Reunião discute ações para conter impactos durante período de estiagem no Acre: ‘Nos prepararmos para o pior’


Especialistas afirmam que estiagem deve se prolongar até outubro. Reunião técnica ocorreu nessa quarta-feira (18) em Rio Branco. Eventos climáticos foram discutidos no Acre durante reunião entre órgãos estaduais
Júnior Andrade/Rede Amazônica
Para enfrentar a estiagem que deve durar até outubro, segundo a Defesa Civil do Acre, órgãos locais se reuniram, na última quarta-feira (18), para discutir as ações a serem feitas durante o período de seca. A previsão é de que o cenário seja semelhante ao vivenciado nos dois últimos anos.
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A reunião técnica ocorreu entre a Defesa Civil Estadual, a Secretaria do Meio Ambiente (Sema), o Centro Gestor e Operacional do Sistema de Proteção da Amazônia (Censipam) e Secretaria Extraordinária de Povos Indígenas do Estado (Sepi).
Segundo o coordenador da Defesa Civil estadual, coronel Carlos Batista, até o momento a quantidade de chuvas está dentro do esperado. Porém, a tendência é que haja uma redução dos índices pluviométricos.
“Todo o cenário apresenta um cenário de chuva dentro da normalidade, mas se tratando dessas mudanças climáticas, nós temos sempre que nos prepararmos para o pior. Então, a Defesa Civil Estadual, junto com todo o gabinete de crise, o grupo operacional de comando e controle, também do governo do estado, todos nós estamos nos preparando para uma situação semelhante a 2023 e 2024”, disse.
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Ainda de acordo com o coronel, desde o mês de fevereiro, ainda no período das inundações, já estavam sendo feitas reuniões pensando em uma seca mais severa nesses próximos meses. Além disso, foi feito um trabalho de combate às queimadas que acontecem nesse período com mais frequência.
“Os bombeiros, dentro da sua programação, já fizeram várias capacitações, formação de brigadas e trabalhou na parte preventiva. A Secretaria de Meio Ambiente montou um programa de agentes mirins nas escolas, já preocupados com a prevenção, na orientação para não-queimadas. E todas as demais estruturas de governo têm se preparado para as ações em relação ao desabastecimento de água”, complementou Batista.
Planejamento
Secretário de Meio Ambiente comentou que foram adiantadas as discussões sobre os eventos climáticos
Júnior Andrade/Rede Amazônica
O secretário estadual do Meio Ambiente (Sema), Leonardo Carvalho, afirmou que reuniões estão sendo feitas para discutir os eventos climáticos.
“Esse ano nos antecipamos à questão dos eventos climáticos extremos. Temos o Grupo Operacional de Comando e Controle que cuida do desmatamento e queimadas, e temos o gabinete de crise hídrica. Vamos aproveitar para fazer uma reunião do gabinete de crise hídrica e também apresentar um prognóstico de como esses próximos três meses [julho, agosto e setembro] vão se comportar do ponto de vista climático”, falou.
O gestor citou que também faz parte de um grupo de trabalho, a âmbito nacional, para discutir as soluções de integração. Para que esse trabalho aconteça no território da melhor forma, ele pede a ajuda da população acreana.
“Ano passado foi um momento muito crítico, a gente precisa de uma conscientização de que essas queimadas e o desmatamento ilegal não podem ocorrer. Estamos num momento em que o ambiente das florestas estão cada vez mais vulneráveis às queimadas, então temos que ter todo um cuidado”, disse ele.
Preocupações
Secretária extraordinária dos Povos Indígenas do Acre diz que já estão se preparando para o período de seca
Júnior Andrade/Rede Amazônica
A secretária extraordinária de Povos Indígenas do Acre (Sepi), Francisca Arara, comentou que há três anos já há uma preocupação sobre as mudanças climáticas extremas e sobre como poderá impactar a vida dos indígenas.
Ela declarou ainda que o planejamento de ações estratégicas está sendo feito pela Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), Distrito Sanitário Especial Indígena (Dsei), Secretaria de Estado do Meio Ambiente (Sema) e segurança alimentar.
“A gente também não tem dinheiro para fazer tudo, mas pelo menos pontuarmos essas duas coisas, de ter um plano, algum indicador, um diagnóstico. Isso nós temos. Agora, estamos trabalhando para a captação de mais recursos, que é para atender essas demandas”, certificou ela.
Ela falou também que está sendo discutido com outras instituições parceiras, que complementam a política pública, para que os povos indígenas recebam ajuda na questão de se preparar para a segurança alimentar.
“A cesta básica é uma coisa mais urgente, mas os indígenas também questionam a cesta básica. Eles querem uma coisa mais duradoura. Eles não querem muito essa coisa assistencialista, então a gente também vai respeitar”. afirmou.
Reunião discutiu ações para o enfrentamento da seca prolongada no Acre
Prognósticos
Metereologista do Censipam, Luis Alves, prevê período mais quente do que nos anos anteriores
Júnior Andrade/Rede Amazônica
O meteorologista do Centro Gestor e Operacional do Sistema de Proteção da Amazônia (Censipam), Luis Alves, falou que os meses de junho, julho e agosto são considerados os mais secos e quentes do ano
“É o período em que as temperaturas atingem seus maiores valores. As chuvas acontecem de uma forma muito esporádica, quase não chove nesse período. Então, o que a gente espera é que isso de fato aconteça, [mas que] seja uma seca normal. A gente vai passar por dias cada vez mais ensolarados, com pouca chuva, e isso é uma coisa constante, pelo menos até agosto”, comentou ele.
Luis esclareceu que em 2025 não haverá nenhum fenômeno climático atuando, nem El Niño e nem La Niña, que vá fazer interferência direta nas condições climáticas.
“A gente acredita que esse período tenhamos realmente uma seca, uma condição de normalidade. Acreditamos que esse nosso verão amazônico seja de fato um pouco mais quente que o normal, principalmente para a parte mais leste do estado do Acre, onde está Rio Branco principalmente. As temperaturas, sim, vão ser mais elevadas que o normal”, assegurou ele.
*Colaborou o repórter Júnior Andrade, da Rede Amazônia Acre.
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