
Alteração aprovada por 56 votos favoráveis se baseia na denúncia de que João David Ferreira Lima teria contribuído com informações aos órgãos de repressão durante a ditadura militar no Brasil. UFSC no campus da Trindade
Diorgenes Pandini/NSC/ Arquivo
O Conselho Universitário da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) aprovou uma mudança no nome do campus no bairro Trindade, em Florianópolis, nesta terça-feira (17). A decisão retira a homenagem ao primeiro reitor da instituição, João David Ferreira Lima, que atuou durante o regime militar.
A alteração aprovada por 56 votos favoráveis se baseia na denúncia de que o reitor teria contribuído com informações aos órgãos de repressão durante a ditadura militar no Brasil.
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O campus agora deve ser chamado apenas de “Campus Universitário localizado no bairro Trindade”, e a alteração será feita no Estatuto da UFSC, que atualmente cita o nome do ex-reitor como denominação do espaço de ensino.
O tema vinha sendo debatido nos últimos meses e foi colocado em pauta pela primeira vez no Conselho Universitário em 6 de junho. A decisão final era prevista para a última sexta-feira (13), mas foi adiada após pedido de vistas (veja mais abaixo).
Ferreira Lima ocupou a reitoria de 1961 a 1972, exercendo sua atuação em pelo menos sete anos de regime militar. A Comissão Memória e Verdade (CVM) da UFSC concluiu que, durante o período, a administração universitária “participou ora de forma ativa e ora com indiferença no processo de repressão e perseguição”.
Antes da votação, trechos finais do parecer aprovado foram apresentados pelo conselheiro Hamilton de Godoy Wielewicki, relator do caso no Conselho da UFSC, que destacou a importância de uma decisão fundamentada e baseada nas evidências reunidas pela comissão.
O documento apontou que o ex-reitor teve sua trajetória associada a situações que configuraram graves ameaças aos direitos humanos durante o regime militar brasileiro (1964-1985).
Pedido de vista
Ainda na sessão da sexta-feira (13), a advogada Heloísa Blasi Rodrigues, defensora da manutenção do nome do campus, havia afirmado que não há provas conclusivas contra o ex-reitor.
Ela defendeu que as ações atribuídas ao professor ocorreriam em um contexto de autoritarismo ao qual o ex-reitor também estava submetido. Familiares e apoiadores do ex-reitor também negam as acusações atribuídas a ele.
Um relatório apresentado após o pedido de vista foi lido ao público, nesta terça-feira, defendendo a manutenção do nome do câmpus ou, alternativamente, uma consulta pública para avaliar a opinião da comunidade acadêmica. O relatório foi rejeitado pelos participantes.
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