho e a conduta da equipe médica teria resultado em complicações à recém-nascida. A criança ficou internada na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) após o parto.
“A família foi tratada de forma desrespeitosa por profissionais da unidade e teria sido impedida de acompanhar procedimentos e de receber informações claras sobre o estado de saúde da criança”, informou o MP.
O g1 entrou em contato com a mãe, contudo, ainda muito abalada pela morte da bebê, ela preferiu não falar sobre o caso.
A reportagem apurou que a mãe da bebê mora na zona rural de Cruzeiro do Sul e chegou a ir ao hospital pela primeira no dia 19 de junho já com contrações. Ela ficou internada durante dois dias e recebeu alta.
Após dois dias, a mulher retornou para a maternidade, mas foi liberada novamente. No dia 1º de julho, a mãe deu entrada mais uma vez na unidade de saúde para tentar ter a filha. Segundo a denúncia, a mãe diz que uma enfermeira forçou a retirada da bebê na hora do parto, o que teria causado lesões na cabeça da criança.
Polícia Civil investiga caso de recém-nascida internada na UTI após banho
Caso Aurora
Outro caso de grande repercussão que envolve o atendimento na maternidade de Cruzeiro do Sul é da bebê Aurora Maria. Ela nasceu no dia 21 de junho na unidade de saúde.
No dia 22, após ser avaliadas pelos médicos e receber alta, ela tomou um banho com uma técnica de enfermagem. Após o banho, a bebê teve parte da pele das pernas e dos pés deslocada do corpo.
A Saúde do Acre chegou a levantar a possibilidade da bebê ter epidermólise bolhosa, uma doença genética e hereditária rara, que provoca a formação de bolhas na pele.
Aurora Maria foi internada após banho em maternidade de Cruzeiro do Sul
Arquivo pessoal
O pai da menina, Marcos Silva Oliveira, registrou um boletim de ocorrência contra o hospital pelos ferimentos. No dia 23 de junho Aurora foi transferida para Rio Branco devido à gravidade do quadro. O Ministério Público do Acre (MP-AC) começou a investigar o caso e a servidora foi afastada do cargo.
A Polícia Civil instaurou um inquérito, ouviu servidores da unidade de saúde e a técnica de enfermagem que deu banho na criança foi afastada do cargo. Testemunhas confirmaram que a temperatura da água estava elevada.
Já no dia 25, Aurora foi enviada de UTI aérea para o Hospital João XXIII, em Belo Horizonte, Minas Gerais, para seguir com o tratamento na unidade especializada em queimados. No dia 28 do mesmo mês, a bebê teve uma parada cardíaca, passou cerca de 39 minutos sem batimentos cardíacos e voltou a respirar após os procedimentos de reanimação da equipe médica.
No dia 5 de julho, o secretário de Saúde do Acre, Pedro Pascoal, confirmou ao g1 que as lesões que surgiram nos pés e nas pernas da bebê foram causadas pela água quente utilizada no banho e que sofreu queimaduras de 2º e 3º graus.
Após quase um mês do caso, Aurora segue internada em Belo Horizonte se recuperando das lesões. No último dia 10, a menina passou por um enxerto de pele nos dedos dos pés no Hospital João XXIII.
Ainda há a possibilidade de amputação de alguns dedos por conta dos ferimentos. Contudo, a família diz que os médicos seguem avaliando e aguardando a reação do corpo da menina ao enxerto.
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