Fã de ficção científica, rotina regrada e vontade de aprender: conheça o jovem do interior de SP que vai participar da maior olimpíada de astronomia do mundo


Aos 17 anos, Lucas Amaral Jensen, de Itapetininga (SP), é um dos cinco brasileiros selecionados para representar o país na IOAA, considerada a “Copa do Mundo” da astronomia e astrofísica Lucas Amaral Jensen de Itapetininga (SP) vai defender a bandeira do Brasil na Olimpíada Internacional de Astronomia e Astrofísica
Arquivo Pessoal/Lucas Amaral Jensen
Apaixonado por estudar e fascinado por descobrir coisas novas, um estudante de 17 anos de Itapetininga, no interior de São Paulo, se prepara para disputar a Olimpíada Internacional de Astronomia e Astrofísica (IOAA), considerada a “Copa do Mundo” da área, que neste ano acontece na Índia.
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Lucas Amaral Jensen contou ao g1 que o gosto por ficção científica, uma dieta restrita, a prática de exercícios físicos e, é claro, o estudo de qualidade fazem parte da rotina intensa de preparação para a competição.
De 11 a 21 de agosto, o jovem e outros quatro estudantes do Brasil se unem a mais de 300 adolescentes de 65 países para representar o país na IOAA. O caminho até o mundial não foi fácil. Para se tornar um dos cinco melhores do Brasil, Lucas passou por uma verdadeira maratona de provas.
Tudo começa com a Olimpíada Brasileira de Astronomia e Astronáutica (OBA). A partir dela, os estudantes são convidados para três seletivas online. Os 200 melhores dessa fase seguem para uma seletiva presencial, onde passam uma semana realizando provas teóricas e práticas, com telescópios, observação do céu e até simulações com planetários.
Depois, os 50 estudantes com melhor desempenho ainda enfrentam mais duas fases, com provas práticas e lançamentos de foguetes, até que os cinco melhores compõem a equipe brasileira que embarca para a Índia.
Lucas Amaral Jensen de Itapetininga (SP) vai para Índia disputar a Olimpíada Internacional de Astronomia e Astrofísica
Arquivo Pessoal/Lucas Amaral Jensen
Lucas acredita que sua curiosidade é o que o diferencia. “Me dá muito prazer conhecer e aprender coisas novas. Estar constantemente em movimento, sem cair na zona de conforto. Não é confortável pra mim estar num lugar confortável.”
Além da rotina intensa de estudos, o jovem também se dedica a cuidar do corpo. “Há uns três anos, eu basicamente não como açúcar em nenhuma situação. Também faço exercício cinco vezes por semana e cortei completamente fast food e frituras.”
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🔭Expectativas para a competição
Apesar de fazer parte da equipe brasileira, Lucas explica que, na prática, a competição é individual. “Somos os cinco melhores do país, mas lá cada um compete por si. As provas em grupo são formadas por pessoas de países diferentes, então o entrosamento da equipe não é o foco principal.”
Animado com a oportunidade de viajar para a Índia, ele diz que a experiência por si só já é uma conquista. “Vai ser algo que eu dificilmente viveria em outro momento da vida. Não é como se alguém decidisse ir pra Índia do nada.” Sobre o desempenho, está tranquilo: “As provas de treinamento são mais difíceis que as da competição, justamente para nos preparar. Então não estou nervoso com ir mal.”
Ele também comenta o lado geopolítico por trás das olimpíadas. “Tem países como o Irã que investem pesado nos estudantes. Dizem até que quem ganha medalha lá é dispensado do serviço militar obrigatório. Pode ser lenda, mas mostra o quanto essas competições têm peso em alguns lugares.”
Estudante de Itapetininga, Lucas Amaral Jensen, conquista vaga para participar da Copa do Mundo das olímpiadas escolares
Arquivo Pessoal/Lucas Amaral Jensen
🏅Primeiro contato com as Olimpíadas
O primeiro contato de Lucas com as olimpíadas escolares foi no 9º ano. Ainda sem saber direito o que aquilo representava, participou da OBA de forma despretensiosa, e se saiu bem. “Eu não tinha a menor ideia do que isso podia significar pro meu futuro. Nem eu, nem a escola sabíamos direito. Nas fases seguintes, fui mal. Aí entendi que, se quisesse ir bem, precisava estudar focado.”
A própria escola também passou a perceber a importância das olimpíadas. Hoje, o incentivo é muito maior.
O diretor da escola, Joe Andrew, vê com entusiasmo esse crescimento. “Vejo que o crescimento desse movimento se dá por termos cada vez mais conhecimento das oportunidades riquíssimas de aprendizagem, protagonismo e motivação para os estudantes.”
Para ele, a principal conquista é o processo. “Mais do que buscar medalhas, o que nos move é o aluno que se prepara, que se desafia, que aprende a lidar com dificuldades e a celebrar conquistas. Isso gera autoconfiança, disciplina, pensamento crítico e até melhora o desempenho escolar.”
Outro ponto importante é que muitas universidades de ponta já oferecem vagas por cotas olímpicas. Ou seja, um bom desempenho pode garantir acesso ao ensino superior sem a necessidade de vestibular tradicional.
O professor Valter Júnior, responsável pelo projeto “Missão Olimpíadas” na escola em Itapetininga (SP)
Arquivo Pessoal/Valter Júnior
O professor Valter Júnior, responsável pelo projeto “Missão Olimpíadas” na escola, também reforça os benefícios. “Essa inserção vai além do currículo tradicional. Permite reconhecer talentos, estimular a pesquisa e conectar o conhecimento à prática. Desenvolve pensamento crítico, curiosidade, autoestima e até ajuda os alunos a descobrirem suas futuras carreiras.”
E o futuro?
Lucas ainda não decidiu que carreira seguir. Ele pensa em estudar nos Estados Unidos, talvez algo ligado à economia, mesmo que não tenha ligação direta com a astronomia. O que ele tem certeza é que a vontade de aprender sempre foi e continua sendo o seu maior combustível.
“É do instinto humano buscar novos horizontes. Se não fosse nossa curiosidade, os humanos não teriam descobriram novos continentes pelo mar. Isso é o que move a humanidade. Se isso acabar, perdemos nossa maior vantagem sobre os animais.”
E, quem sabe, um dia ele possa mesmo ir além: “Acho que, se tivesse a oportunidade, eu faria parte de uma equipe que explorasse o espaço. Só pela vontade de conhecer o desconhecido. Sempre foi isso que me atraiu e talvez seja por isso que gosto tanto de ficção científica.”
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