Vídeo mostra momento em que jovens jogam bomba de artifício em Parada LGBT+ em MG


Bomba de artifício é lançada contra Parada LGBT+ em Teófilo Otoni
Um ataque homofóbico marcou a 4ª Parada LGBT+ de Teófilo Otoni, no Vale do Mucuri, na noite de sábado (23). Um grupo de jovens que passava de carro pelo Centro da cidade lançou uma bomba de artifício próximo ao público reunido na concha acústica da Praça Tiradentes. O caso foi registrado em vídeo e divulgado nas redes sociais. Apesar do susto, ninguém ficou ferido.
O ataque aconteceu na noite de sábado, porém o boletim de ocorrência foi registrado na manhã desta segunda-feira (25). A ação foi gravada pelos próprios agressores (veja o vídeo acima). A Polícia Civil registrou a ocorrência como crime de racismo, com motivação homofóbica.
O vídeo registrou quando os jovens estavam dentro de um carro em movimento e um deles disse “os viados tão ali, ó!”. Rapidamente, o rapaz que está no banco do carona acendeu a bomba de artifício e, em seguida, jogou em direção ao local do evento. Quando o artefato explodiu, o grupo começou a rir e parou a gravação.
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O diretor do Instituto In-cena, André Luiz Dias, um dos organizadores do evento junto ao Coletivo LGBTudo, descreveu o ataque como um “atentado horroroso que coloca em risco, inclusive, a vida das pessoas ali presentes”. Ele destacou o caráter familiar da Parada, que reuniu “famílias, com crianças, pais, avós”, além de representantes entidades jurídicas, educacionais, políticas e acadêmicas.
Repercussão
Assim que viralizou nas redes sociais, o vídeo repercutiu no cenário político, por meio de postagens da deputada federal Duda Salabert (PT) e do deputado estadual Dr. Jean Freire (PT).
A deputada Duda Salabert repudiou o ataque e disse que a ação foi criminosa e covarde. Para ela, o episódio não se tratou apenas de violência, mas de uma tentativa de intimidar e silenciar a mobilização por direitos e dignidade.
A parlamentar afirmou que vai acionar a polícia e o Ministério Público para cobrar investigação e responsabilização, além de reforçar que a resposta será “mais união, mais visibilidade e mais luta”.
Posicionamento de Duda Salabert (PDT), no X (antigo twitter).
Reprodução X
Já o deputado estadual Dr. Jean Freire classificou como “absurdo e revoltante” o ataque e lembrou que não foi a primeira vez que a manifestação foi alvo de violência. De acordo com o parlamentar, em 2024 um jovem foi agredido ao defender o evento.
Em nota publicada nas redes sociais, declarou apoio à comunidade LGBTQIA+ e solidariedade ao Instituto In-Cena e ao Coletivo LGBTQUDO, responsáveis pela organização da Parada.
Postagem do deputado estadual Dr. Jean Freire
Reprodução
A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), entidade que representa a advocacia no país, se manifestou por meio da 28ª Subseção em Teófilo Otoni e repudiou o atentado. A instituição classificou o episódio como um ato de violência e afirmou que acompanha as investigações. Veja a seguir a íntegra da nota divulgada:
“A 28ª Subseção da OAB/MG vem a público expressar seu REPÚDIO ao atentado à bomba ocorrido neste último sábado, dia 23/08/2025, contra a 4ª Parada do Orgulho LGBTQIAPN+ do Vale do Mucuri, realizada em Teófilo Otoni/MG. Tal ato não pode ser relativizado e deve ser tratado pelo que de fato é: uma violência contra a comunidade LGBTQIAPN+ e contra sua legítima manifestação de reafirmação social. A Comissão da Diversidade Sexual e de Gênero da 28ª Subseção da OAB/MG está tomando as medidas institucionais cabíveis junto à Polícia Civil de Minas Gerais e acompanhará o caso. Esperamos que os responsáveis sejam identificados e que respondam pelo ato praticado, na forma da lei. A 28ª Subseção da OAB/MG reafirma seu compromisso institucional com a defesa intransigente da liberdade, da igualdade e do estado democrático de direito.”
Homofobia é crime
Desde 2019, o Supremo Tribunal Federal (STF) equipara homofobia e transfobia ao crime de racismo, tornando-os inafiançáveis e imprescritíveis. A pena prevista é de um a três anos de prisão e multa, podendo chegar a cinco anos em casos cometidos por meio de comunicação.
Em 2023, a Corte também reconheceu que ofensas contra pessoas LGBTQIA+ podem ser enquadradas como injúria racial.
A Polícia Civil informou que o caso está em apuração. O g1 também entrou em contato com a OAB, que apoiou o evento, e aguarda posicionamento.
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