Trump posiciona submarinos nucleares após ameaça da Rússia; conheça frota de ataque dos EUA


Submarino dos EUA, da classe Ohio, em exercício em Okinawa, Japão, em 2021
Marinha dos EUA / Sgt. Audrey M. C. Rampton
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse que mobilizou dois submarinos nucleares nesta sexta-feira (1º), após as ameaças feitas pelo ex-presidente da Rússia Dmitry Medvedev. Ele não detalhou quais são os submarinos e onde eles foram posicionados.
O termo “submarinos nucleares” não é preciso, pois todos os submarinos dos EUA têm propulsão nuclear. No entanto, é provável que Trump se refira aos chamados submarinos balísticos, que transportam ogivas nucleares capazes de atingir qualquer parte do mundo.
A Marinha dos EUA opera atualmente 71 submarinos com propulsão nuclear, incluindo 14 equipados com mísseis balísticos nucleares, além de outros de ataque e lançadores de mísseis convencionais.
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Conheça a frota dos EUA:
☢️ O coração da dissuasão nuclear dos EUA: os submarinos balísticos
Os Estados Unidos operam atualmente 14 submarinos balísticos com ogivas nucleares, todos da chamada classe Ohio. Eles são considerados parte crucial da chamada “tríade nuclear” americana — composta por mísseis terrestres, bombardeiros e submarinos — por serem quase impossíveis de detectar e oferecerem a garantia de retaliação mesmo após um ataque-surpresa.
O submarino nuclear USS Nevada, da classe Ohio, pode ficar submerso no oceano por semanas
US NAVY
Cada um desses submarinos carrega até 20 mísseis balísticos Trident II D5, com alcance superior a 11 mil quilômetros. Cada míssil pode conter várias ogivas nucleares independentes, capazes de atingir múltiplos alvos simultaneamente.
Isso significa que um único submarino pode, sozinho, devastar dezenas de cidades inimigas. Essas embarcações podem ficar submersas por até 90 dias, operando em silêncio absoluto, sem revelar sua posição. Seus tripulantes vivem sob sigilo extremo e em regime de rotação constante, garantindo que parte da frota esteja sempre pronta para agir.
Os submarinos balísticos são o elemento mais confiável da dissuasão estratégica americana porque permanecem escondidos nos oceanos, mesmo em tempos de paz, com capacidade de responder a qualquer ataque nuclear contra os Estados Unidos. O princípio é simples: ninguém ataca quem sabe que pode revidar com força total, mesmo após ser atingido — isso é o que os militares chamam de “capacidade de segundo ataque”.
É rara a aparição deste tipo de submarino. Em 2022, imagens do submarino USS Nevada na ilha de Guam, no Pacífico, foram interpretadas como um aviso dos EUA aos chineses, em meio a crescentes tensões no Mar da China Meridional.
A rara aparição do submarino USS Nevada, da classe Ohio, em 2022 foi interpretada como uma mensagem à China
US NAVY
🎯 Outras categorias: mísseis convencionais e ataque tático
Além dos 14 submarinos balísticos, a Marinha americana opera 4 submarinos da mesma classe Ohio que foram modificados para missões convencionais. Em vez de mísseis nucleares, eles carregam até 154 mísseis de cruzeiro Tomahawk, capazes de atingir alvos com precisão a mais de 1.600 km de distância.
Esses submarinos são usados para bombardear alvos estratégicos no início de conflitos — como bases aéreas, radares ou sistemas de defesa antiaérea inimigos.
A frota é completada por 53 submarinos de ataque, divididos entre as classes Los Angeles, Virginia e Seawolf. Esses submarinos são usados para espionagem, guerra contra outros submarinos, apoio a forças especiais e escolta de porta-aviões.
Todos são movidos a energia nuclear, o que permite longas missões sem necessidade de reabastecimento. Eles são armados com mísseis Tomahawk, torpedos pesados e sistemas de vigilância de alta tecnologia.
Tensão com a Rússia
Nesta quinta-feira (31), Dmitry Medvedev, que é aliado de Vladimir Putin e membro do governo, disse que o norte-americano deveria lembrar que Moscou ainda possui o sistema soviético de retaliação nuclear, conhecido como “Mão Morta”, com alto poder de destruição.
Em post na rede Truth Social, Trump mostrou que não gostou de ser ameaçado e informou sobre o movimento militar nas “regiões apropriadas”, sem especificar, no entanto, quais são elas.
“Com base nas declarações altamente provocativas do ex-presidente russo, Dmitry Medvedev, agora vice-presidente do Conselho de Segurança da Federação Russa, ordenei o posicionamento de dois submarinos nucleares nas regiões apropriadas, para o caso de essas declarações tolas e inflamatórias serem mais do que apenas isso. Palavras são muito importantes e muitas vezes podem levar a consequências indesejadas. Espero que este não seja um desses casos”, afirmou.
Rússia faz exercícios com submarinos nucleares em 2024
O “Mão Morta” é um sistema automático de disparo de mísseis nucleares desenvolvido na era soviética. Ele foi projetado para reagir caso a liderança russa seja eliminada em um ataque. O próprio governo russo já se referiu à ferramenta como uma “arma apocalíptica”.
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, na Escócia, em 29 de julho de 2025
REUTERS/Evelyn Hockstein
Pouco antes de falar sobre os submarinos, Trump também lamentou as mortes de soldados na guerra entre a Rússia e a Ucrânia, e voltou a pedir que os dois países cheguem a um acordo de cessar-fogo.
Na terça-feira (29), o republicano deu um prazo de 10 dias para o governo russo aceitar a proposta de 60 dias de trégua apresentada pelos EUA. Caso contrário, disse que o país e seus parceiros comerciais sofreriam sanções, com tarifas chegando até aos 100%.
“Acabei de ser informado de que quase 20 mil soldados russos morreram este mês na ridícula guerra com a Ucrânia. A Rússia perdeu 112.500 soldados desde o início do ano. São muitas mortes desnecessárias! A Ucrânia, no entanto, também sofreu muito. Perdeu aproximadamente 8 mil soldados desde 1º de janeiro de 2025, e esse número não inclui os desaparecidos. Também perdeu civis, mas em menor número, com foguetes russos atingindo Kiev e outras localidades ucranianas. Esta é uma guerra que nunca deveria ter acontecido — esta é a guerra de Biden, não de Trump. Estou aqui apenas para ver se consigo impedi-la!”, escreveu.
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