
Governo do estado decretou situação de emergência por causa da superlotação nas UTIs pediátricas após aumento no número de casos de Srag na faixa etária de 0 a 14 anos. Médica explica diferenças entre gripe comum e Síndrome Respiratória Grave Aguda
Nas últimas semanas, Pernambuco registrou um aumento significativo no número de casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (Srag) entre bebês e crianças, provocando superlotação nas Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) infantis (veja vídeo acima). Para conter a crise, o governo do estado decretou situação de emergência em saúde pública (saiba mais abaixo).
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De acordo com a Central de Regulação de Leitos, 49 crianças estavam na fila de espera por uma vaga de UTI na quinta-feira (29). Diante disso, fica a pergunta: o que é a Srag e o que a torna diferente de outras infecções mais comuns, como a gripe e o resfriado?
Todas elas são causadas pelos mesmos vírus. O que muda é a gravidade da doença. A infectologista pediátrica Regina Coeli, do Hospital Universitário Oswaldo Cruz (Huoc), disse à TV Globo que uma das principais diferenças está no grau de obstrução nasal e no esforço que o paciente faz para respirar.
“Quando a gente tem um resfriado, a gente fica com obstrução nasal, o nariz fica entupido. Até digo que as crianças parecem uns porquinhos, ficam roncando. Isso já é comum nesses quadros gripais, nesses resfriados. Na Srag, que pode levar a internamento em UTI, é a falta de oxigênio. Eu tenho um desconforto respiratório”, afirmou.
Segundo a médica, pessoas com síndrome respiratória aguda usam mais a musculatura para conseguir puxar o oxigênio pelo nariz. Outro sinal é a mudança na cor da pele em algumas partes do corpo.
“Quando a criança está com desconforto respiratório, a gente começa a ver que ela está respirando mais, está usando a musculatura acessória. O que é isso? Está usando tudo que é possível para puxar o ar para dentro. […] Os dedinhos roxos, a boquinha roxa, a linguinha roxa. Isso é um sinal de alerta muito grande”, explicou.
Para prevenir a doença, a especialista destacou três medidas importantes:
atualizar a carteira de vacinação, especialmente a de Covid-19 e Influenza;
manter o acompanhamento regular da criança nos postos de saúde e nas consultas com o pediatra, e não apenas em situações de emergência;
evitar levar crianças pequenas para lugares fechados com muita aglomeração, como shoppings e supermercados.
Leito de UTI pediátrica, em imagem de arquivo
Renato Araújo/Agência Brasília
Situação de emergência
Na quarta-feira (28), a governadora Raquel Lyra (PSDB) decretou situação de emergência em Pernambuco por causa da alta taxa de ocupação dos leitos de UTI, provocada pelo aumento no número de casos de Srag. A medida vale por 90 dias e pode ser prorrogada.
De acordo com a Secretaria Estadual de Saúde (SES), o estado registrou, desde o começo até o fim da semana passada, 2.544 casos de Srag. Desses, 1.746 acometeram crianças e adolescentes de 0 a 14 anos, o que equivale a 68,7% do total.
Segundo o governo, o decreto permite que a gestão estadual abra leitos de terapia intensiva de forma menos burocrática, agilizando o atendimento dos pacientes na fila de espera. Além disso, a iniciativa autorizou a ampliação da carga horária dos plantões para profissionais de saúde durante a crise.
Em entrevista à TV Globo, o secretário executivo de Saúde do estado, Anderson Oliveira, disse que o governo elaborou, desde o começo do ano, um plano de contingência para enfrentar o período de sazonalidade, época em que a circulação de vírus respiratórios aumenta, entre março e agosto.
“Na próxima semana, estamos com a previsão de abrir 20 novos leitos de UTI. Atualmente, nós temos a fila de espera. Ela é dinâmica […]. As crianças vão tendo alta, vão para leito de enfermaria e outras crianças precisam de leitos de UTI. E também nós temos a intensificação da teleconsulta da pediatria. Temos médicos pediatras no Setor de Regulação que fazem uma teleconsulta com os médicos da rede municipal ou estadual”, afirmou.
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