Dada como morta após ser atingida por um raio, mulher sobrevive e desafia a medicina: ‘Foi um milagre’


Gi Raio, como é conhecida, não se lembra do acidente. Tem apenas flashes, misturados ao que ouviu de outras pessoas. Conheça a história da mulher que foi dada como morta após ser atingida por um raio e sobreviveu

Contar a história de quem sobrevive a um raio é, em parte, tentar explicar o inexplicável. É mergulhar em mistérios que desafiam a ciência — como os que envolvem a vida da personal stylist Gisely Bolanho, conhecida como Gi Raio.
“O que é que pode me parar depois de ter esse empurrão divino na vida, né? É uma marca para sempre”, diz Gisely.
A viagem que mudou tudo
Era o fim de 1997. Gisely, o namorado, a melhor amiga e o namorado dela decidiram passar o réveillon em Garopaba, no litoral de Santa Catarina. A animação era grande. No dia 30 de dezembro, o grupo acordou cedo e foi curtir a Praia da Ferrugem.
“Você acredita que nesse dia teve um arco-íris?”, lembra Gisely.
Mas o tempo virou. No fim da tarde, o céu fechou de vez. Quando voltavam para pegar os últimos pertences na areia, foram atingidos por um raio.
“Eu vi areia subindo, fogo descendo, o barulho estrondoso… Eu caí no chão. E acabou. Acabou a respiração. Eu sabia que eu estava morrendo.”
Entre a vida e a morte
Gisely não se lembra do que aconteceu depois. Tem apenas flashes, misturados ao que ouviu de outras pessoas. Foi dada como morta na praia. No boletim de ocorrência, seu nome aparece como vítima — e também como testemunha.
O namorado e a melhor amiga morreram. Mas o coração de Gisely voltou a bater.
“Fui levada para o IML. Lá, viram que eu tinha ‘voltado’. Me levaram para a Santa Casa de Tubarão. Ninguém imaginava.”
Ela carrega até hoje um calo ósseo no crânio, que impressiona médicos.
“Ninguém sabe como que abriu e como fechou, em horas. Isso não se explica. É um milagre muito grande o que aconteceu com o meu corpo”.
Recordações de Gisely, com a melhor amiga e o namorado, que faleceram
Reprodução/TV Globo
Uma em um milhão
Segundo o especialista em raios Osmar Pinto Júnior, pesquisador do INPE, a chance de ser atingido por um raio no Brasil é de uma em um milhão. Mas em situações de risco, como estar na praia, essa chance pode chegar a uma em cem.
“Quando o raio cai diretamente numa pessoa, a chance de sobrevivência é praticamente zero. A maioria das vezes, os raios caem próximo e atingem parcialmente”, explica Osmar.
O milagre da vida
Anos depois, Gisely enfrentou outro desafio. Após o acidente, foi informada de que não poderia ter filhos. O útero havia sido um dos órgãos mais afetados. Mas, contrariando os prognósticos, ela engravidou naturalmente.
“De novo o extraordinário veio morar dentro de mim! ‘Meu ‘milagrão’”, comemora.
A filha, Nicoly Bolanho Tonon, hoje auxiliar de marketing, carrega os ensinamentos da mãe.
“Ela sempre me ensinou muita coisa. A principal é que a gente escolhe todos os dias como vai encarar a vida”, diz Nicoly.
Gisely e a filha
Reprodução/TV Globo
Intensidade e gratidão
Hoje, Gisely vive com intensidade. Dança, canta, surfa e celebra cada dia como um presente.
“Eu estou ‘em obras’, vivendo cada dia melhor e me tornando uma pessoa melhor. Essa chance não pode ser desperdiçada.”
Gisely
Reprodução/TV Globo
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