
Jeffrey Epstein: quem foi, quais crimes cometeu e qual a associação com Trump
O Wall Street Journal anunciou nesta sexta-feira (18) que se defenderá “vigorosamente” após o processo por difamação apresentado pelo presidente americano Donald Trump.
A ação foi motivada por uma reportagem publicada um dia antes, na qual o jornal afirma que Trump teria enviado, em 2003, uma carta ao financista Jeffrey Epstein, acusado de crimes sexuais, com um desenho de uma mulher nua e uma mensagem enigmática (leia trecho da carta).
“Temos plena confiança no rigor e na precisão de nosso trabalho jornalístico e nos defenderemos vigorosamente contra qualquer ação”, disse um porta-voz do Dow Jones, o grupo proprietário do jornal americano, que faz parte do conglomerado de mídia do magnata Rupert Murdoch.
Trump exige uma indenização pelo menos US$ 10 bilhões (cerca de R$ 55,8 bilhões), valor que, segundo a equipe do presidente americano, corresponde aos danos financeiros e reputacionais causados pela reportagem.
O que diz a reportagem do WSJ sobre Trump e Epstein
Donald Trump aparece em uma festa ao lado de Jeffrey Epstein.
Reprodução/Netflix
Segundo o Wall Street Journal, a carta estava incluída em um álbum comemorativo organizado por Ghislaine Maxwell, então parceira de Epstein, para celebrar seus 50 anos. O material teria sido obtido por investigadores do Departamento de Justiça anos depois, embora não se saiba se ele chegou a ser revisado durante o governo Trump.
O jornal descreve a carta como contendo uma mensagem datilografada dentro da silhueta de uma mulher nua desenhada à mão, com a assinatura “Donald” posicionada abaixo da cintura da figura. A mensagem termina com a frase: “Feliz aniversário — e que cada dia seja mais um maravilhoso segredo.”
Além disso, a reportagem apresenta um suposto diálogo fictício entre Trump e Epstein, em que os dois trocam frases sobre segredos, amizade e enigmas. “Temos certas coisas em comum, Jeffrey”, diria Trump, ao que Epstein responderia: “É verdade, pensando bem.” O tom da carta foi interpretado por Trump como inventado e ofensivo.
Reação de Trump e ataques a Rupert Murdoch
Ao próprio jornal, o presidente declarou: “Nunca pintei um quadro na minha vida. Não desenho mulheres. Não é a minha linguagem. Não são as minhas palavras.”
Em publicação no Truth Social, Trump também atacou o dono do grupo proprietário do jornal, o magnata da mídia Rupert Murdoch, e afirmou estar ansioso para vê-lo testemunhar: “Será uma experiência interessante.” O presidente classificou o Wall Street Journal como um “monte de lixo”.
Pressão por transparência no caso Epstein
O processo ocorre em meio a crescente pressão pública para que o governo americano divulgue integralmente os documentos relacionados ao caso Jeffrey Epstein. Na véspera do processo, Trump ordenou que a Procuradoria-Geral dos EUA pedisse à Justiça a liberação dos depoimentos prestados ao grande júri. A moção foi apresentada pelo procurador-geral adjunto Todd Blanche, que classificou os documentos como “peças cruciais de um momento importante na história da nossa nação.”
Embora a liberação parcial de transcrições seja possível, o próprio Departamento de Justiça informou que não há uma lista de clientes de Epstein nos arquivos revisados — contrariando insinuações anteriores da procuradora-geral Pam Bondi e frustrando apoiadores de Trump, muitos dos quais compartilham teorias da conspiração sobre o caso.
Relações passadas e campanha eleitoral
Trump e Epstein foram próximos nos anos 1990, como mostram registros de voos e fotos públicas. Durante a campanha eleitoral de 2024, Trump prometeu divulgar uma lista com os nomes de pessoas envolvidas no esquema de exploração sexual que teria sido liderado por Epstein. Em fevereiro deste ano, alguns documentos vieram a público, mas sem implicar diretamente o presidente, que não é investigado formalmente no caso.
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