Polícia suspeita que clínica de estética interditada em Campinas reaproveitava agulhas na aplicação de botox


Denúncia de irregularidades foi feita por cliente que não ficou satisfeita com resultado de tratamento. Segundo delegado, donos têm passagem por crimes de estelionato. Imagens mostram frascos de preenchedores com agulhas acopladas.
Polícia Civil/Divulgação
A Polícia Civil suspeita que a clínica de estética interditada no bairro do Cambuí, em Campinas (SP), reaproveitava agulhas na aplicação de preenchimentos como o botox. O local não tinha alvará de funcionamento e os donos, que têm passagem por crimes de estelionato, foram presos em flagrante.
Com apoio da Vigilância Sanitária, investigadores estiveram no local na quarta-feira (11). De acordo com o delegado Marcel Fehr, havia agulhas acopladas nos frascos abertos de toxina botulínica, popularmente conhecida como botox, e apenas uma seringa plástica.
Em nota, a clínica MK Saúde e Estética afirmou que tem como “princípio fundamental o compromisso absoluto com a saúde, segurança e bem-estar” (veja posicionamento na íntegra abaixo).
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“Não podemos afirmar categoricamente, mas não vemos outra explicação a não ser que aquela seringa era acoplada nas agulhas [que já estavam nos frascos da substância] e, imediatamente, o material inoculada nos pacientes da clínica”, comentou em coletiva de imprensa nesta quinta (12).
“Isso é uma dedução lógica. Apesar de toda a estrutura, que dava a aparência de um lugar com garantia de serviço, de fato, os clientes estavam com a saúde exposta a riscos graves”, completou o delegado.
Cliente insatisfeita fez denúncia
Clínica de estética foi interditada em Campinas
Reprodução/EPTV
Ainda segundo Fehr, a denúncia sobre irregularidades foi feita por uma cliente que não ficou satisfeita com o estabelecimento. “[Ela] havia se submetido a tratamento nessa clínica e não houve sucesso no tratamento. Inclusive, ela ficou com algumas lesões, alguma coisa nesse sentido”, comentou.
Os donos também teriam relatado em depoimento que recentemente foram alvo de uma fiscalização decorrente de uma ação trabalhista. Apesar dos aleras sobre irregularidades, eles mantiveram as atividades. “Continuaram atendendo as clientes, aparentemente, de uma forma bastante robusta. A clínica parecia ser bastante movimentada”.
O dono da clínica tem passagem desde 2003 por porte de arma, contrabando e estelionato. Já a mulher tem antecedentes criminais, com registro de 2018, por estelionato. “São pessoas que têm conhecimento, experiência, e sabem as consequências de uma atividade ilegal”, completou o delegado.
Fiscalização encontrou produtos irregulares
A Polícia Civil foi até o estabelecimento depois de receber denúncias de que o local, especializado em estética facial e corporal, funcionava de maneira irregular. A corporação e a Vigilância Sanitária encontraram problemas em frascos de botox e ácido hialurônico. Alguns estavam abertos e sem a data de abertura discriminada no frasco.
Segundo a investigação, haviam produtos vencidos desde 2024. A polícia e a Vigilância também informaram que a esterilização dos instrumentos era “ineficiente e contrária” às normas sanitárias. Há a suspeita ainda de reutilização de seringa. Os proprietários da clínica são casados.
A mulher é biomédica e cuidava dos procedimentos, enquanto que o homem era responsável pela área administrativa. Eles foram presos por crime contra as relações de consumo e devem passar por audiência de custódia na manhã desta quinta-feira (12). O caso foi registrado no 13º Distrito Policial de Campinas.
Em 2023, um boletim de ocorrência de lesão corporal já tinha sido registrado contra a clínica após um procedimento estético.
O que diz a clínica
A clínica disse que colabora integralmente com as autoridades competentes e, como recebeu a documentação relativa à interdição “recentemente”, qualquer manifestação conclusiva seria precipitada. Veja a nota na íntegra.
A MK Saúde e Estética informa que tomou ciência, nesta data, das diligências realizadas pela Vigilância Sanitária e Polícia Civil em suas instalações. Desde então, estamos integralmente colaborando com as autoridades competentes para a completa e transparente apuração dos fatos.
É importante destacar que recebemos recentemente a documentação relativa ao caso, motivo pelo qual qualquer manifestação conclusiva neste momento seria precipitada e violaria o direito constitucional de presunção de inocência dos envolvidos.
No entanto, reforçamos que temos como princípio fundamental o compromisso absoluto com a saúde, segurança e bem-estar de nossospacientes. Estamos tomando imediatamente todas as medidas necessárias para esclarecer os fatos, para que nossos processos continuem integralmente alinhados às normas técnicas e sanitárias aplicáveis.
Assim que dispusermos de mais informações e esclarecimentos, estes serão prontamente compartilhados com a imprensa e a sociedade.
Agradecemos a compreensão e confiança de nossos clientes.
Clínica sem alvará é interditada em Campinas
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