Família de paciente idosa acusa psiquiatra de golpe de cerca de R$ 800 mil em empréstimos

Em 2017, a Justiça condenou Mara Faget a pagar R$ 950 mil à família. No entanto, até hoje, nenhum valor foi recebido. Psiquiatra acusada de aplicar golpes é condenada a pagar R$ 950 mil para família
Uma família do Rio de Janeiro vive um drama que começou dentro do consultório de uma psiquiatra. A médica Mara Faget, ex-diretora do Instituto Pinel — referência em saúde mental no estado — é acusada de aplicar um golpe que causou um prejuízo de cerca de R$ 800 mil.
Mara teria se aproveitado da relação de confiança construída com uma paciente idosa e sua filha, com quem iniciou um namoro, para pedir empréstimos sob falsas justificativas.
“Começou a tratar a minha mãe em casa. E, nessa época, ela começou um relacionamento amoroso com a minha irmã. E a partir daí, ela começou a pedir dinheiro, inicialmente, para minha mãe e, depois, sem a minha mãe ter conhecimento, passou a pegar dinheiro com minha irmã, manipulando ela”, conta a vitima, que prefere não se identificar.
Segundo a mulher, a justificativa usada por Mara para os pedidos de dinheiro era a morte de um suposto marido rico. A médica dizia que o dinheiro estaria preso no exterior e seria necessário pagar advogados e impostos para liberá-lo.
“Ela não tinha esse dinheiro e minha irmã estava emprestando esse dinheiro para ela, que ela nunca recebeu de volta”.
Além do golpe financeiro, a família também acusa Mara de ter feito um diagnóstico errado na paciente idosa, afirmando que ela sofria de Alzheimer e passou a medicá-la.
“Levei ela em outro psiquiatra, ela fez vários e vários testes e não era Alzheimer, o quadro dela era só depressão, que já estava em tratamento”, relatou a filha da paciente.
Em 2017, a Justiça condenou Mara Faget a pagar R$ 950 mil à família. Mas, até hoje, nenhum valor foi recebido porque a Justiça não consegue localizar bens em nome dela que possam ser penhorados.
Registro cassado
O Fantástico deste domingo (18) exibiu denúncias de que Mara Faget manipulou emocionalmente os seus pacientes para conseguir empréstimo. Os casos contra ela levaram o Conselho Regional de Medicina do Rio de Janeiro (Cremerj) a cassar o registro da psiquiatra, em 2021.
No entanto, Mara continuou atendendo pacientes em seu consultório no Leblon, zona sul da capital fluminense. Ela passou a se apresentar apenas como psicanalista, profissão que não exige diploma médico.
A atuação irregular foi denunciada por outras vítimas e investigada por uma jornalista, que acusou Mara de ter emitido recibos como médica mesmo após ter o registro cassado.
Segundo o Cremerj, “uma pessoa com registro cassado não pode exercer a medicina no país”, “não pode se apresentar como médica nem prestar nenhum tipo de serviço da área médica”.
“Se assim fizer, configura-se como exercício ilegal da profissão, tratando-se de um ato criminoso”, diz o conselho.
Em nota, o advogado de Mara Faget afirmou que “as acusações são levianas e carecem de qualquer respaldo fático ou jurídico”, que “ela jamais atuou como médica sem ter o registro” e que “não tem qualquer condenação judicial por estelionato”.
A defesa também declarou que Mara “oportunamente, terá seu CRM restabelecido em ação judicial”.
Veja a reportagem completa no vídeo abaixo:
Psiquiatra é acusada de manipular e enganar pacientes
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