Bastidores do brilho: quadrilheiros encaram rotina intensa com ensaios, treinos e terapia para disputas juninas


Segundo Glauber Alves, produtor executivo do grupo cultural, a rotina dos quadrilheiros é extremamente intensa e, para o São João de 2025, a preparação começa desde outubro de 2024. Quadrilha junina Luar do São João
Acervo Redes Sociais
Ensaios, fantasias, brilhos, sonhos e determinação. Isso é o que move os bastidores da junina piauiense Luar do São João. Conhecida por colecionar prêmios, a bicampeã do Festival de Quadrilhas Juninas da TV Globo tem quadrilheiros que vivem uma rotina intensa e conciliam vida pessoal com uma jornada de preparação física e mental exigente para o período de São João. São vidas que se transformam em uma história de amor pela dança.
✅ Siga o canal do g1 Piauí no WhatsApp
Fundado no dia 8 de dezembro de 2011, por Edilson Cavalcante, falecido em fevereiro de 2017, o grupo junino conta com 170 pessoas, entre dançarinos, produção, atores, cantores e direção. Nesses 14 anos de atuação na cultura, a Luar do São João coleciona diversos prêmios como bicampeã do Globo Nordeste, tricampeã do Nordestão e diversos troféus entre campeonatos nacionais e estaduais.
Ao g1, o produtor executivo do grupo cultural, Glauber Alves, explicou que a rotina dos quadrilheiros começa muito antes do período de São João, já que os ensaios para as apresentações ocorrem quase um ano antes. O planejamento para as festas juninas de 2025 começa em outubro de 2024.
LEIA TAMBÉM:
Luar do São João, do Piauí, fica em 3º lugar no Festival de Quadrilhas Juninas da Globo 2024
Luar do São João, do Piauí, vence o Festival de Quadrilhas Juninas da Globo em 2023
Quadrilha junina conta a história do cuscuz durante temporada de apresentações em festivais
Luar do São João, do Piauí, vence o Festival de Quadrilhas Juninas da Globo
A preparação inicia em um ritmo leve, com encontros aos domingos, e, após o Carnaval, passam para ensaios às terças, quintas e domingos. Cada encontro conta com momentos de alongamento, aquecimento, muita hidratação e, sempre que possível, lanches leves e saudáveis com frutas e verduras.
“É um trabalho árduo, mas feito com muito amor e dedicação, tudo para manter viva a cultura junina. É um processo exigente, delicado e importante. Os resultados que temos alcançado são reflexo direto de todo esse esforço. Para que tudo dê certo, cuidamos não só da dança, mas também do corpo e da mente. É fundamental chegar ao mês de junho com saúde, disposição e força para encarar a temporada de apresentações”, ressaltou Glauber Alves.
Apresentações Luar do São João
Acervo Redes Sociais
Muitos integrantes do grupo encaram uma jornada dupla e às vezes até tripla, com trabalho, estudos e ensaio das apresentações. Por conta disso, eles dedicam tempo aos cuidados com o corpo e com a mente para manter o ritmo dos ensaios, suportar o peso da fantasia e ter o equilíbrio emocional para as disputas de quadrilhas juninas.
Academia, esportes, muita hidratação, alimentação saudável e acompanhamento psicológico. Tudo em completa harmonia para que o amor pela dança possa continuar florescendo. É uma entrega total.
“Nas apresentações, seguimos com o mesmo cuidado: levamos alimentos que revigoram a energia dos dançarinos, reforçamos a hidratação e mantemos todo o preparo físico construído ao longo dos meses. Tudo isso para garantir que cada apresentação seja única, cheia de brilho e feita com a alma”, reforçou o produtor executivo.
Luar do São João
Acervo Redes Sociais
Histórias que inspiram
Sobre o amor pela dança, muitos integrantes da Luar do São João tem propriedade para falar. São pessoas cheias de sonhos que fazem escolhas difíceis ao deixar filhos, família e sua cidade para viver a temporada de apresentações e dar vida a campeã junina.
A equipe tem integrantes que diariamente percorrem até 65 quilômetros para participar dos ensaios na capital, em percursos das cidades de União, José de Freitas e Timon até Teresina.
“Ser quadrilheiro é viver uma paixão com disciplina. É correr contra o relógio, sair do trabalho direto para o ensaio, chegar em casa tarde e, mesmo assim, voltar no dia seguinte com brilho nos olhos. Tudo isso para manter viva a tradição e fazer o São João acontecer com beleza, emoção e muito suor”, relatou Glauber Alves.
Quadrilheiros Luar do São João
Acervo Redes Sociais
Exemplo dessa dedicação pela arte é a quadrilheira Rafaela Cristine, que desde 2016 dança na Luar do São João. Em 2019, ela teve que fazer uma pausa no sonho para viver a maternidade. Hoje mora com o filho em Timon, cidade vizinha a Teresina, trabalha como maquiadora e vive a jornada dupla de quem se dedica para o São João.
“Somos só eu e meu filho. Quando surgem as viagens, meus pais são minha rede de apoio. É uma rotina um pouco exaustiva, quando morava em Teresina era mais fácil. Pensei várias vezes em não dançar, mas surge o amor pela dança. Faço com muito orgulho e determinação. Sem contar que a Luar me ajuda bastante com meu emocional. Trabalho como maquiadora e as meninas da própria quadrilha me procuram para as maquiagens da temporada”, relatou Rafaela Cristine.
Já para Marly Rodrigues, que mora em União, a 65 km ao Norte de Teresina, a determinação se mantém com a realização de um sonho. Este ano é a primeira vez que ela dança na Luar do São João e se dedica entre trabalhar com o atendimento ao público em uma loja de variedades de União e se deslocar para a capital sempre que tem ensaios.
A rotina de ensaios é exaustiva, com ensaios três vezes na semana, a quadrilheira sai de União às 18h30, faz um trajeto de cerca de uma hora e chega a Teresina às 19h30. Na volta, chega em casa entre 23h e uma da manhã, e na manhã seguinte acorda cedo para trabalhar.
Sobre a rotina de trabalho, Marly comenta que precisa de folgas para participar das apresentações. Apesar dos desafios, dançar é uma válvula de escape em seu dia a dia.
“Já dancei em outras quadrilhas, mas sempre admirei a Luar. Não tinha nos meus planos devido à distância, mas um colega me convidou. Vamos de moto. É uma experiência única ver o projeto sendo criado do início, as responsabilidades de quadrilheiro. São muitas emoções ao mesmo tempo. Agora, na reta final, compreendo que ser ‘luarzeiro’ vale a pena. Quando a gente entra em quadra, tudo que foi vivido nesses seis, sete meses de ensaios parece que some”, ressaltou a quadrilheira.
Ensaios Luar do São João
Acervo Redes Sociais
*Caroline Rosário, estagiária sob supervisão de Lucas Marreiros.
📲 Confira as últimas notícias do g1 Piauí
📲 Acompanhe o g1 Piauí no Facebook, no Instagram e no X
VÍDEOS: assista aos vídeos mais vistos da Rede Clube
Adicionar aos favoritos o Link permanente.