
Ex-namorado de Júlia, amigo da vítima e testemunha de acusação relataram dívidas, cobranças suspeitas e relação conturbada entre a acusada e o empresário. Caso do brigadeirão; testemunhas prestam depoimento em audiência no RJ
A Justiça do Rio realiza nesta segunda-feira (30) mais uma audiência sobre a morte do empresário Luiz Marcelo Ormond, que morreu envenenado em maio de 2024 após comer um brigadeirão que teria sido preparado pela namorada, Júlia Cathermol.
Nesta audiência, que começou pouco depois das 10h, a Justiça ouve o depoimento de testemunhas e familiares das rés Júlia Cathermol e Suyany Breschak. As duas respondem por homicídio e estão presas desde o ano passado.
Na última audiência, em maio, foram ouvidos porteiros e síndicos do prédio onde o empresário morava, no Engenho Novo, Zona Norte do Rio.
Quem já tinha prestado depoimento nesta segunda (30) até 13h30:
Luciana Graça Vieira Rocha – testemunha de acusação, amiga da vítima; relatou que Luiz Marcelo não tinha problemas financeiros
Jean Cavalcante de Azevedo – ex-namorado de Júlia Cathermol; afirmou que não sabia do relacionamento entre Júlia e Luiz Marcelo
Marcos Antônio de Souza Moura – amigo de infância da vítima; estava comprando um estacionamento de Luiz Marcelo;
Carla Cathermol Faria e Mariano Bastos Leandro – mãe e padrasto de Júlia; Foram chamados para depor, mas usaram o direito de não prestar depoimento por serem parentes da acusada.
A mãe e o padrasto de Júlia, Carla Cathermol Faria e Mariano Bastos Leandro, foram os primeiros chamados, mas usaram o direito de não prestar depoimento por serem parentes da ré.
Entre os depoimentos desta segunda, chamou atenção o do ex-namorado de Júlia, Jean Cavalcante de Azevedo. Ele afirmou que não sabia do envolvimento amoroso dela com Luiz Marcelo e que só teve conhecimento da relação após a morte do empresário, por meio da imprensa.
Outro depoimento importante foi o de Marcos Antônio de Souza Moura, amigo de infância de Luiz Marcelo. Ele relatou que estava comprando um estacionamento do empresário e achou estranho receber uma mensagem de texto pedindo o adiantamento de uma parcela no valor de R$ 3 mil.
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Segundo Marcos, Luiz sempre se comunicava por mensagens de voz, e esse comportamento atípico levantou suspeitas.
Marcos também negou que o amigo tivesse dificuldades financeiras e contou que Luiz chegou a pagar R$ 2 mil de uma dívida de Júlia com um agiota, o que, segundo ele, gerava desconforto no relacionamento.
Mais cedo, quem prestou depoimento foi Luciana Graça Vieira Rocha, amiga da vítima e testemunha de acusação. Ela afirmou que Júlia se mudou para a casa do empresário de forma repentina e pressionava por uma união estável. Também contou que a jovem tinha dívidas com Luiz Marcelo e chegou a ser expulsa por ele ao descobrir a situação — mais tarde, ele teria pago a dívida.
Júlia e Suyany respondem por homicídio duplamente qualificado. De acordo com as investigações, as duas teriam agido para ficar com os bens da vítima. A perícia confirmou que Luiz Marcelo foi envenenado, e a substância foi encontrada junto a achocolatado no estômago dele. A polícia aponta que o brigadeirão com veneno teria sido feito por Júlia.
Luiz Marcelo foi visto com vida pela última vez no dia 17 de maio de 2024. Três dias depois, vizinhos relataram um forte odor vindo do apartamento. O corpo do empresário foi encontrado dentro da residência que dividia com Júlia. Após o crime, ela fugiu e ficou 10 dias foragida até se entregar, em 28 de maio.
Relembre o caso
O caso veio à tona em 20 de maio, quando o corpo de Luiz Marcelo Ormond foi encontrado em avançado estágio de decomposição dentro de casa, em um condomínio no Engenho Novo, na Zona Norte do Rio de Janeiro. A suspeita é que o empresário tenha morrido no 17 de maio, após comer o brigadeirão oferecido por Júlia.
A necrópsia encontrou um líquido achocolatado no estômago de Ormond, e uma perícia mais detalhada apontou a presença de morfina e do ansiolítico Clonazepam no trato gástrico do homem.
A polícia considera que a alta dosagem das drogas matou Ormond em menos de meia hora, a julgar pelas câmeras do elevador do prédio dele. O empresário aparece descendo à piscina às 17h04 com o prato de brigadeirão na mão e, às 17h47, sobe ao apartamento tossindo muito e desatento.
Júlia foi ouvida na 25ª DP (Engenho Novo) no dia 22 de maio, na condição de envolvida. Nesse depoimento, ela disse ter largado o carro de Ormond na Maré a pedido dele (o que a polícia afirma ser mentira) e ido embora do apartamento do Engenho Novo no dia 20, após brigar com o namorado. Em hora alguma ela falou que Ormond tinha passado mal.
Foi durante o depoimento do dia 22, que Julia sorriu várias vezes ao falar de Ormond. Para o delegado Marcos Buss, da 25ª DP, ela demonstrou “extrema frieza”.
Após depor, Júlia foi para a casa do (outro) namorado, Jean Cavalcante de Azevedo, em Campo Grande, na Zona Oeste do Rio. À polícia, Jean disse que hospedou a mulher até o dia 27.
Nesse dia, segundo alegaram os pais de Júlia, ela voltou para casa, também em Campo Grande, onde os recebeu. Preocupados com o estado da filha — que dizia ter feito “uma besteira”, sem no entanto detalhá-la —, Carla e Marino a levaram até Maricá, onde moram.
Suyany foi presa antes de Júlia, enquanto a psicóloga continuou foragida por alguns dias – até que se rendeu depois de uma negociação com a polícia.
Ormond e Júlia descem de elevador com o brigadeirão com morfina
Reprodução/TV Globo