
Projeto do Veículo Leve sobre Trilhos vai receber sugestões da população a partir de agosto. Consulta pública do novo “VLT” será em agosto
Um projeto pode tirar o bonde da memória dos saudosistas e levá-lo de novo às ruas da cidade de São Paulo. A proposta é implantar o VLT, ou Veículo Leve sobre Trilhos, e a população poderá contribuir com sugestões para o projeto já a partir do mês que vem.
A última viagem de bonde em São Paulo aconteceu no final dos anos 60. Suas linhas se estendiam por 700 quilômetros ao longo da capital. Já o VLT, de alcance mais modesto, deve trafegar por 12 quilômetros de trilhos, divididos em duas linhas de 6 km cada uma.
As linhas devem ser batizadas com nomes de árvores nativas da Mata Atlântica: Jequitibá e Sibipiruna. Ambas as linhas devem ter formato de círculo e vão se encontrar no Largo do Paissandu, no Centro.
O projeto deve ligar bairros como Brás e Bom Retiro e passar por lugares com muito movimento, como o Mercadão, a Rua 25 de março, o Vale do Anhangabaú, a Praça da Sé e o Parque Dom Pedro.
Ao todo, serão 23 estações conectadas a cinco terminais de ônibus, nove estações do metrô e duas da CPTM.
Imagem ilustrativa do VLT na rua Mauá, no Centro
Reprodução/São Paulo Urbanismo
Segundo Pedro Martin Fernandes, diretor-presidente da SP Urbanismo, 130 mil pessoas deverão usar o VLT, que vai aceitar o Bilhete Único. O preço da passagem será o mesmo da de ônibus.
“O bonde carrega com ele diversos conceitos importantes para o que a gente quer da cidade hoje”, diz. “De muitas pessoas que vejam o Centro como lugar de permanência e não só de passagem, de integração entre áreas diferentes por um meio elétrico, sustentável.”
Para Luiz Vicente Figueira de Mello, pesquisador e professor de Engenharia de Trânsito da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), o VLT pode melhorar a micromobilidade no centro, ou seja, ser usado naqueles percursos muito longos para se fazer a pé e muito caros para optar por carros de aplicativo, por exemplo.
“O que nós estamos vendo agora é um trabalho de nostalgia, mas que pode alavancar muitos quilômetros, com um investimento menor do que o do metrô e que o do monotrilho e que possa ter uma adesão significativa em relação à previsibilidade, ao conforto e à qualidade para a população”, afirma.
Custo da obra
As obras de construção do projeto do VLT estão estimadas em R$ 3,8 bilhões e deverão se estender por três anos, segundo apurou a TV Globo.
Desse montante, 70% serão bancados pela prefeitura, que busca acordo e convênio com o governo federal para viabilizar as despesas.
Os outros 30% virão do setor privado, por meio de edital a ser aberto no ano que vem visando à construção e à operação dos bondes por 30 anos.