
Nelson Carreira foi visto pela última vez em 16 de maio após viajar de São Paulo para Cravinhos (SP) para uma reunião de negócios. Polícia Civil apurou que desavença por uso indevido de marca pode ter motivado assassinato, e Justiça determinou prisão de 3 suspeitos. O que se sabe sobre empresário que sumiu após reunião de negócios no interior de SP
Desde que Nelson Carreira Filho viajou de São Paulo para uma reunião de negócios em Cravinhos (SP), as investigações levaram a Polícia Civil, que até então apurava um desaparecimento, a levantar fortes indícios de que o empresário não só foi assassinado como foi vítima de uma emboscada, devido a um desacordo com um parceiro comercial no interior de São Paulo .
Desaparecido desde 16 de maio, Nelson manteve contato com familiares pela última vez naquela tarde, depois de participar de uma reunião de negócios com Marlon Couto, dono de uma fábrica de suplementos.
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Até a publicação desta reportagem, o corpo do empresário não tinha sido encontrado, mas as investigações avançaram com o depoimento do gerente da fábrica, Tadeu Almeida Silva, que confirmou ter visto o homicídio e levantou a informação de que a vítima foi jogada em um rio, além da perícia, que indicou a presença de sangue no galpão apontado como local do crime.
Até agora, três suspeitos foram identificados e tiveram a prisão temporária decretada pela Justiça. Marlon Couto, dono da fábrica de suplementos, é investigado como autor do disparo que causou a morte do empresário e como o responsável por levar o corpo da vítima até um rio.
Tadeu é suspeito de ter contribuído com a emboscada e de ter ajudado o patrão a enrolar o corpo em lonas antes de ele ter sido jogado. Ele foi preso na quinta-feira (29) depois de se apresentar à Polícia Civil.
Também é investigada Marcela Almeida, mulher de Marlon, que viajou com o marido para São Paulo no dia seguinte ao desaparecimento para supostamente prestar apoio à família de Nelson. Marlon e Marcela estavam foragidos até a publicação desta reportagem.
O empresário Nelson Francisco Carreira Filho desapareceu após reunião de trabalho na sexta (16); carro foi encontrado na manhã seguinte na Zona Norte de SP
Montagem g1/Reprodução
A seguir, veja o que se sabe sobre o desaparecimento do empresário na região de Ribeirão Preto:
Quando o empresário foi visto pela última vez?
No dia 16 de maio, Nelson saiu de carro de São Paulo e foi até Cravinhos, na região de Ribeirão Preto, para uma reunião. O encontro terminou às 14h20. Ao procurar a polícia, a esposa dele disse que o último contato com o marido foi às 12h57, pouco antes do fim da reunião. Ela ainda enviou mensagens depois disso, mas não obteve resposta.
O carro do empresário foi flagrado em praças de pedágio no interior de São Paulo, momentos depois da reunião de negócios em que o homem foi visto pela última vez. Em todas as imagens, não é possível ver quem estava dirigindo, por conta dos vidros escuros.
À noite, um radar detectou o veículo circulando pela Avenida Engenheiro Caetano Álvares, já na zona Norte da capital. Duas câmeras de segurança na mesma região também registraram o veículo em movimento às 19h09.
O carro foi abandonado na Rua Clara de Oliveira e encontrado pela polícia na manhã seguinte, no sábado (17). Segundo a família, não havia sinais de arrombamento ou roubo de pertences.
Tadeu Almeida Silva se apresentou à Polícia Civil em Cravinhos (SP).
Marcelo Agostinho Netto/EPTV
Qual é a linha de investigação da Polícia Civil?
Para a Polícia Civil, a suspeita é de que o crime foi premeditado e motivado por uma desavença entre Nelson e Marlon, que teria colocado à venda na internet uma marca de um emagrecedor pertencente a Nelson sem pedir autorização a ele.
De acordo com os investigadores, o empresário paulistano foi vítima de uma emboscada em Cravinhos e foi morto ao ser baleado dentro do galpão da empresa de Marlon Couto.
Depois do assassinato, de acordo com a polícia, o local foi limpo e o corpo foi enrolado em lonas amarradas por cordas e levado para um rio perto de um rancho na região de Miguelópolis (SP).
Quem são os suspeitos pelo crime?
A Polícia Civil relacionou três pessoas ao assassinato de Nelson:
Marlon Couto: dono da fábrica de suplementos em Cravinhos e suposto parceiro comercial de Nelson; é suspeito de ser o autor do disparo que matou o empresário no galpão;
Tadeu Almeida Silva: gerente da fábrica de Marlon; é suspeito de ter ajudado o patrão a premeditar o crime, marcando uma dedetização para justificar a dispensa de todos os funcionários da fábrica, bem como teria ajudado a ocultar o cadáver;
Marcela Almeida: esposa de Marlon; viajou com ele para São Paulo no dia seguinte ao desaparecimento e foi com ele prestar um suposto apoio à família da vítima.
Empresa onde o empresário Nelson Francisco Carreira Filho esteve em Cravinhos, SP
Reprodução/EPTV
Quais as principais evidências levantadas pela polícia?
Entre os principais avanços da investigação do caso estão:
o depoimento de Tadeu Amaral;
vídeos em praças de pedágio e em São Paulo;
a perícia com luminol no galpão da fábrica em Cravinhos;
informações sobre uma dedetização de urgência realizada no local
Um dos primeiros elementos da investigação, o depoimento prestado pelo gerente da fábrica, ainda quando não era alvo de um mandado de prisão, trouxe informações importantes ao inquérito policial. Embora tenha negado participação na morte, Tadeu confirmou à polícia ter visto Marlon atirando em Nelson no dia da reunião, bem como tê-lo ajudado a ocultar o cadáver, antes de ele ser jogado no rio.
O gerente também disse que seguiu instruções do patrão como abandonar o carro de Nelson em um determinado endereço em São Paulo, fazer o possível para não ser identificado nessa viagem, se desfazer de pertences e roupas usados no dia e utilizar um celular e uma linha telefônica específicas para fazer a comunicação.
As imagens de câmeras de segurança obtidas pela polícia tanto nas praças de pedágio quanto dos suspeitos em São Paulo, inclusive visitando a família de Nelson após o desaparecimento, ajudam a reforçar pontos do depoimento de Tadeu. Entre eles, a informação de que foi o gerente o responsável por levar o carro da vítima até São Paulo.
A perícia no galpão também trouxe evidências importantes. Segundo o delegado Sebastião Picinato, marcas de sangue foram identificadas pelos peritos com o uso de luminol, o que não deixa dúvidas à polícia de que Nelson foi morto no prédio.
Além disso, a Polícia Civil apurou que Tadeu marcou uma dedetização na empresa onde estava marcada a reunião com a vítima e que todos os funcionários foram dispensados naquele dia.
O empresário Marlon Couto teve a prisão decretada pela Justiça por suspeita da morte do empresário Nelson Francisco Carreira Filho, em Cravinhos, SP
Arquivo pessoal
O que aconteceu na reunião em Cravinhos?
De acordo com Tadeu , Nelson chegou à empresa de suplementos de Marlon em Cravinhos antes do almoço em um carro branco sedã. Em depoimento prestado à polícia antes de ser preso, ele contou que, durante aquela visita, foi com Nelson e Marlon para os fundos da fábrica, onde fazia uma apresentação de cada setor da empresa, quando Marlon afirmou que iria ao banheiro, mas voltou na sequência.
Foi nesse momento, segundo ele, que Tadeu afirma ter ouvido um “estampido”. Tratava-se, de acordo com o depoimento, de um tiro dado por Marlon na cabeça de Nelson, que nesse instante já estava morto.
“Ao olhar, viu Nelson caído no chão. Ao seu lado, estava Marlon, com um revólver na mão de cor escura, não muito pequeno.”
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O que aconteceu com o corpo da vítima e com o carro?
Tadeu afirma que, ainda com a arma na mão direita, Marlon afirmou “precisamos resolver isso agora” e que, paralisado, ouviu o dono da fábrica pedir para que ele buscasse água e refrigerante em um posto na vizinhança.
Assim que retornou, Tadeu conta que, a pedido de Marlon, providenciou lonas, uma amarela e outra preta, além de cordas, para enrolar o corpo da vítima. Marlon, por sua vez, usou uma mangueira d’água para limpar o sangue no local, diz o depoente.
Tadeu também diz que Marlon pediu para ele levar o carro de Nelson para São Paulo, enquanto ele levaria o corpo para ser jogado em um rio em Miguelópolis (SP), onde Marlon tem um rancho.
Qual foi a motivação do crime?
Tadeu contou que sabia em termos gerais que Marlon e Nelson eram parceiros comerciais, mas tinham uma desavença: Nelson cobrava de R$ 90 mil a R$ 100 mil do parceiro pelo uso indevido de uma marca à venda na internet.
Nelson, segundo ele, era dono da marca “Bariatric Gold”, um suplemento voltado para emagrecimento, e que Marlon estaria a usando indevidamente no comércio eletrônico.
O que dizem os investigados?
Tadeu confirmou à polícia ter ajudado na ocultação do corpo, mas em nenhum momento confirmou ter participado do planejamento do crime.
A defesa de Marlon Couto disse que ele vai se apresentar para esclarecer os fatos.
Já a defesa de Marcela Almeida não foi localizada até a publicação desta reportagem.
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