Produção artesanal de vassouras de sorgo movimenta R$ 70 milhões por ano no Paraná


Em Londrina, produção atravessa gerações. Produção artesanal de vassouras de sorgo é tradição no norte do Paraná
Mesmo com as ofertas variadas e mais modernas nos supermercado, as antigas vassouras de sorgo não são apenas uma lembrança de tempos mais antigos, no norte do Paraná. Na zona rural de Londrina, a família do agricultor Reginaldo Alvez Feitosa se mantém na atividade há muitos anos.
✅ Siga o g1 PR no Instagram
✅ Siga o canal do g1 PR no WhatsApp
Reginaldo conta que entrava na adolescência, quando o pai, Alceu Alves Feitosa, começou a plantar sorgo na propriedade.
“Eu tinha meus treze anos e estava trabalhando com ele, na época. Depois, ele foi me ensinando e me deu um pedaço de terra. Eu me lembro até hoje. Foram mais ou menos dois mil metros quadrados, mais ou menos. Plantei sorgo e produzi 30 dúzias de vassouras”, conta o agricultor Reginaldo Alvez Feitosa .
Na propriedade da família, são dois plantios de sorgo-vassoura por ano. Um é feito em outubro, com colheita no verão. O outro, em fevereiro, para ser colhido no inverno. Reginaldo costuma semear 26 hectares com o sorgo, na safra de inverno.
A produção das vassouras é artesanal. Quando está no ponto, a planta é cortada, mas permanece no campo por até três dias para secar completamente. De lá, vai para um barracão, onde as sementes são retiradas das pontas dos ramos com o auxílio de uma máquina.
As hastes são selecionadas, agrupadas em pequenos feixes e presas com arame para que fiquem bem firmes. Somente a parte final do ramo – que se assemelha a uma palha – é aproveitada. O excesso de haste é cortado e descartado.
A peça passa então por uma máquina de costura, que dá forma à vassoura. O último passo é aparar a ponta da palhada e fixar o cabo com um prego.
Atualmente, a fabricação de vassouras é a única fonte de renda de Reginaldo, que tem uma produção mensal de mais de duas mil unidades. A maior parte é vendida para o estado de Santa Catarina, mas o agricultor também tem clientes na região de Londrina e em outros estados.
“Nós vendemos uma vassoura com cabo por R$ 17,00 a unidade. Se for sem o cabo, a dúzia sai por R$160,00. Se vender mais barato não cobre os custos dos insumos e as diárias dos trabalhadores contratados”, conta Reinaldo.
Segundo Paulo Andrade, engenheiro agrônomo do Departamento de Economia Rural do Paraná (Deral), a tradição do uso da vassoura de palha colabora significativamente na economia do estado, apesar de ser uma cultura alternativa.
“Dentro de toda a agropecuária do Paraná, que gera 198 bilhões de reais por ano, com soja trigo, milho, proteínas animais e outros produtos, a vassoura ocupa dois mil hectares e gera uma renda bruta de quase R$ 70 milhões por ano, o que é muito significativo, especialmente para as famílias e para as comunidades onde a atividade está presente”, relata Paulo Andrade, engenheiro agrônomo do DERAL.
Produção artesanal de vassouras de sorgo é tradição no norte do Paraná. Atividade movimenta 70 milhões de reais por ano
Caminhos do Campo/RPC
LEIA TAMBÉM:
‘Arraiá nas alturas’: Trupe de Curitiba celebra festa junina em pernas-de-pau
Vídeo: Aluno usa equipamento de tatuagem dentro de sala de aula, em colégio cívico-militar
Polícia: Suspeito de ser mandante do crime que matou miss é encontrado, sete anos depois, em apartamento com porta blindada
Alceu Feitosa também continua plantando sorgo. Ele conta que criou os oito filhos com ajuda da renda vinda do produto que fabrica com as próprias mãos.
“Hoje, eu já estou me entregando, não estou querendo mexer mais, porque a gente cansa, com a idade chegando, mas gosto do que eu faço. Quero morrer assim, sendo agricultor”, segundo Alceu Feitosa.
Na cidade, a comerciante Marlene Martins Soncini não apenas usa a vassoura de sorgo para as faxinas, como também vende o produto. Ela é dona de um petshop e diz que a procura é grande.
“A princípio, a loja era só pra vender rações, mas os clientes começaram a pedir e eu fui atrás do produto. Hoje, vendo pelo menos 60 vassouras por mês”, conta Marlene Martins Soncini.
VÍDEOS: Mais assistidos do g1 Paraná
Veja mais notícias em g1 Norte e Noroeste.
Adicionar aos favoritos o Link permanente.