
Médicos começaram a retirar sedação de Aurora Maria nessa sexta-feira (27). Na madrugada deste sábado (28), ela teve uma parada cardíaca, passou cerca de 39 minutos sem batimentos e foi reanimada. Ela segue internada em unidade de Belo Horizonte, capital mineira. Marcos Oliveira acompanha a filha Aurora e a mulher em Minas Gerais
Arquivo pessoal
A recém-nascida Aurora Maria Oliveira Mesquita, de 7 dias, que pode ter sofrido queimaduras durante o banho na maternidade de Cruzeiro do Sul, interior do estado, no último domingo (22), teve uma parada cardiorrespiratória na madrugada deste sábado (28) e precisou ser reanimada pela equipe médica.
📲 Participe do canal do g1 AC no WhatsApp
A informação foi confirmada ao g1 pelo pai da menina, Marcos Silva Oliveira, que acompanha a mulher e a filha durante a internação no estado de Minas Gerais. Ela está internada no Hospital João XXIII, em Belo Horizonte, Minas Gerais, considerado pela Sociedade Brasileira de Queimados um dos melhores centros de tratamento de queimaduras do país.
👉 Contexto: Marcos Silva Oliveira registrou um boletim de ocorrência contra o hospital pelos ferimentos que, segundo ele, foram causados em Aurora após o uso de água quente no banho. Na segunda-feira (23) ela foi transferida para Rio Branco e encaminhada ao Hospital João XXIII, em Belo Horizonte, na quarta (25), devido à gravidade do quadro. O Ministério Público do Acre (MP-AC) também investiga o caso.
Conforme Oliveira, a menina passou cerca de 39 minutos sem batimentos cardíacos e voltou a respirar após os procedimentos de reanimação da equipe médica.
“Às 6 horas ela teve uma parada cardíaca, passou 39 minutos sem batimentos, ficou toda roxa. Fizeram tudo que podiam e [a menina] voltou a respirar. Não sabemos como será daqui para frente, porque pode ter ficado com alguma sequela. No último minuto, ela voltou a respirar”, contou.
Ainda segundo o pai, a recém-nascida havia começado a ser retirada da sedação nessa sexta-feira (27) e estava reagindo bem. “Foram feitos os curativos de novo. Aí é só orar agora. Ela vai ser forte”, complementou.
VÍDEO: Família acusa hospital de causar queimaduras em bebê recém-nascida no AC
Investigação
O delegado Vinicius Almeida esteve no Hospital da Mulher e da Criança Irmã Maria Inete, onde a menina nasceu, na quinta (26) para ouvir a equipe médica, testemunhas e demais envolvidos no caso.
Em entrevista à Rede Amazônica Acre, o delegado contou que conversou com a médica que havia dado alta para a criança antes do banho. “A criança estava com alta. Segundo a médica, ela estava em perfeito estado de saúde. Ela só pediu que a criança esperasse para ter o banho tomado e ir limpa para casa, mas estava em perfeito estado de saúde”, comentou ele.
LEIA TAMBÉM:
Recém-nascida internada na UTI após banho em maternidade no Acre: o que se sabe e o que falta esclarecer
Polícia Civil ouve testemunhas e médica sobre caso de recém-nascida internada após banho no Acre
De acordo com o delegado, a médica também não descartou a possibilidade da bebê ter a epidermólise bolhosa.
“Segundo essa pediatra, existiram dois casos aqui na maternidade que ficou constatada essa doença. Uma criança que hoje está com 13 anos e a Aurora poderia ser portadora dessa doença. No entanto, a Polícia Civil está apurando todas as possibilidades, seja dessa doença, seja da temperatura da água”, disse ele.
Polícia Civil fez averiguações na maternidade de Cruzeiro do Sul, no interior do Acre
Adelcimar Carvalho/g1/Arquivo
Vinícius informou que já foram ouvidas testemunhas que estavam no local, no dia do banho dado pela técnica de enfermagem, e as pessoas ouvidas confirmaram que a temperatura da água estava elevada.
“Testemunhas colocaram a mão na água e sentiram a temperatura realmente muito quente. Viram fumaça sair da água. Agora estamos aguardando o laudo, o diagnóstico de Rio Branco que verifica se essa criança é portadora de uma determinada doença ou são realmente queimadura diante do calor”, acrescentou.
Ainda conforme o delegado, o inquérito policial só será finalizado após a finalização de todos os laudos e constatação de todas as informações para a solução completa do caso.
Recém-nascida é transferida para hospital especializado em queimados
Entenda o caso
A pequena Aurora enfrenta uma grande batalha após um banho dado por uma enfermeira no Hospital da Mulher e da Criança Irmã Maria Inete, em Cruzeiro do Sul, no último domingo (22).
É que, após o procedimento, a menina apresentou bolhas e parte da pele das pernas e pés descolou e ela precisou ser transferida em uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI) aérea para tratamento em Rio Branco.
A Sesacre divulgou, na terça (24), que a servidora filmada dando banho na recém-nascida foi afastada do cargo e que foi aberto um procedimento administrativo disciplinar para apuração dos fatos.
O Instituto de Genética do Norte (IGENN), em Rio Branco, coletou o material para biópsia, que deve ser feita em outro estado, para averiguar a suspeita de epidermólise bolhosa, hipótese levantada pela equipe médica ainda em Cruzeiro do Sul.
Na tarde desta quarta (25), ela foi transferida de UTI aérea para o Hospital João XXIII, em Belo Horizonte, Minas Gerais. Na quinta (26), Aurora passou pelos primeiros exames.
Polícia Civil investiga caso de recém-nascida internada na UTI após banho
MP vistoria maternidade
Também na quinta-feira (26), o promotor André Pinho, a 1ª Promotoria Cível de Cruzeiro do Sul, e o Centro de Apoio Operacional da Saúde fizeram uma inspeção na maternidade para averiguar e fiscalizar os procedimentos adotados na condução de casos graves, como o da pequena Aurora.
A gerente regional do hospital, Iglê Montes, acompanhou a visita. “Fiscalizamos todos os lugares do hospital, envolvendo ultrassom, centro cirúrgico, enfermaria e escalas para que o Hospital da Criança e Mulher do Juruá possa ofertar um melhor serviço à população de Cruzeiro do Sul e demais municípios”, ressaltou.
O Conselho Regional de Enfermagem do Acre (Coren) instaurou um processo de averiguação dos fatos para apurar a conduta da profissional que deu banho em Aurora. Uma equipe de fiscais do conselho irá para o interior para fazer diligências no hospital, avaliar o ambiente de trabalho e ouvir a profissional.
“Se caso tenha ocorrido, de fato, um erro da profissional, será encaminhada para processo de julgamento ético, conforme as premissas do regional. Se não for, daremos a ela a legitima defesa da profissional. Não estamos condenando sem tem conhecimento. Em razão da gravidade do caso, já determinou essa investigação e o envio de equipes para as devidas providências”, explicou o presidente do Coren, Adailton Cruz.
VÍDEOS: g1
Instituto de Genética do Norte (IGENN), em