
Carlos Velozo (Agir) assumiu a prefeitura após a prisão do prefeito Eduardo Siqueira Campos (Podemos) por suspeita de participação em esquema de vazamento de informações do STJ. Prefeito em exercício de Palmas afirma que vai manter calendário de obras e reformas
O pastor Carlos Velozo (Agir), prefeito em exercício de Palmas, informou que vai seguir o cronograma de obras e reforma administrativa da gestão. Ele assumiu o cargo após a prisão de Eduardo Siqueira Campos (Podemos) e garantiu que a convocação dos aprovados no concurso da educação será mantida.
“Quero deixar claro à população que vai continuar tudo dentro do cronograma que já é previsto. A população não pode sofrer por nenhum intempério. Nós temos que ter a hombridade de trabalhar e fazer aquilo que de fato o povo precisa e vamos trabalhar incansavelmente para que Palmas continue brilhando como o sol que está sobre nós aqui”, afirmou em entrevista à TV Anhanguera.
Carlos Velozo assumiu temporariamente como prefeito após ato publicado no Diário Oficial do Município de sexta-feira (27). Ele disputou as eleições para um cargo político pela primeira vez em 2024.
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O prefeito Eduardo Siqueira foi preso com mais duas pessoas nesta sexta-feira (27) em nova fase da operação que investiga o vazamento de informações sigilosas do Superior Tribunal de Justiça (STJ). A prisão e afastamento do cargo foram determinadas pelo ministro Cristiano Zanin, do Supremo Tribunal Federal (STF).
A Prefeitura de Palmas informou que Eduardo recebeu a decisão com serenidade e irá colaborar prontamente com os trabalhos. Disse ainda, que a decisão não tem relação com a atual gestão (veja a íntegra da nota no fim da reportagem). Em entrevista à TV Anhanguera, ao passar pelo Instituto Médico Legal (IML), Eduardo se manifestou sobre a prisão: “Com a mesma serenidade de sempre, com a mesma tranquilidade de sempre”, disse.
Convocação de aprovados em concurso está mantida
Em relação ao chamamento dos 1,2 mil aprovados no concurso da educação de Palmas, Velozo afirmou que a prisão de Eduardo não afeta o cronograma de convocação. O ato segue sem publicação oficial no Diário, mas foi anunciado nas redes sociais de Eduardo Siqueira e confirmado em entrevista pela secretária de educação do município.
“Já foi divulgada essa previsão [de convocação] e nós vamos dar continuidade a tudo que estava sendo feito. Até porque o grupo continua coeso, independente da situação que houve nessa prisão do prefeito, nós estamos mantendo o cronograma e trabalhando para que a população não tenha nenhum prejuízo”, comentou Carlos Velozo.
Segundo o prefeito em exercício, desde que o assumiu o cargo foram solicitadas informações a cerca das reformas administrativas propostas por Eduardo Siqueira Campos que estavam em andamento em secretarias. Velozo analisa a viabilidade de manter ou adiar algumas das mudanças previstas.
“Já solicitei toda a equipe essas informações para gente fazer um estudo, haja vista que o prefeito havia feito algumas ponderações e algumas delas eu desconhecia. E eu estou pegando todas essas informações para saber se de fato essas reformas são necessárias nesse momento ou não, se podem ser adiadas. Caso sejam de forma necessária de urgência, nós vamos fazer tudo aquilo que tem que ser feito para o bem da nossa população e da gestão”, disse.
Carlos Velozo (Agir), prefeito em exercício de Palmas, em entrevista à TV Anhanguera
Reprodução/TV Anhanguera
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Quem são os presos na operação
Além do prefeito Eduardo SIqueira Campos (Podemos), também foram presos o advogado Antônio Ianowich Filho e policial civil Marco Augusto Velasco Nascimento Albernaz. Segundo o STF, a medida foi tomada após representação da Polícia Federal e contou com parecer favorável da Procuradoria-Geral da República (PGR).
Os três foram levados para o Quartel do Comando-Geral da Polícia Militar, em Palmas, após terem as prisões mantidas em audiência de custódia. Em entrevista à TV Anhanguera, ao passar pelo Instituto Médico Legal (IML), Eduardo se manifestou sobre a prisão: “Com a mesma serenidade de sempre, com a mesma tranquilidade de sempre”, disse.
O advogado Juvenal Klayber, que faz a defesa do policial preso, informou que pediu a revogação da prisão. Caso seja negada, vai entrar com recursos cabíveis. “Nós iremos comprovar que ele não tem qualquer culpabilidade nesses procedimentos que estão sendo investigados”, disse o advogado.
Em relação ao policial civil Marco Augusto, a Secretaria da Segurança Pública do Tocantins (SSP-TO) informou que o caso está sendo acompanhado pela Corregedoria-Geral, e que serão tomadas todas as providências administrativas cabíveis.
O g1 não conseguiu contato com a defesa do advogado preso até a última atualização desta reportagem. Sobre a prisão dele, a Ordem dos Advogados do Brasil – Seccional Tocantins (OAB-TO) disse que não teve acesso à decisão judicial e está adotando todas as medidas cabíveis para assegurar a plena observância das prerrogativas profissionais, conforme previsto na legislação vigente e no Estatuto da Advocacia.
O que investiga a operação Sisamnes
A operação Sisamnes investiga supostos vazamentos de informações sigilosas e decisões de processos supervisionados pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ). Segundo a PF, foi identificada uma rede clandestina de monitoramento, comércio e repasse de informações sigilosas sobre o andamento de investigações sensíveis supervisionadas STJ.
A Polícia Federal não especificou quais as suspeitas e indícios que levaram às prisões, ou a relação entre os três alvos. Informou apenas que essa nova fase busca aprofundar as investigações sobre a existência de uma organização criminosa responsável pelo vazamento sistemático de informações sigilosas, oriundas de investigações em curso no STJ, com impacto direto sobre operações da Polícia Federal.
A apuração revelou indícios de que informações confidenciais estariam sendo antecipadamente acessadas, articuladas e repassadas a investigados, com o envolvimento de agentes públicos, advogados e operadores externos. O grupo é suspeito de utilizar desses dados sensíveis para proteger aliados, frustrar ações policiais e construir redes de influência.
Quais são os indícios contra Eduardo Siqueira Campos
Prefeito Eduardo Siqueira Campos (Podemos)
Edu Fortes/Secom Palmas
Eduardo Siqueira (Podemos) foi alvo de buscas da 9ª fase da Operação Sisamnes, no dia 30 de maio de 2025. Na época, a PF chegou a pedir o afastamento dele do cargo, mas o pedido tinha sido negado.
O prefeito é investigado por supostamente ter vazado informações sigilosas para o advogado Thiago Marcos Barbosa, sobrinho do governador Wanderlei Barbosa (Republicanos), em 2024. Thiago foi preso em outra fase da operação em março de 2025.
Depois das buscas, em maio, Eduardo Siqueira afirmou que conhece Thiago e eles têm uma relação de “afeto”. O prefeito negou que tenha repassado informações privilegiadas e disse que apenas indicou seu advogado pessoal para defender Thiago.
“O que eu fiz, foi fazer por uma pessoa, que após partida da mãe tenho um afeto muito grande. O [advogado indicado] acessou o processo dele, teve acesso aos autos”, afirmou o prefeito.
O advogado Luiz Francisco, que representa Thiago Barbosa, afirmou que o cliente está sendo acusado de embaraçar investigação contra organização criminosa, mas a defesa está tranquila. “Não vejo crime de embaraçamento por parte do Thiago. O embaraçamento é crime material, tem que ter resultado. Se as operações ocorreram e atingiram objetivo, que prejuízo houve? Nenhum.”
Diálogos apontaram suposto vazamento de informação
Diálogos obtidos pela GloboNews apontaram que o prefeito supostamente teve conhecimento detalhado de um processo em curso no STJ e dizia ter uma fonte no tribunal.
Íntegra da nota da Prefeitura de Palmas
A Prefeitura de Palmas informa que foi dado cumprimento à decisão judicial em relação ao prefeito Eduardo Siqueira Campos.
Cabe informar à população que as investigações não se relacionam com a atual gestão municipal. A decisão visa a averiguação de informações e tudo será esclarecido.
O Prefeito recebeu a decisão com serenidade e irá colaborar prontamente com os trabalhos. Cabe destacar a abordagem respeitosa dos agentes da Polícia Federal.
Neste momento é importante prestar todos os esclarecimentos e manter preservada a população de Palmas e a gestão municipal.
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