Sogra mata genro com facada: o que se sabe e falta esclarecer sobre crime em Guarapari


Vídeo mostra momento em que genro leva facada de sogra em Guarapari
O entregador de aplicativo de 32 anos, Felipe Catanio de Araújo, morreu na tarde de domingo (27), depois de ser esfaqueado pela sogra, em Guarapari, Região Metropolitana de Vitória. A aposentada de 57 anos disse à polícia que agiu para defender a filha e o neto que estavam sendo agredidos.
A sogra foi liberada porque o delegado entendeu que não havia elementos suficientes para prisão em flagrante. Câmeras de segurança flagraram o momento em que Felipe levou uma facada na região do peito.
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A mãe do entregador não acredita na possibilidade de legítima defesa e diz que “foi assassinato frio e cruel”. Confira abaixo o que se sabe sobre o caso e o que ainda precisa ser esclarecido:
Quem era a vítima?
Como o crime aconteceu?
Felipe estava armado?
Felipe acionou a PM antes da morte?
Câmeras flagraram o crime?
Qual a motivação do crime?
A noiva tinha medida protetiva contra ele?
Felipe tinha passagens pela polícia?
A sogra foi presa por matar o genro?
Por que a sogra não ficou presa?
Mãe de genro contesta legítima defesa
Houve omissão de socorro?
O corpo do entregador já foi enterrado?
1. Quem era a vítima?
Felipe Catanio de Araújo chegou a ser socorrido, mas morreu no hospital
Reprodução/ Redes Sociais
Felipe Catanio de Araujo tinha 32 anos e trabalhava como vendedor e entregador de aplicativo, em Guarapari. Ele foi morto com uma facada na região do peito, chegou a ser socorrido pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), mas não resistiu ao ferimento.
Felipe ficou noivo da filha da mulher que o matou, uma estudante de enfermagem de 22 anos, em julho de 2022. O mome
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nto foi compartilhado nas redes sociais. O casal chegou, inclusive, a publicar nas redes sociais que estava buscando um apartamento.
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2. Como o crime aconteceu?
Na tarde deste domingo (27), Felipe apareceu em frente ao prédio onde a noiva mora com a mãe, no bairro Muquiçaba. Após os dois discutirem, a jovem, com o filho de 8 meses no colo, e a mãe, apareceram na calçada, houve uma confusão e agressões.
De acordo com o advogado da aposentada, horas antes das agressões, Felipe estava rondando o prédio e ameaçando as duas. Já de acordo com a bancária Alessandra Catanio, mãe do entregador, o filho parou em frente ao prédio enquanto trabalhava, porque era ele quem estava sendo ofendido pela sogra.
A sogra deu uma facada em Felipe, no lado esquerdo do tórax. Após o crime, a bicicleta e a mochila usada para entregar encomendas que Felipe utilizava ficaram caídas no meio da rua.
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Sogra mata genro com facada no peito e se entrega à polícia em Guarapari. Após o crime, a bicicleta de Felipe Catanio de Araújo, de 32 anos, ficou caída na calçada.
Reprodução
3. Felipe estava armado?
Tanto testemunhas relataram à Polícia Militar como as informações oficiais divulgadas pela corporação apontam que Felipe estava com o soco inglês no momento da discussão, uma arma branca com quatro orifícios para se encaixar aos dedos das mãos como anéis, com uma lâmina acoplada.
Sobre isso, a mãe dele, Alessandra, disse que o filho trabalhava com objeto para segurança, porque já teria sido assaltado inúmeras vezes.
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4. Felipe acionou a PM antes da morte?
Sim. De acordo com a mãe, Felipe chegou a acionar a Polícia Militar cerca de uma hora antes da morte por causa de um desentendimento, informação que foi confirmada pela Secretaria de Estado de Segurança Pública (Sesp).
Quando os militares estiveram no local, “as mulheres não quiseram apresentar a versão delas dos fatos”, disse a secretaria em nota. Tanto mãe e filha como o entregador foram orientados a procurar uma delegacia e registrar um Boletim de Ocorrência.
5. Câmeras flagraram o crime?
Sogra mata genro em Guarapari, Espírito Santo. Na imagem, a aposentada de 53 anos aparece com a faca na mão direita. Felipe Catanho de Araújo, de 32 anos, já está ferido adiante.
Reprodução
Sim. Imagens de duas câmeras mostram que, por volta das 15h40, a noiva de Felipe, sai do prédio com blusa branca e o filho, de 8 meses, no colo, para conversar com o jovem. Na sequência, a sogra, com blusa preta, deixa o edifício com uma faca.
A aposentada de 57 anos corta o pneu da bicicleta de Felipe e é agredida com um chute no rosto. De outro ângulo, é possível ver que os três se envolvem em uma confusão. Ele chega a se afastar com a bicicleta, mas retorna na calçada correndo e parte para cima das duas mulheres.
É neste momento que Felipe é ferido com uma facada no tórax. O entregador sai cambaleando e cai alguns metros afastado da portaria.
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6. Qual a motivação do crime?
De acordo com Lucas Neto, o advogado da sogra de Felipe, a filha da sua cliente queria terminar o relacionamento e o entregador não aceitava a decisão.
Já a mãe de Felipe contou que o filho era constantemente ofendido por mensagens e ameaças de que perderia a convivência com o bebê de oito meses, que estava no colo da estudante de Enfermagem no momento da discussão.
Disse ainda que o filho era ofendido e agredido, o que também ocorreu no dia do crime. O rapaz teria parado no local quando passou pela região a trabalho, mas foi hostilizado pela sogra e “perdeu a cabeça”.
“Eu estava conversando com ele no momento em que ele estava ali trabalhando e a sogra passou o ofendendo. Começou a jogar coisas nele e o ofendendo verbalmente onde o fez perder a cabeça”, relatou a bancária.
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7. A noiva tinha medida protetiva contra ele?
Não há registros de medida protetiva pela noiva contra Felipe. No entanto, o advogado da mãe da jovem, Lucas Neto, contou que o relacionamento do casal era marcado por brigas e desentendimentos, e que Felipe fazia uso de entorpecentes.
“Ela disse que sofria violências no relacionamento, problemas variados com vícios e entorpecentes, mas que tinha vergonha de denunciar e medo de ser julgada”, afirmou Lucas Neto.
A mãe de Felipe confirmou que o filho já teve problema com drogas, mas que foi internado em uma clínica e largou o vício. Estava trabalhando em dois empregos para sustentar o filho.
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8. Felipe tinha passagens pela polícia?
Câmeras flagraram Felipe Catanio em frente ao prédio da noiva segundos antes de mãe e filha saírem e a discussão começar, em Guarapari.
Reprodução
Em uma consulta ao sistema do Tribunal de Justiça do Espírito Santo, o g1 descobriu um processo aberto pela mãe de Felipe, pelos crimes de extorsão, dano contra o patrimônio e violência doméstica, inclusive com pedido de medida protetiva pela Lei Maria da Penha. Pelo crime de extorsão, o entregador chegou a ser preso e liberado no mesmo dia, em 11 de novembro de 2022.
Apesar disso, Alessandra disse que nunca houve agressão e que o filho foi inocentado do crime de extorsão.
“Sobre a extorsão, ele foi inocentado. Eles estavam brigando e eu interferi, ele quebrou o vidro do meu carro. Extorsão foi inocentado. […] Ele nunca me agrediu”.
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9. A sogra foi presa por matar o genro?
Não. Segundo a Polícia Militar, a sogra fugiu do local do crime após esfaquear o genro, depois, se apresentou à polícia voluntariamente.
Depois de ficar cerca de 6 horas na delegacia e prestar depoimento, a aposentada foi liberada. O entendimento do delegado é que ela agiu para se defender e defender a filha e o neto das agressões.
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Delegacia Regional de Guarapari, Espírito Santo.
PCES
10. Por que a sogra não ficou presa?
Segundo a Polícia Civil, a autoridade policial não identificou elementos suficientes para realizar a prisão em flagrante. O caso segue sob investigação da Divisão Especializada de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) de Guarapari e detalhes da investigação não foram divulgados pela polícia.
O advogado de defesa da mulher alegou que a cliente agiu para defender a filha, o neto e ela própria.
“Ela reagiu a uma agressão que tinha acontecido e que iria continuar acontecendo. Então, a defesa entende que, se ela não fizesse aquilo ali, hoje quem estaria morta seria a filha, o neto ou ela. […] Está extremamente abalada, tem sentimento de culpa, é uma senhora que nunca se envolveu em nenhum crime, nunca tinha estado em uma delegacia”, afirmou Lucas Neto.
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11. Mãe de genro contesta legítima defesa
A bancária Alessandra Braga Catanio, de 48 anos, mãe de Felipe Catanio questiona argumento de legítima defesa da sogra do filho. Espírito Santo.
Arquivo pessoal
Para a bancária, a alegação de legítima defesa da sogra do filho não faz sentido e disse que vai buscar provar isso na Justiça.
“Estão alegando legítima defesa, porém, por que ela desceu do apartamento carregando uma faca com a filha e o neto, se realmente achasse que ele causava algum perigo? Poderiam chamar a polícia, não tinham a necessidade de descer”, afirmou.
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12. Houve omissão de socorro?
Após dar a facada no genro, a sogra fugiu do local e, posteriormente, se apresentou em uma delegacia. A mãe de Felipe questiona ainda o fato de o filho não ter sido socorrido e ter sido deixado na calçada, e diz que a postura da sogra não condiz com as imagens das câmeras.
“Por que não o socorreram? Alegaram achar que não foi grave, mas a faca que estava na mão da sogra estava coberta de sangue, […] e pelas câmeras notamos que ela olha para ele perdendo sangue e ainda faz um comentário balançando a faca. Naquele momento percebeu que foi grave, desmentindo outra versão e omitiu socorro”, acredita.
Felipe foi socorrido por uma ambulância do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) e levado para um Pronto-Atendimento (PA) da região onde teve a morte constatada, às 16h04, depois de uma parada cardiorrespiratória. O g1 não conseguiu apurar quem solicitou a ambulância.
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13. O corpo do entregador já foi enterrado?
O corpo de Felipe foi enterrado nesta terça-feira (29), em Guarapari.
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O que diz a polícia
Solicitamos entrevista com o delegado responsável pelo caso, mas a Polícia Civil informou, em nota, que “o caso segue sob investigação da Divisão Especializada de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) de Guarapari e detalhes da investigação não serão divulgados, no momento”.
Sobre o acionamento feito por Felipe ao Centro Integrado de Operações de Defesa Social (Ciodes), antes da morte, a Sesp detalhou a ocorrência e disse que o entregador acionou a central por volta das 14h30. Uma equipe da Polícia Militar foi enviada para atender uma ocorrência de suposta ameaça.
“De acordo com os militares, ao chegarem no endereço do acionamento, um homem [Felipe] os abordou e informou que estava trabalhando como entregador e passava próximo ao local em que a ex-esposa morava com a ex-sogra, onde houve um desentendimento entre as partes. Ele explicou que possuía uma conta conjunta com a ex-mulher e ela havia sacado uma quantia em dinheiro da mesma, sendo que essa ação gerou desentendimento”, diz a nota da Sesp.
A nota continua e diz que “os militares tentaram contato com a mulher e a mãe, mas elas não quiseram apresentar a versão delas dos fatos, sendo cientificadas dos direitos que possuíam e orientadas em relação ao registro de Boletim de Ocorrência (BO), entrando novamente na residência após a conversa”.
Felipe foi orientado a procurar uma delegacia e também registrar um BO. “Após o atendimento às partes, como não havia nenhum flagrante de crime, os militares aguardaram até que o homem fosse embora do local e encerraram a ocorrência, sem alteração”, finalizou a Sesp.
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