Pedro Severino: como jogador superou edemas cerebrais e quatro cirurgias até receber alta após quase 100 dias de internação


Atleta chegou a ter protocolo de morte cerebral aberto logo depois de acidente de carro, no dia 4 de março. Desde terça (10), ele se recupera em casa ao lado dos pais e irmãos. ‘Alegria’: em primeira fala ao público, Pedro Severino comenta alta hospitalar
Uma série de tratamentos, procedimentos cirúrgicos e cuidados marcou os quase 100 dias de internação do jogador Pedro Severino.
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Em uma coletiva de imprensa nesta quinta-feira (11), os médicos que atenderam o atleta em Ribeirão Preto (SP) detalharam o que foi feito desde as primeiras horas após o acidente de carro em Americana (SP), no dia 4 de março, até os dias que antecederam a alta, na última terça (9).
Inicialmente, Pedro foi levado ao Hospital Municipal de Americana, onde, no mesmo dia, um protocolo de morte cerebral foi aberto. No entanto, no dia seguinte, o procedimento foi interrompido depois que o jogador apresentou um reflexo de tosse na retirada da sedação. Já no dia 6, ele foi transferido para Ribeirão Preto, onde permaneceu até deixar o hospital.
Nesta quinta, a equipe médica descartou a ideia de que o protocolo de morte encefálica tenha sido iniciado de forma precoce.
O médico intensivista Gil Teixeira, coordenador da UTI do Hospital Unimed de Ribeirão Preto, destacou que quando Pedro chegou a Ribeirão, a equipe verificou a possibilidade de recuperação e, a partir daí, adotou os procedimentos possíveis para que isso ocorresse.
A primeira etapa foi proteger o cérebro, com medidas para diminuir a pressão no crânio e o edema cerebral.
“Na fase inicial, quando a gente identificou que a gente tinha uma evolução que poderia ser tentada, a gente lutou com tudo que a gente tem de alta tecnologia, com a medicina de excelência, utilizando equipamentos de última geração para fazer a monitorização, identificação de processos para essa lesão cerebral. A gente tinha que proteger esse cérebro e diminuir danos secundários. A primeira etapa era não deixar esse cérebro parar de funcionar.”
Pedro Severino com os médicos e pais
Reprodução
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Cirurgias e testes
Após essas medidas iniciais, os médicos tiveram o desafio de controlar infecções devido ao tempo de internação e as complicações provocadas pelo dano no cérebro.
De acordo com o neurocirurgião Romeo Boullosa, a partir disso, começaram os quatro procedimentos cirúrgicos que Pedro foi submetido durante a internação. Foram estes:
10 de março: traqueostomia para melhorar respiração;
18 de março: gastrostomia para poder se alimentar através de uma sonda em uma abertura no estômago;
28 de abril: primeira neurocirurgia para controlar vazamento de líquor, que é um líquido cerebral e estava vazando pelo nariz. Além disso, foi feita uma prótese para reconstruir a região frontal do paciente;
7 de maio: outra cirurgia para controlar novo vazamento de líquor.
Boullosa afirmou que, depois do último procedimento, a evolução do jogador foi constante até receber alta médica.
“A partir daí, a evolução foi muito boa. Nós evitamos infecções graves, como meningite, e ele passou a evoluir, inclusive, neurologicamente melhor.”
Pedro Severino recebeu alta após quase 100 dias de internação.
Arquivo pessoal
Ciência e fé
Ainda durante a coletiva, Gil Teixeira destacou fatores físicos e psicológicos como determinantes para a recuperação de Pedro Severino.
Além do preparo e da idade do jogador, de 19 anos, o suporte e a espiritualidade de familiares e amigos, com correntes de oração em frente ao hospital, além do envolvimento emocional com os funcionários do hospital, ajudou nessa evolução.
“Tudo que a gente tem a participação divina frente à vida humana é a definição de milagre. A gente teve uma associação sempre com a presença de Deus na crença de cada um, a participação divina aliada a um exercício de uma medicina de excelência e com certeza, com a comoção e com a participação de uma família muito participativa”, disse.
Segundo a equipe multidisciplinar, quadros como o do jogador, em sua maioria, resultam em morte no local ou após 48 horas de internação.
“Milagre remete a uma questão religiosa, isso é um julgamento de cada um. Mas o nosso milagre aqui foi extremamente humano, realizado por humanos”, disse a cardiologista Amanda Benelli Kujavo, coordenadora de enfermaria e parte da equipe que cuidou de Pedro.
De acordo com os médicos, Pedro já responde de maneira consciente e coerente, mas ainda com certo nível de lentidão. Além disso, ainda tem um quadro inflamatório cerebral e de déficit motor do lado esquerdo.
Os médicos dizem que ainda é muito cedo apontar se o atleta terá condições de voltar a jogar futebol profissionalmente. Mesmo após a alta, ele continuará sendo acompanhado por profissionais como psicológico e fisioterapeuta para cuidar da parte motora e cognitiva.
Coletiva sobre a recuperação do jogador Pedro Severino
Jefferson Severiano Neves/EPTV
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