
Marco Centurion, de Sorocaba (SP), mantém arquivo com diversos registros do fenômeno. Ao g1, ele explicou como se dá o brilho visto a olho nu e também a relação entre meteoros, meteoroides e asteroides. Dia do Asteroide: astrônomo registra corpos celestes cruzando céu de Sorocaba
Fazer um desejo para uma estrela cadente é uma oportunidade única. Os pontos brilhantes que rasgam o céu e chamam a atenção são “sobras” da poeira cósmica do início do Sistema Solar — que começou a se juntar para formar luas e planetas — e, na verdade, não passam de uma ilusão de ótica.
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Os corpos rochosos, metálicos e de formato irregular que acabaram “ficando de fora” da formação das luas e planetas são os asteroides. E é a partir deles que surgem os meteoroides e, em sequência, os meteoros, também conhecidos popularmente como estrelas cadentes. Entenda mais abaixo.
Por meio de câmeras acionadas todas as noites, Marco Centurion, de Sorocaba (SP), monitora o céu a procura destes pontos brilhantes. Ao longo de anos de observação, ele fez alguns registros que rodaram o país e ficaram marcados na lembrança. Em um deles, um meteoro “explode” duas vezes no céu. Veja abaixo.
Câmeras registram passagem de meteoro no céu de Sorocaba (SP)
Bramon/Divulgação
O físico, astrônomo e membro de uma estação da Rede Brasileira de Monitoramento de Meteoros (Bramon) explica que o fragmento que se desprende dos asteroides recebe o nome de meteoroide. Ao se aproximar da Terra, a compressão de gases e o aumento rápido de temperatura fazem com que ele “brilhe”. E é esse fenômeno luminoso que recebe o nome de meteoro.
“Os pedacinhos de impactos de asteroides que ficam na órbita da Terra são atraídos pela gravidade do nosso planeta. Quando esses pedacinhos entram na atmosfera e geram o brilho que vemos, recebem o nome de meteoros. Se algum desses pequenos corpos sobrevive à queima atmosférica e é encontrado por alguém, então é chamado de meteorito”, explica.
“Popularmente, os meteoros são chamados de estrelas cadentes por conta da luz. Essa queima acontece devido à compressão dos gases na frente do meteoroide enquanto ele cai, o que eleva sua temperatura muito rapidamente e provoca os brilhos visíveis nos vídeos”, completa.
De acordo com Marco, o registro de meteoros se torna possível pela proximidade dos astros com a Terra, o que não acontece com os asteroides. Por estarem mais afastados, são difíceis de serem vistos a olho nu ou até mesmo com a ajuda de telescópios.
Por isso, muitos especialistas utilizam softwares disponibilizados pela Administração Nacional de Aeronáutica e Espaço (Nasa), que, inclusive mantém um registro de todos os asteroides catalogados e que estão vagando pelo espaço no site Eyes On Asteroids.
Câmera de monitoramento do Clube de Astronomia de Sorocaba (SP) captura meteoro cruzando o céu da cidade
Marco Centurion/Clube Centauri/Bramon
☄️ Monitoramento de meteoros
De acordo com Marco, na região de Sorocaba ainda não há estações ou observatórios equipados para o monitoramento de asteroides vagando pelo espaço. No entanto, assim que os fragmentos (meteoroides) se aproximam da atmosfera da Terra, a Bramon inicia o processo de observação.
“A cada noite, dezenas de meteoros são observados pelas estações da Bramon espalhadas pelo Brasil, mas somente alguns são um pouco maiores e causam os brilhos mais intensos que vemos no céu. Assim que são registrados, passam por uma etapa de análise para verificação de qual radiante são provenientes e entram no catálogo nacional, mantido pela rede do Brasil todo”, explica.
O físico ainda explica que a maioria dos meteoros é proveniente de chuvas que ocorrem em épocas específicas do ano, como a ETA Aquáridas ou as Geminídeas.
O especialista ainda explica que os meteoros, em sua maioria, são provenientes de chuvas periódicas chamadas de radiante, ou seja, que ocorrem em épocas específicas do ano, como a Eta Aquáridas, em abril e maio, ou as Geminídeas, em dezembro.
“Cada uma dessas chuvas é resultado de pedaços de impactos que deixaram rastros de poeira na trajetória da Terra ao redor do sol. Então, sempre que a Terra cruza aquela região, funciona como um ‘aspirador gravitacional’, atraindo essa poeira e gerando a entrada dos meteoroides, e consequentemente, dos meteoros”, reforça.
Um dos registros feitos por Marco ocorreu durante a chuva de meteoros Líridas, que se originou dos detritos do cometa Thatcher (C/1861 G1).
Há diversos registros de meteoros cruzando o céu de Sorocaba (SP)
Marco Centurion/Clube Centauri/Bramon
🔭 Como observar fenômenos celestes?
Marco explica que, para observar fenômenos celestes, é preciso estar em um ambiente afastado da cidade, já que a poluição luminosa, causada principalmente pela iluminação pública, pode prejudicar a visibilidade do céu.
“Portanto, com algum equipamento de observação (binóculo, câmera ou telescópio), é recomendável escolher um local escuro, longe da poluição luminosa, em regiões rurais, por exemplo. Alguns aplicativos gratuitos de astronomia também podem ajudar a identificar asteroides e meteoros conhecidos que estejam próximos da Terra e suas órbitas”, pontua.
Além disso, o físico reforça que é importante deixar a visão “se acostumar” com o escuro por, pelo menos, 20 minutos antes de começar a captar imagens. “Isso ajuda a adaptar a visão, dilatando a pupila e facilitando a visualização dos meteoros. Nesse período, deve-se evitar o uso de telas como celulares ou computadores”, explica.
As próximas chuvas de meteoros previstas para o mês de julho são a Alpha Capricornídeos e a Delta Aquáridas do Sul, que terão seus picos nos dias 29 e 30.
*Colaborou sob supervisão de Júlia Martins
Um dos registros realizados por Marco Centurion, membro da BRAMON, em Sorocaba (SP)
Marco Centurion/Clube Centauri/Bramon
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