
Paulo Cunha Bueno disse que conversa com a mãe de Cid na Sociedade Hípica Paulista foi protocolar. Em declaração anexada pela defesa do militar, ela disse que os advogados “não perguntaram nada sobre a colaboração” na ocasião. Fabio Wajngarten e advogado de Bolsonaro prestam depoimento no inquérito da trama golpista
Em manifestação encaminhada ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), o advogado de Jair Bolsonaro, Paulo Amador Thomaz Alves da Cunha Bueno, negou qualquer tentativa de obter informações sobre a delação premiada do tenente-coronel Mauro Cid ou de sugerir a troca da equipe de defesa do militar.
Ele foi intimado a depor na Polícia Federal nesta terça-feira (01) após ser mencionado em uma petição da defesa de Cid, que tenta manter os benefícios do acordo de colaboração premiada.
Segundo a defesa de Cid, houve uma tentativa de Paulo Bueno e do advogado Eduardo Kuntz de coagir a mãe do militar, Agnes Barbosa Cid, a convencer o filho a trocar de advogados.
A acusação se baseia em uma declaração assinada por Agnes e anexada ao inquérito pela defesa de Cid. Ela relata encontros com Kuntz e um deles também com Paulo Bueno, na Sociedade Hípica Paulista, onde acompanhava a neta.
Na peça protocolada por Paulo Bueno, ele confirma o encontro, mas sustenta que foi breve, casual e sem qualquer conotação indevida.
Advogado de Jair Bolsonaro falou em entrevista ao Estúdio I, da GloboNews
Reprodução/TV Globo
Ele menciona que ajudou na inscrição da filha da Cid no Torneio Indoor na Sociedade Hípica Paulista, realizado entre 22 e 27 de agosto de 2023. O favor teria sido um pedido de Fábio Wajngarten, que relatou ter sido procurado pelo general Mauro Lourena Cid, pai do tenente-coronel.
Paulo Bueno, conhecido por seu envolvimento com o meio hípico, diz ter sido movido pelo “espírito de bem-fazer” ao conseguir viabilizar a participação da filha de Cid, que acabou vencendo sua categoria na competição.
“Não perguntaram nada sobre a colaboração”
O encontro entre o advogado e a mãe de Cid, Agnes Cid, ocorreu de forma breve e casual durante o evento, segundo Paulo Bueno. Ele diz que foi ela quem se aproximou para agradecer a ajuda com a inscrição da neta e comentou que a vitória da jovem amazona havia sido uma fonte de conforto em meio ao sofrimento da família.
O advogado relata que a conversa foi protocolar, restrita a elogios à performance da jovem, e sem qualquer menção à colaboração premiada de Cid ou à defesa do militar.
Bueno afirma que a própria declaração de Agnes, anexada ao inquérito, corrobora sua versão. Ela diz que: “Naquele momento não perguntaram nada sobre a colaboração, até porque também eu não saberia”.
Ainda segundo Agnes, os advogados “se ofereceram para que eu falasse com Mauro que eles poderiam defendê-lo e que eram amigos. Diziam que estávamos juntos e que tínhamos que trocar de advogado”.
Para Paulo Bueno, essa parte do depoimento é distorcida. Ele afirma que nunca se ofereceu para defender Cid, o que seria, segundo ele, antiético e inviável, já que atua nos mesmos autos como defensor de Bolsonaro.