Seguranças suspeitos por morte de empresário achado morto em buraco no autódromo apagaram dados de celulares, diz delegada


Corpo de empresário foi encontrado em buraco no Autódromo de Interlagos
Reprodução
A Polícia Civil investiga se seguranças estão envolvidos no homicídio do empresário encontrado orto num buraco no Autódromo de Interlagos, na Zona Sul de São Paulo .
Alguns dos seguranças investigados por suspeita de participarem do assassinato do empresário que foi encontrado morto dentro de um buraco no Autódromo de Interlagos, na Zona Sul de São Paulo, apagaram dados dos seus celulares. O caso completou dois meses nesta quarta-feira (30).
A informação foi confirmada à equipe de reportagem pela delegada Ivalda Aleixo, diretora do Departamento Estadual de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP).
“E também alguns celulares que foram apagados. Eles [seguranças] entregaram. Óbvio, a gente assina termo, tal. Então, nos restou pedir ordem judicial para analisar outras coisas”, disse a diretora do DHPP, nesta quarta. Segundo ela, achar informações em nuvem de dados é mais demorado.
“O crime é de difícil elucidação, mas não impossível”, falou Ivalda.
Cinco seguranças (três vigilantes, um chefe e um coordenador da equipe) são suspeitos de terem tido algum envolvimento na morte de Adalberto Amarilio Júnior.
Polícia identifica suspeito de ter matado empresário encontrado morto em buraco em SP
Quatro deles já foram ouvidos pela investigação e entregaram seus telefones para análise pericial. Todos ficaram em silêncio. Outro segurança ainda não foi localizado para falar e também não cedeu seu celular. A polícia vai intimá-lo a comparecer na delegacia.
Para a investigação, dois desses cinco investigados podem ter participado mais diretamente do assassinato de Adalberto.
O DHPP ainda aguarda os resultados de exames periciais e quer ouvir depoimentos de mais testemunhas para concluir o inquérito que apura o crime de homicídio.
Polícia passa a investigar morte de Adalberto Amarilio como homicídio
Câmeras de segurança gravaram os últimos momentos dele caminhando no estacionamento(veja vídeo nesta reportagem). O empresário havia deixado seu carro no local.
Um dos investigados é um lutador de jiu-jitsu, que chegou a ser detido em flagrante por posse ilegal de 21 munições de revólver calibre 38. O homem foi liberado pela polícia após ser autuado por esse crime e pagar fiança para responder em liberdade. O material foi apreendido. O lutador era um dos coordenadores da segurança e já tinha antecedentes criminais por furto, associação criminosa e ameaça.
Nenhum dos seguranças foi indiciado ainda pelo homicídio de Adalberto. A polícia avalia se pedirá à Justiça a prisão de algum dos suspeitos.
Veja abaixo o que se sabe e o que mais falta saber para esclarecer o caso:
Motivo do crime
Empresário achado morto em buraco no autódromo pode ter sofrido compressão torácica e asfixia
Uma das hipóteses investigadas pela polícia sobre o motivo do crime é a de que Adalberto possa ter se envolvido numa briga com seguranças ao atravessar uma área isolada do autódromo durante evento no local, em 30 de maio.
Naquela ocasião, ocorria um festival de motociclismo no lugar.
Morte por asfixia
Adalberto desapareceu e só foi encontrado morto em 3 de junho. Estava dentro do buraco de uma obra, com 3 metros de profundidade por 70 centímetros de diâmetro. O cadáver foi achado sem calça e tênis. Para a investigação, ele foi colocado por alguém nesse espaço.
Laudo pericial da Polícia Técnico-Científica concluiu que ele teve uma morte violenta por asfixia – ainda não se sabe se causada por esganadura (já que foram encontradas escoriações no pescoço dele) ou compressão torácica. Uma possibilidade é que, durante uma briga, alguém possa ter comprimido o pulmão dele com o joelho.
Sangue, droga e álcool
Sangue no carro é de empresário encontrado morto no Autódromo de Interlagos e de mulher ainda não identificada
A Polícia Técnico-Científica chegou a encontrar sangue no carro de Adalberto. O resultado do exame de DNA indicou que o material genético é do próprio empresário. Um perfil feminino também foi encontrado na amostra, mas é de uma mulher não identificada – foi descartado ser da viúva.
Adalberto tinha 35 anos, era casado e dono de uma rede de óticas.
E, apesar de o laudo pericial não ter apontado a presença de droga ou álcool no organismo de Adalberto, um amigo do empresário, que havia se encontrado com ele no autódromo, contou que os dois consumiram maconha e cerveja.
Exames e depoimentos
O DHPP também aguarda os resultados de outros exames periciais e depoimentos para concluir o caso.
Entre os laudos estão as análises dos dados dos sete celulares e cinco computadores apreendidos nos imóveis dos suspeitos. As análises técnicas de telefonia e o conteúdo eletrônico dos aparelhos deles podem ajudar a investigação a elucidar onde cada um dos investigados estava e o que conversaram entre eles.
O Instituto de Criminalística (IC) realizará esses exames e também avaliará gravações de outras câmeras de segurança para saber se elas registraram a presença de algum suspeito do crime.
Mais um laudo que está sendo elaborado pelo IC é o do local onde o corpo foi encontrado. Ele servirá como um mapa da região onde o corpo foi achado, mostrando o trajeto feito do estacionamento até o buraco.
O Instituto Médico Legal (IML) faz análise nos resíduos encontrados embaixo das unhas da vítima. Ele pode indicar alguma nova pista de quem poderia ter cometido o crime.
A partir de novos depoimentos também, os investigadores vão juntar esses dados e informações e preparar um croqui em 3D, por meio da técnica conhecida como espelhamento, para reconstituir a possível trajetória do empresário entre o evento, o local em que seu carro estava estacionado e o buraco da obra onde o corpo foi encontrado.
Procurada, a Secretaria da Segurança Pública (SSP) não informou o prazo para concluir o inquérito nem deu uma previsão de quando os laudos deverão ficar prontos.
Hipótese é a de que empresário se envolveu em briga quando ia para o estacionamento.
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