Israel vai ‘aprofundar’ ataques contra Irã, diz Exército; ministro da Defesa pede foco em ‘símbolos do regime’ Khamenei


Ministro da Defesa diz que ofensiva busca desestabilizar o governo iraniano após ataque a hospital no sul de Israel. O porta-voz do Exército de Israel informou nesta sexta-feira (20) que o país vai “aprofundar” os ataques contra o Irã. Segundo o ministro da Defesa, Israel Katz, o foco são ataques aos “símbolos do regime” do aiatolá Ali Khamenei, com o objetivo de desestabilizá-lo.
Katz já havia ordenado, ainda pela manhã, que o Exército intensificasse os ataques contra o Irã e atingisse “todos os símbolos do regime” iraniano.
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Em nova declaração, dada à tarde no horário local, o ministro reiterou que os ataques aéreos têm como objetivo desestabilizar o governo do Irã.
“Continuamos a intensificar os ataques contra a ameaça nuclear iraniana, em todos os seus componentes”, disse Israel Katz.
A ordem ocorre um dia após Katz afirmar que o líder supremo iraniano “não merece mais viver”, em resposta ao ataque ao hospital Soroka, no sul de Israel.
Encontro Irã e representantes europeus
Líder Supremo do Irã rejeita rendição e ameaça EUA com ‘danos irreparáveis’
Os ministros das Relações Exteriores do Reino Unido, França e Alemanha —conhecidos como E3— se reúnem nesta sexta-feira (20) com o ministro das Relações Exteriores iraniano, Abbas Araqchi.
O objetivo é buscar uma solução diplomática para o conflito entre Israel e o Irã, e o programa nuclear iraniano também será discutido. A sugestão do encontro presencial partiu do Irã, e as duas partes concordaram em se reunir.
As negociações ocorrerão em Genebra, na Suíça, onde foi firmado em 2013 o primeiro acordo entre o Irã e as potências mundiais para limitar o programa nuclear iraniano em troca da retirada de sanções. Esse acordo foi fechado pelo ex-presidente americano Barack Obama, e Donald Trump retirou os EUA durante seu primeiro mandato, entre 2017 e 2020.
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A reunião acontece após o colapso das novas negociações entre Irã e EUA, motivado pelo lançamento de uma ofensiva militar israelense no formato de bombardeios aéreos no último dia 12 de junho.
“Os iranianos não conseguem se sentar com os americanos, enquanto nós conseguimos”, disse um diplomata europeu. “Vamos dizer a eles para voltarem à mesa de negociações sobre a questão nuclear antes que o pior aconteça, ao mesmo tempo em que levantamos nossas preocupações com relação a seus mísseis balísticos, apoio à Rússia e detenção de nossos cidadãos.”
As potências europeias, que não participaram diretamente das negociações nucleares entre Irã e EUA, vinham se mostrando cada vez mais frustradas com a estratégia de negociação americana. Os países consideraram algumas exigências do governo Trump como irreais e temiam que um acordo político inicial fraco levasse a negociações intermináveis.
Os seguintes ministros e diplomatas europeus comparecerão à reunião com o Irã:
Ministro das Relações Exteriores alemão, Johann Wadephul;
Ministro dos Negócios Estrangeiros francês, Jean‑Noël Barrot.
Secretário das Relações Exteriores britânico, David Lammy;
Chefe da Diplomacia da União Europeia, Kaja Kallas;
Dois diplomatas disseram que não há grandes expectativas de avanços nas negociações em Genebra, que também contarão com a presença do chefe da política externa da União Europeia.
Mas disseram que é vital manter o diálogo com o Irã, pois, mesmo que a guerra cesse, o programa nuclear iraniano continuará sem solução, já que não é possível apagar o conhecimento técnico adquirido — o que poderia permitir ao país reconstruir o programa de forma clandestina.
Um funcionário iraniano afirmou que Teerã sempre foi favorável à diplomacia, mas pediu que o E3 use todos os meios disponíveis para pressionar Israel a cessar seus ataques contra o Irã.
“O Irã continua comprometido com a diplomacia como único caminho para resolver disputas — mas a diplomacia está sob ataque”, disse o funcionário.
Chamas e fumaça sobem do horizonte de Teerã enquanto Israel bombardeia o Irã
Reprodução/Reuters
Resolução contra Teerã
Antes dos ataques israelenses, o E3 e os EUA apresentaram uma resolução que foi aprovada pela Junta de Governadores da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), uma agência da ONU, declarando que o Irã violou suas obrigações com o Tratado de Não Proliferação Nuclear.
Como parte da resolução da AIEA da semana passada, autoridades europeias disseram que poderiam encaminhar o caso do Irã ao Conselho de Segurança da ONU ainda neste verão, como forma de aumentar a pressão caso não haja avanços nas negociações nucleares.
Isso seria uma ação separada da reimposição de sanções da ONU — o chamado mecanismo de “snapback” — que pode ser ativado antes de 18 de outubro, quando o acordo de 2015 expira.
Os europeus são os únicos que podem acionar o mecanismo de snapback, e diplomatas afirmaram que os três países pretendem estabelecer o final de agosto como prazo final para ativá-lo.
“O Irã declarou repetidamente que acionar o snapback terá consequências graves”, disse o funcionário iraniano.
Centrífugas de enriquecimento de urânio na usina de Natanz, no Irã.
IRIB via AP, File
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