Vídeo mostra mar ‘brilhando’ e cena encanta banhistas no Paraná


Vídeo mostra mar ‘brilhando’ e cena encanta banhistas no Paraná
Na noite de um dia comum em Guaratuba, no litoral do Paraná, a natureza preparou um espetáculo raro e hipnotizante. Imagens registradas por André Wasileskie e Hugo Inácio, na praia em frente ao Iate Clube, mostram um brilho azul intenso cortando as ondas, como se fosse efeito especial de cinema.
Mas não se trata de truque. O fenômeno é real, natural e recebe o nome de bioluminescência. O brilho azulado mostrado no vídeo geralmente vem de microalgas do gênero Noctiluca e Pyrocystis – organismos microscópicos inofensivos que, quando agitados pela movimentação da água, produzem luz através de uma reação química.
Microalga do gênero Pyrocystis
Charlotte Kirchner / iNaturalist
“A luz é emitida quando a agitação da água mistura duas substâncias dentro da célula das microalgas: a proteína luciferina e a enzima luciferase. Na reação, a primeira oxida a segunda”, explica o biólogo Rafael Metri, vice-presidente da Associação MarBrasil.
“Nesse caso, não são algas tóxicas. Então não tem problema a gente por a mão na água e aproveitar essa paisagem criada por elas”, afirma.
À noite, com as ondas e o movimento dos banhistas, o mar parece ganhar um rastro luminoso. Mas o brilho das microalgas no mar não é um fenômeno exclusivo do Paraná. No Brasil, ele já foi visto em praias de Santa Catarina, Rio de Janeiro, São Paulo, Espírito Santo, Bahia, Pernambuco, Ceará e Rio Grande do Norte.
Noctiluca scintillans, espécie de microalga do gênero Noctiluca
zichen1 / iNaturalist
“Essa luz é bem visível à noite quando há grande quantidade dessas microalgas e a água é movimentada. É um mecanismo natural que provavelmente ajuda a afastar predadores”, acrescenta o especialista.
A ocorrência de bioluminescência é influenciada por diversos fatores ambientais, como temperatura da água, nutrientes disponíveis e atividade dos dinoflagelados. Portanto, a observação desse fenômeno pode variar de ano para ano e de local para local.
Dinoflagelados tóxicos
Segundo o pesquisador, diferentemente das algas que brilham, algumas espécies de dinoflagelados podem produzir toxinas durante períodos de grande proliferação. Esses períodos são chamados de “florações” ou “marés vermelhas”, que apesar do nome, podem ser também azuis, verdes ou alaranjadas a depender a espécie que está se proliferando.
Fenômeno ‘maré vermelha’ registrado em Ilhabela, no Litoral Norte de SP, em março deste ano
Rafael Mesquita
“Ostras e mexilhões, ao se alimentarem dessas microalgas, podem concentrar essas toxinas e, portanto, não devem ser consumidos pelas pessoas nessas condições. Normalmente os moluscos não sofrem maiores danos, mas a toxina pode causar náuseas, vômitos e dores abdominais nas pessoas, e até casos mais graves”, alerta Metri.
Contudo, como é um fenômeno temporário, quando as condições do ambiente voltam ao normal, ele afirma que os frutos do mar podem ser consumidos sem preocupação. “Por isso, é importante um monitoramento constante e informes atualizados dessas condições”, completa.
Pequeninas e essenciais
Nas águas de mares, rios e lagos há uma comunidade de organismos muito abundante e diversa conhecida como plâncton. São pequenos organismos que se locomovem principalmente pela força das correntes aquáticas. Aqueles fotossintetizantes, unicelulares, normalmente chamados de algas (ou microalgas nesse caso), compõe o fitoplâncton.
Mais do que um show de luzes, essas microalgas cumprem um papel vital para a vida na Terra. Isso porque o fitoplâncton, grupo ao qual pertencem, é responsável por cerca de metade do oxigênio produzido no planeta, representando o verdadeiro “pulmão do mundo”.
Além disso, Metri explica que esses organismos aparecem como a base da cadeia alimentar marinha, servindo como alimento para zooplânctons e uma diversidade de outras espécies animais
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