Polícia apura se seguranças de autódromo, vendedores ou frequentadores estão envolvidos em homicídio; ‘Morte foi lenta’


Informações foram dadas nesta quarta (18) durante coletiva no Departamento Estadual de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), que investiga morte do empresário Adalberto Amarilio Júnior como assassinato. A Justiça decretou sigilo nas investigações. Polícia passa a investigar morte de Adalberto Amarilio como homicídio
A Polícia Civil investiga se seguranças, vendedores ou frequentadores estão envolvidos no homicídio do empresário que desapareceu num evento de motociclismo e acabou encontrado sem vida num buraco do Autódromo de Interlagos, na Zona Sul de São Paulo.
Ainda segundo a investigação, a morte de Adalberto Amarilio Júnior, foi “lenta”. As informações foram dadas nesta quarta-feira (18) durante coletiva de imprensa no Departamento Estadual de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), que investiga o caso como assassinato. A Justiça decretou sigilo nas investigações.
Adalberto Amarilio Júnior havia sumido em 30 de maio depois de ir a um festival sobre motos no autódromo. Seu corpo foi encontrado em 3 de junho dentro de um buraco por um funcionário da obra.
“Uma das linhas é eventualmente ele ter se envolvido numa briga, que pode ser com segurança e pode não ser com segurança. A linha dos seguranças é uma das diretrizes. Ou ele arrumou uma confusão e certamente foi colocado num buraco por um frequentador do evento. Ou um vendedor que tinha barraca de coisas…. pode ser uma pessoa que vai sempre ao kartódromo de Interlagos”, falou o delegado Rogério Thomaz na coletiva.
Até o momento, nenhum suspeito pelo crime foi identificado ou preso. “Enquanto a gente não chegar à autoria não dá para falar nada”, disse Rogério.
Uma das hipóteses investigadas pelo Departamento Estadual de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) é a de que alguém colocou Adalberto no espaço de 3 metros de profundidade por 70 centímetros de diâmetro. O cadáver foi encontrado sem calça nem tênis.
‘Morte sofrida, lenta’
Corpo de empresário foi encontrado em buraco no Autódromo de Interlagos.
Reprodução
A Polícia Civil investiga se seguranças estão envolvidos no homicídio do empresário encontrado orto num buraco no Autódromo de Interlagos, na Zona Sul de São Paulo .
Ele tinha 35 anos, era casado e dono de óticas. Laudo pericial da Polícia Técnico-Científica divulgado na terça-feira (17) concluiu que Adalberto teve uma morte violenta por asfixia.
“Foi uma morte sofrida mesmo, lenta”, disse o delegado Osvaldo Nico Gonçalves, secretário-executivo da Segurança Pública (SSP).
A delegada Ivalda Aleixo, diretora do DHPP, reforçou que peritos da Polícia Técnico-Científica lhe disseram que, provavelmente, foi “uma morte agonizante, lenta, que ele podia estar desmaiado, tentando respirar, mas ele acaba falecendo”.
A polícia investiga se essa asfixia foi causada por esganadura ou se ocorreu devido a uma compressão torácica. Segundo policiais que investigam o caso, foram encontradas escoriações no pescoço de Adalberto, que sugerem uma possível esganadura cometida por outra pessoa. Outra possibilidade é a de que alguém possa ter comprimido o pulmão do empresário com o joelho.
“Talvez uma constrição no pescoço, que vai para aquela ideia do ‘mata-leão’ [golpe no qual se usa os braços para imobilizar alguém]”, declarou Ivalda. “A gente tem aí o sufocamento como a causa da morte dele.”
Nas duas situações, o DHPP trabalha com a hipótese de que Adalberto pode ter sido agredido e tenta saber se ele morreu antes ou depois de ter sido colocado no buraco.
“Ele pode ter morrido antes de ter sido colocado no buraco ou no próprio buraco, ter sido colocado com vida e tenha morrido posteriormente”, disse o delegado Rogério Thomaz.
Dos 180 seguranças que atuaram no evento, 100 deles já foram descartados como possíveis suspeitos. Análise feita nos celulares deles indicaram que estavam fora do local do crime. Parte deles já prestou depoimento. O DHPP investiga se o restante do grupo, assim como vendedores e eventuais frequentadores, podem ter tido alguma participação na morte do empresário.
Câmeras de segurança gravaram os últimos momentos do empresário caminhando no estacionamento do lugar (veja vídeo nesta reportagem).
Uma das hipóteses investigadas pelo DHPP é a de que Adalberto, que deixou o carro em área proibida do kartódromo, anexo ao autódromo, pode ter passado pelas interdições feitas por causa da obra e alguém pode ter chamado a atenção dele e se desentendido com o empresário.
Ainda segundo a perícia, não foram encontradas lesões traumáticas nem indícios de violência sexual. De acordo com os laudos, os joelhos de Adalberto foram feridos quando ele estava vivo, o que sugere, de acordo com a investigação, que a vítima pode ter sido obrigada a se ajoelhar ou foi arrastada.
Em novembro de 2024, um catador de materiais recicláveis foi espancado e morto por dois funcionários da seguranças do autódromo, segundo investigação da polícia.
Bebida e droga
Polícia colhe novos depoimentos sobre morte de empresário em Interlagos
Rafael Aliste, amigo do empresário, e que se encontrou com ele no evento, contou em depoimento à polícia, que os dois tomaram oito cervejas e fumaram maconha e que Adalberto estaria “alterado”. Os exames periciais, no entanto, não detectaram álcool nem droga no organismo da vítima.
Rafael não é considerado suspeito pela polícia, mas sim uma testemunha que está colaborando com a investigação.
Segundo policiais, o fato de a perícia não ter encontrado álcool nem droga em Adalberto tem uma explicação: quando os testes foram feitos, as substâncias já haviam desaparecido naturalmente devido ao tempo passado até a coleta. O DHPP sabe, no entanto, que Rafael e Adalberto realmente beberam porque verificaram essa informação nas comandas do evento e nos débitos bancários deles.
Laudos periciais
Possibilidade de trajeto percorrida por empresário morto no autódromo de Interlagos
Reprodução/TV Globo
O laudo do DNA sobre o sangue encontrado dentro do carro de Adalberto, estacionado numa área proibida do kartódromo, anexo ao autódromo, ainda não ficou pronto pelo IML. A expectativa é a de que ele seja divulgado nesta semana. Segundo a polícia, no entanto, as marcas já poderiam estar ali previamente, assim o sangue não estaria diretamente relacionado à morte.
Mais um laudo que está sendo elaborado é o do local onde o corpo foi encontrado. Este será produzido pelo Instituto de Criminalística (IC) e servirá como um mapa da região onde o corpo foi achado, mostrando o trajeto feito do estacionamento até o buraco.
A partir dos depoimentos, os investigadores vão preparar um croqui em 3D, por meio da técnica conhecida como espelhamento, para reconstituir a possível trajetória do empresário entre o evento, o local seu carro estava estacionado e o buraco da obra onde o corpo foi encontrado.
‘Foi vítima de um crime’, havia dito esposa
Empresário Adalberto e a esposa Fernanda
Reprodução/Redes sociais
No dia do desaparecimento, o empresário mandou uma mensagem para a mulher dizendo que iria jantar em casa.
“Posso dizer que, com certeza, ele foi uma vítima de um crime. Ele jamais tiraria as calças e o sapato e entraria num buraco. Isso não tem sentido nenhum. Meu marido estava indo para o carro para vir embora. Alguém o pegou nesse trajeto”, afirmou Fernanda, de 34 anos, esposa de Adalberto, em entrevista à TV Globo.
Hipótese é a de que empresário se envolveu em briga quando ia para o estacionamento.
Reprodução
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