
Zero Awá (1957 – 2025) morre aos 68 anos na cidade do Rio de Janeiro (RJ), onde fez nome como percussionista
Rogério Von Krüger / Reprodução Instagram Orquestra Imperial
♫ OBITUÁRIO
♪ Na certidão de nascimento, constava o nome de José Roberto Brandão Telles (19 de março de 1957 – 28 de maio de 2025). Mas, no batismo dos terreiros, dos palcos e dos estúdios, José Roberto virou Zero. Zero Telles. Ou Zero Awá, como assinava ultimamente este grande percussionista carioca iniciado no Candomblé e diplomado nos bailes da vida.
Zero tocou um dos maiores e melhores tambores da música brasileira. Ás da conga e do timbal, entre outros tipos de tambor, Zero Awá morreu nesta quarta-feira, 28, na cidade do Rio de Janeiro (RJ), de causa não revelada. Tinha 68 anos. O velório acontece amanhã, 29 de maio, na capela 3 do cemitério Memorial do Carmo, onde o corpo do músico será cremado.
A notícia da morte do artista começou a circular na manhã de hoje, nas redes sociais, gerando lamentos de artistas como Zé Renato, Pedro Luís e Luana Carvalho. “Meu querido padrinho de Ifá e amigo Zero Telles, muito obrigado por tudo. Seu axé sempre foi preciso”, ressaltou Pedro Luís.
Membro fundador da Orquestra Imperial, big band carioca calcada no suingue do samba e da música latina, Zero tocou com grandes nomes da MPB. Não raro, ele estava lá no palco e nos estúdios de gravação, comandando com Paulino Dias a percussão da banda de shows e discos de cantores do porte de Ney Matogrosso e Martinho da Vila, primeiro grande nome da música brasileira a convidar Zero para trabalhar como percussionista da banda do sambista fluminense.
Nos estúdios, a dupla deixou a marca em álbuns como Quando o canto é reza – Canções de Roque Ferreira (2010), de Roberta Sá. Como artista solo, Zero Awá deixa o single Elegua Awá (2020), lançado há cinco anos com três versões da música-título.
Zero tocou no Monobloco e integrou o time de ritmistas da escola de samba Unidos de Vila Isabel. Iniciado no toque da percussão pelo Candomblé, Zero Telles honrou o legado de Mestre Marçal (1930 –1994) – ídolo e referência do percussionista – ao longo de magistral trajetória artística profissional, iniciada na orquestra do coral da faculdade Bennett, tocando atabaque.
Uma vez profissional, Zero aprendeu a tocar ritmos cubanos e, mais tarde, aprendeu as manhas e sutilezas do samba com o percussionista Ovídio Brito (1945 – 2010). A partir da entrada do percussionista na banda de Zeca do Trombone (1944 – 2023) e depois na de Martinho da Vila, Zero Awá foi fazendo grande nome na música brasileira.
Zero Awá (1957 – 2025) deixa o toque do tambor em discos de artistas como Martinho da Vila, Ney Matogrosso e Roberta Sá
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