
Caso de dentista em Jundiaí gera discussão sobre sedação em procedimentos odontológicos
Uma discussão sobre o uso de anestesia em procedimentos odontológicos tem gerado embate entre a população após o dentista Henrique Tonelli, que atendia em Jundiaí (SP), ter sido preso suspeito de abusar de uma paciente enquanto ela estava sedada, na segunda-feira (18).
De acordo com a Polícia Militar, a vítima estava sob efeito de medicamentos para fazer a extração de dois dentes do siso, por isso, chegou a ficar desacordada. A mulher informou aos policiais que, quando despertou, percebeu que o dentista tentou despi-la, encostou a genitália nela e se masturbou.
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José Antônio Caixan Júnior, responsável pelo Conselho Regional de Odontologia (CRO) na cidade, explica que o uso de anestesia geral durante a extração de dentes do siso não é um procedimento comum, porém, existem casos específicos.
“Os casos mais comuns precisam apenas de anestesia local, como o da paciente do caso em questão. Existem também os casos de sedação, porém, são correspondentes aos pacientes com necessidades especiais, com distúrbio de comportamento, agressividade, ansiedade ou com medo excessivo ou com uma deficiência física”, explica.
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À TV TEM, o profissional afirma que a confiança com o profissional é essencial antes de realizar algum procedimento importante. No dia da consulta, é importante ressaltar todos os cuidados envolvendo anestesias.
Profissional explica sobre cuidados e direitos na área da saúde
Reprodução/TV TEM
“É muito importante o diálogo entre as duas partes, perguntar se haverá sedação ou não, para que ambos possam entender. Não tendo a segurança com o profissional responsável, aconselho a procurar outro até se sentir confortável o suficiente para fazer o procedimento necessário”, diz.
O debate gerou, também, questões sobre a autorização de acompanhantes em cirurgias odontológicas. Segundo José Antônio, há uma lei federal que assegure esse direito para todas as mulheres em todos os âmbitos da saúde.
“Existe uma lei federal, de número 14.637/23, que diz que toda mulher possui direito de um acompanhante maior de idade para procedimentos médicos. Não só odontológico, mas também exames em todas as áreas da saúde. Caso a paciente não tenha nenhuma indicação, o estabelecimento pode indicar, de preferência, uma profissional mulher para acompanhá-la”, pontua.
“Em casos de centro cirúrgico e UTI, é obrigatório que tenha um profissional de saúde de preferência sexo feminino. As pacientes não podem ser proibidas de trazer um acompanhante, que pode ser indicado por ela”, complementa.
Relembre o caso
Plantão policial de Jundiaí (SP)
Divulgação
Henrique Tonelli foi preso suspeito de abusar sexualmente de uma paciente durante uma cirurgia em uma clínica no Centro de Jundiaí (SP), nesta segunda-feira (18). A TV TEM apurou que ele já foi levado para o Centro de Detenção Provisória (CDP).
Segundo as autoridades, a mulher foi sedada para tirar dois dentes do siso. A mulher informou aos policiais que, quando despertou, percebeu que o dentista tentou despi-la, encostou a genitália nela e se masturbou.
Neste momento, a mulher se levantou e saiu do consultório chamando pelo marido. Ela acionou a polícia e relatou o ocorrido, destacando que, quando saiu do consultório, o dentista se ofereceu para devolver o dinheiro pago pela consulta, conforme o registro.
À polícia, o suspeito informou que a paciente estava ciente que realizaria o procedimento sob sedação e que, após o procedimento, apenas tentou limpar o sangue que havia escorrido pelo pescoço dela.
A vítima foi encaminhada para o Hospital Universitário para passar por atendimento médico e o dentista foi preso em flagrante pelo crime de estupro de vulnerável, sendo levado para o Plantão Policial da cidade.
A TV TEM tentou contato com a defesa de Henrique, mas não obteve resposta até a última atualização desta reportagem.
Em nota enviada à TV TEM, o Conselho Regional de Odontologia informou que ainda não há nenhuma denúncia desse tipo contra o dentista. Também disse que enviou um ofício para a Polícia Civil e que, se o crime for comprovado, poderá instaurar um inquérito ético profissional.
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