Veja os principais pontos do depoimento do padre Patrick Fernandes na CPI das Bets


Patrick foi convidado após publicar um vídeo, na última semana, afirmando que gostaria de contribuir com a comissão, porque conhecia muitas famílias endividadas. Padre e influenciador digital Patrick Fernandes em pronunciamento à mesa na CPI das Bets.
Carlos Moura/Agência Senado
O padre Patrick Fernandes, fenômeno nas redes sociais, prestou depoimento na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) das Bets, no Senado, nesta quarta-feira (21). Ele foi ouvido a convite, após publicar nas redes sociais que gostaria de contribuir com a comissão.
A participação do sacerdote nas discussões tinha como objetivo fazer um contraponto a outras manifestações na CPI, com objetivo de trazer a reflexão sobre como o crescimento das apostas online é uma questão de saúde pública.
Após os depoimentos de Virginia Fonseca e Rico Melquiades, a CPI também tem outros 18 influenciadores digitais e famosos na lista de convocados e convidados.
🔎 A CPI investiga a promoção de jogos de azar online feita por influenciadores digitais. A prática é considerada problemática, especialmente porque muitos dos seguidores são menores de idade ou pessoas vulneráveis a problemas com jogos.
➡️Além disso, também investiga eventuais irregularidades nos contratos de publicidade, que seriam atrelados ao quanto os apostadores perdem.
Convite para participar
Patrick foi convidado após publicar um vídeo, na última semana, afirmando que gostaria de contribuir com a comissão, porque conhecia muitas famílias endividadas.
Além disso, ele relatou que, enquanto uma personalidade com muitos seguidores nas redes sociais, recusou pedidos de divulgação de sites de aposta.
Quem é Padre Patrick, fenômeno da internet que presta depoimento na CPI das Bets
Padre Patrick fala sobre convite para participar da CPI das Bets em Brasília
Principais pontos do depoimento
Impacto do vício em jogos
Patrick Fernandes iniciou sua fala destacando o impacto significativo da publicidade de apostas no Brasil. Ele ressaltou que, apesar da grande exposição, muitas pessoas — incluindo ele — se recusam a promover esse tipo de conteúdo por convicções éticas e morais.
Ele afirmou que, em sua experiência enquanto religioso, observa que homens adultos são o grupo que mais apresenta dificuldades com o vício em apostas online.
No entanto, destacou também a vulnerabilidade dos jovens, especialmente nas regiões Norte e Nordeste, onde há menos oportunidades e maior exposição a promessas ilusórias.
“Existe um caso, a meu ver, de saúde pública. Eu acho que o senhor, médico, pode até dizer melhor a respeito disso, né? Porque não é um padre que está falando. Isso são dados científicos. Se não querem acreditar num padre, a ciência está aí para isso. Hoje a ludomania é classificada como uma doença, um transtorno mental, que é justamente o vício nos jogos e os estragos que isso pode causar na vida de uma pessoa. E é isso que está acontecendo de forma muito não velada, mas de forma rasgada mesmo, e assim a gente está testemunhando isso”, afirmou.
Ofertas nas redes sociais
O sacerdote revelou ter sido procurado por plataformas de apostas, inclusive com propostas vultosas: chegou a receber uma oferta de R$ 560 mil, quando ainda não tinha um milhão de seguidores.
“Eu me lembro de uma proposta de valor, eu não saberia dizer qual delas — depois eu posso ver —, que me procurou me oferecendo, naquela época, que foi bem no início, que acho que eu ainda não tinha 1 milhão de seguidores no Instagram, R$560 mil, naquela época, para divulgar”, afirmou.
A proposta incluía divulgação duas vezes por semana por meio de stories. Ele recusou, e orientou sua equipe a nem sequer repassar esse tipo de contato. Segundo ele, as abordagens continuam sendo feitas diariamente, principalmente via mensagens diretas nas redes sociais.
“Agora, se você pega, por exemplo, o Instagram, nos directs, aí todo dia vai ter uma mensagem: “Ah, eu sou gerente tal, plataforma tal, nós vimos o seu perfil”, existe um aliciamento por detrás disso”, relatou.
Função social dos influenciadores
Segundo Padre Patrick, é necessário que mais influenciadores se posicionem contra as apostas, especialmente os que têm grande alcance. Para ele, as recomendações tradicionais, sobre limitações de idade ou responsabilidade na hora de jogar são “totalmente ineficazes”.
Ele recomendou a proibição legislativa desse tipo de propaganda nas redes sociais.
“Eu acho que deveria ter uma restrição maior por parte… Aí vocês estão certos em restringir horário, esse tipo de coisa. E aí eu não sei até que ponto isso é possível, seria proibido influenciadores divulgarem, eu acho que seria o meio talvez que deveria… Acho que deveria ser proibido divulgar casas de apostas”, avaliou.
Os demais parlamentares concordaram com a preocupação do padre, e defenderam que, para as próximas sessões, os donos das bets são as pessoas que devem ser obrigadas a prestar esclarecimentos.
Adicionar aos favoritos o Link permanente.