VÍDEO: ex-chefe da FAB diz que ficou ‘desconfortável’ com debate sobre GLO após eleições de 2022

Brigadeiro Baptista Jr. diz que reuniões começaram discutindo ‘garantia da lei e da ordem’ pontual, contra protestos pós-eleições – mas tom começou a mudar ao longo dos dias. O ex-comandante da Força Aérea Brasileira (FAB) e brigadeiro Carlos de Almeida Baptista Jr. afirmou que ficou “desconfortável” conforme os debates sobre “garantia da lei e da ordem” (GLO) avançavam no governo Jair Bolsonaro, após a derrota nas eleições de 2022.
Segundo Baptista Jr., em determinado momento, ele passou a ver que a GLO em debate “não era aquela que ele estava acostumado a ver”.
⚖️ A declaração foi dada em depoimento à Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF), em maio, na primeira fase do julgamento da ação penal da trama golpista.
⚖️ O brigadeiro é testemunha da acusação e das defesas de Jair Bolsonaro, Almir Garnier dos Santos (ex-comandante da Marinha) e Paulo Sérgio Nogueira (ex-ministro da Defesa).
O ex-presidente Jair Bolsonaro acompanhou os depoimentos, dados por videoconferência.
O militar traçou uma linha histórica das reuniões que teve com Bolsonaro em novembro de 2022 – mês seguinte ao segundo turno das eleições.
Segundo Baptista Jr, durante todo o período eleitoral e pós-eleitoral, a garantia da lei e da ordem foi uma possibilidade no radar para conter eventuais tumultos ou episódios de violência.
“Durante todo o período eleitoral, as Forças Armadas trabalham com muita avaliação de conjuntura. E estávamos entendendo que, com o povo rachado e radicalizado, sempre trabalhamos com uma hipótese de acionamento da Garantia da Lei e da Ordem”, afirmou o militar.
Ainda de acordo com Baptista Jr, após as eleições, os movimentos de paralisação de rodovias e acampamentos em frente aos quartéis reforçaram essa hipótese.
Mas segundo ele, essa GLO se daria de acordo com os princípios do artigo 148 da Constituição – “de forma pontual, para resolver um problema”.
O ex-comandante da Aeronáutica diz que, aos poucos, o comando das Forças Armadas começou a perceber que a GLO em debate não seguia esse modelo, e se assemelhava a um debate sobre ruptura constitucional.
“O presidente estava frustrado com o resultado, parecia deprimido, com uma erisipela que certamente atacou o sistema dele. E esse assunto de Garantia da Lei e da Ordem começou a ser abordado nessas outras reuniões, mas o foco era a entrega do relatório”, diz Baptista Jr, em referência ao relatório das Forças Armadas sobre a lisura do processo eleitoral.
“Em determinado momento, penso que a partir do dia 11, eu comecei pessoalmente a entender que aquela GLO que estávamos abordando não era aquela que eu estava acostumado a ver as Forças Armadas cumprirem desde 1992. Nós começamos a ficar desconfortáveis. Pelo menos eu, ministro Paulo Sérgio e coronel Freire Gomes.
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